Agro ganha um índice próprio na B3

20 de maio de 2022
NurPhoto/Getty Images

Com lançamento do Iagro-FFS, o agronegócio agora tem índice próprio na B3

Novidade na B3, a bolsa de valores brasileira lançou nesta semana o Iagro-FFS (Índice Agro Free Float Setorial) um índice que acompanhará o desempenho de ações de empresas do setor do agronegócio. O Iagro traz visibilidade para o setor e para os papéis que estão dentro da carteira. Este é o primeiro indicador do agronegócio, que vem se firmando como um dos pilares da economia brasileira e atraindo a atenção do mercado de capitais. 

O agro é um setor dinâmico e resiliente, desde a década de 70, vem passando por intensa transformação, desenvolvendo técnicas e tecnologia que levaram nosso país de importador de alimentos básicos ao patamar de segundo maior exportador e terceiro maior produtor de alimentos do mundo, firmando-se como a locomotiva da economia brasileira.

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Neste momento, quando o mundo enfrenta alta das commodities, insegurança alimentar, restrição nas exportações de alguns produtos; a robustez do nosso agro – que alimenta 1,5 bilhão de pessoas – é fundamental para a segurança alimentar mundial, atraindo automaticamente a atenção dos investidores do mercado de capitais.

Segundo Luís Kondic, diretor executivo de Produtos Listados e Dados da B3 a Reuters “com o lançamento do Iagro, a B3 responde a uma demanda do mercado sobre um setor que é extremamente representativo para a economia brasileira” O Índice traz maior clareza principalmente para o investidor estrangeiro e institucional, que busca acesso ao setor do agronegócio sem a aquisição de terras.

A B3 como é chamada a Bolsa de Valores do Brasil é hoje a 5ª maior bolsa em valor de mercado do mundo, e tem mais de mais de 20 índices que ajudam a dar um panorama do mercado como um todo ou de um setor específico. Cada um destes indicadores são compostos de uma maneira diferente, sendo o principal índice da B3 é o Ibovespa, formado por todas as maiores empresas brasileiras. 

O lançamento Iagro vem em um momento em que o agro tem alcançado relevância dentro do mercado de capitais pela alta das commodities e pela recente safra de IPOs do setor. A carteira do índice inclui 32 papéis em negociação, sendo que sua composição será revista a cada quatro meses, sempre em janeiro, maio e setembro. O índice engloba subsetores do agronegócio, que possuem pesos diferentes, primário, insumos, agroindústria e agrosserviços. O maior peso é dado aos papéis mais diretamente ligados ao agro, sendo as 5 empresas com maior peso no índice: JBS e Suzano com 7,439% , Ambev e Cosan com 6,220% e Klabin com 6,101%.

Existe demanda para os produtos do agronegócio brasileiro, com a valorização das commodities e a expectativa de aumento de produtividade, vislumbra-se um cenário positivo, que continuará garantindo interessantes rendimentos para os investidores, criando-se assim um círculo virtuoso onde um setor alavanca o outro numa relação ganha-ganha.

Do ponto de vista regulatório importantes mudanças vêm ocorrendo, como por exemplo a aprovação do Fiagro (Fundo de Investimento em Cadeias Agroindustriais), que é uma outra maneira do setor financiar seus projetos.

A distância entre o agro e o mercado de capitais só é grande geograficamente, investidores tem se aproximado, no intuito de acompanhar e entender como funciona o agronegócio. Como resultado do aperfeiçoamento da legislação e dos instrumentos de investimento, a tendência é de uma maior abertura para a entrada de novos investidores.

Para aproveitar os rendimentos que o setor tem proporcionado os principais produtos são os CRAs (Certificados de Recebíveis Agrícolas), os Fiagro (Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais) e as ações de empresas listadas na B3.

A balança comercial do agronegócio brasileiro fechou o ano de 2021 com saldo positivo de US $105,1 bilhões, 19,8% acima do verificado em 2020, impulsionada pela alta dos preços internacionais das commodities, de acordo com o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Dados do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) revelam que a participação do setor representa 26,6% do PIB nacional, tornando-se um amortecedor em situações desafiadoras como a crise econômica desencadeada pela pandemia. 

O agro colabora para movimentar a economia, garantindo a receita das exportações brasileiras, gerando emprego e renda enquanto produz energia e alimento para nossa população.

Está em curso uma verdadeira revolução porteira adentro, investimento em tecnologia, logística, gestão financeira e de pessoas, tem acelerado a obtenção do profissionalismo e eficiência almejados pelo mercado financeiro. 

A sintonia e conexão entre o mercado de capitais e o agro se fortalece a cada nova ferramenta disponível, criando oportunidades aos investidores e produtores rurais.

Helen Jacintho é engenheira de alimentos por formação e trabalha há mais de 15 anos na Fazenda Continental, na Fazenda Regalito e no setor de seleção genética na Brahmânia Continental. Fez Business for Entrepreneurs na Universidade do Colorado e é juíza de morfologia pela ABCZ. Também estudou marketing e carreira no agronegócio.

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