Conseguir um emprego na Deloitte, uma das maiores empresas de consultoria do mundo, agora pode exigir uma coisa a menos no currículo: o diploma universitário. A companhia criou programas específicos para ampliar o acesso de candidatos sem graduação.
Embora ainda exista preconceito em relação a profissionais sem formação acadêmica — especialmente os que não vieram de universidades renomadas —, outras grandes empresas como Google, Accenture, Walmart e IBM vêm repensando esse critério, flexibilizando ou até abolindo a exigência de diploma na seleção de novos talentos.
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Habilidades (muitas vezes) valem mais que diplomas
E há um motivo claro para isso: em um mundo em constante transformação, o que mais importa é a capacidade de se adaptar, resolver problemas e executar com agilidade. Para se destacar como profissional de áreas como marketing, gerenciamento de projetos ou estratégia, um diploma de quatro anos não é mais obrigatório. Certificações, portfólios e conquistas concretas falam mais alto do que históricos escolares.
Nesse contexto, a mensagem de muitos empregadores hoje é a seguinte: se você tem as habilidades necessárias, pode ser treinado mais rapidamente do que levaria para concluir um curso superior. Isso também amplia as oportunidades de talentos diversos no mercado de trabalho.
Caminhos para quem não tem diploma
A Deloitte oferece oportunidades para pessoas sem diploma universitário por meio de quatro programas voltados a diferentes perfis:
2. Foco em habilidades: Para candidatos que estão iniciando sua trajetória profissional ou que tenham experiência, mas desejam fazer uma transição ou mudança de carreira para uma nova função;
3. Neurodiversidade: Oferece treinamentos e programas de aprendizagem para talentos neurodivergentes, com possibilidade de efetivação;
4. Heróis: Criado para apoiar membros das Forças Armadas dos EUA, cônjuges de militares e veteranos na identificação de carreiras e busca de oportunidades.
Empresas também eliminam requisito de experiência prévia para contratação
A Remote, uma plataforma que permite a contratação de talentos globalmente, não exige educação formal em suas práticas de contratação, com exceção do diploma de direito para atuar como advogado. No ano passado, a empresa anunciou que também iria remover o requisito de “tempo de experiência” das suas vagas.
A justificativa é que o método tradicional de recrutamento e entrevista de potenciais candidatos resulta na eliminação de pessoas extremamente capazes, mas que carecem do requisito específico de possuir um certo número de anos de experiência.
O que substituirá os diplomas?
Se as empresas estão repensando a necessidade de diplomas para contratação, como ficam as formações tradicionais? Embora o aprendizado tradicional ainda tenha seu lugar e seja a base da formação de muitos profissionais, a tendência é de ampliação das oportunidades de aprendizado.
O aprendizado online e remoto facilita o desenvolvimento de novas habilidades ou a atualização das antigas de uma maneira gerenciável e mais prática. Isso é parte do motivo pelo qual o mercado de serviços de e-learning deve crescer 15% ao ano até 2025, atingindo um valor de US$ 50 bilhões. Além disso, podemos esperar que mais empregadores desenvolvam ativamente oportunidades de treinamento no local de trabalho, à medida que entendem os ganhos de eficiência de aprimorar as habilidades dos trabalhadores existentes, em vez de simplesmente substituí-los por novos e mais bem treinados.
Essa mudança nas exigências das empresas provavelmente levará a uma maior adoção de estratégias de “life long learning”, ou “aprendizagem ao longo da vida”, entre indivíduos e provedores de educação. Em vez de dispensar a educação de nossos jovens, desenvolveremos estratégias contínuas para manter nossos conhecimentos e habilidades atualizados.