Com a promessa do lançamento do DREX, a moeda digital do Banco Central do Brasil, para o final de 2024 e início de 2025, o Brasil entra oficialmente na era dos dinheiros virtuais emitidos por bancos centrais, conhecidos como CBDCs (Central Bank Digital Currencies).
O ativo, também chamado de real digital, já está em fase de testes e promete impulsionar uma transformação significativa nas finanças em todo o Brasil. Mas, afinal, o que isso significa para o dia a dia dos brasileiros?
O DREX e seus impactos
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Em linhas gerais, tudo o que pode ser passível de troca ou compra poderá ser transacionado via DREX. Para Vinicius Moura, economista, planejador financeiro e sócio da Matriz Capital, essa moeda digital pode aumentar a conveniência para os usuários e permitir transações em locais onde o acesso ao sistema bancário é limitado.
É que uma das principais vantagens do DREX é que ele exclui o banco da transação. Sem intermediários, a transferência é feita de usuário para usuário.
Qual é a diferença para o Pix e para o dinheiro eletrônico?
Uma das vantagens da utilização desse novo formato é a redução dos custos das transações bancárias ao eliminar intermediários, que elevam o valor das operações financeiras. Atualmente, de acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) , algumas instituições já cobram taxa de 0,99% a 1,45% do valor do Pix . “Na prática, o uso do DREX permite transferências diretas entre partes com garantias do Banco Central, o que pode diminuir as tarifas associadas a movimentações bancárias, beneficiando tanto empresas quanto consumidores no longo prazo”, explica o planejador.
Além disso, com o DREX, as ações serão realizadas em tempo real. Atualmente, algumas operações ainda envolvem espera, mas com a nova moeda virtual isso será eliminado, tanto para recebimentos quanto para envios. A mudança exigirá que os bancos sejam ainda mais ágeis para atender às expectativas cada vez mais altas dos clientes.
Uma das principais metas do Banco Central com o DREX é facilitar a inclusão financeira, principalmente da população de baixa renda. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), 5,9 milhões de pessoas não tiveram acesso à internet em 2023. Ou seja, parte da população ainda não possui nem o acesso a dispositivos como smartphones e computadores, essenciais para utilizar o sistema. “É fundamental que as autoridades e as instituições financeiras trabalhem juntas para oferecerem soluções”, afirma o coordenador da FGV.
“Como uma moeda digital com o respaldo do Banco Central, ele tem o potencial de atrair indivíduos que hoje encontram dificuldades para acessar o sistema bancário, simplificando o processo de pagamento de forma segura e prática”, afirma o planejador. Também, a digitalização trazida pelo real digital permite que produtos financeiros sejam oferecidos de maneira mais ampla, gerando um ecossistema mais dinâmico para as operações.
Outra utilidade que o DREX pode ter é tornar o investimento em Tesouro Direto mais acessível. Com a moeda digital, será possível adquirir títulos públicos de forma mais simples, sem a necessidade de intermediários como bancos ou corretoras. Dessa forma, a liquidez das operações com Tesouro Direto pode aumentar, além da possibilidade de realizar transações instantâneas e 24 horas por dia, 7 dias por semana. O DREX também permitirá o fracionamento de títulos públicos, tornando possível investir em menores quantias.
DREX e o planejamento financeiro
O planejador financeiro e especialista em mercado de capitais, Idean Alves acredita que o DREX pode ajudar no controle financeiro das famílias. “A nova moeda digital vai ajudar a consolidar informações financeiras e de créditos. Com isso, as famílias serão obrigadas a olhar com mais atenção para o planejamento das finanças”, diz.
No entanto, apesar dos benefícios e das facilidades, o planejador ressalta que por mais que o sistema seja mais seguro, nada é 100% à prova de golpe. “É preciso ter atenção nas transações, para que a facilidade não se transforme em fragilidade na segurança de dados e transações”, afirma Alves.
A questão da privacidade e do controle governamental sobre as transações financeiras levantam algumas preocupações. Tanto os especialistas quanto o coordenador da FGV destacam a possibilidade do governo utilizar o DREX para monitorar de forma mais detalhada a economia das famílias e empresas.
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A chegada do DREX promete ser tão natural quanto a do Pix. A interface do real digital será intuitiva e semelhante aos aplicativos que já utilizamos, tornando o aprendizado fácil. Por isso, não há necessidade de grandes preparativos por parte da população.