Marina Ganzarolli, presidente do Me Too Brasil, está levando a operação e a expertise da sua rede de acolhimento para a Web3
Uma DAO é uma organização autônoma descentralizada – uma comunidade que une pessoas com interesses em comum executada em tecnologia blockchain na Web3. “A gente quer participar da construção desses ambientes digitais desde o início para garantir que as mulheres estejam seguras e em espaços de liderança também nesse ecossistema”, diz Marina Ganzarolli, presidente do Me Too Brasil.
A ONG foi fundada em 2020 por Marina, advogada formada pela USP (Universidade de São Paulo) e fundadora da Rede Feminista de Juristas, que acolhe mulheres de forma voluntária e oferece acompanhamento jurídico a mulheres que decidem denunciar seus agressores. O objetivo era criar a primeira organização no Brasil cuja missão fosse unicamente o enfrentamento da violência sexual contra mulheres.
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O que é o Me Too Brasil
Em parceria com o Justiceiras, outra organização que oferece acompanhamento multidisciplinar para vítimas de violência, o Me Too Brasil atendeu 51 mulheres em seu primeiro ano. Metade desses atendimentos foram feitos por uma equipe de advogadas, psicólogas e assistentes sociais. A outra foi feita pelo canal de desabafo no site da organização, em que a vítima compartilha sua história, que é publicada de forma anônima. Em parceria com a Uber, a ONG também tem um plantão de acolhimento psicológico que funciona 24 horas por dia todos os dias para vítimas de assédio e violência no aplicativo.
Agora, o Me Too Brasil quer levar a experiência com esses atendimentos para outro patamar. “A gente está basicamente virando global, levando a operação do Brasil e a expertise da nossa rede de acolhimento para o ecossistema da Web3.”
Com o rápido crescimento da Web3, ela considera importante ocupar esse espaço. “A gente precisa pensar na prevenção e na resposta de incidentes de conduta sexual inadequada antes que eles aconteçam. E, na verdade, eles já estão acontecendo, já temos denúncias de violações que acontecem a partir da utilização de avatares.”
O objetivo é encontrar soluções usando os recursos da Web3 para o combate à violência sexual contra a mulher, como a utilização da tecnologia blockchain para a preservação de evidências de violência.
Web3 inclusiva
A organização está criando um canal de denúncias nesse novo ambiente, além de iniciativas com foco em educação. “Queremos começar com o pé direito nesse espaço, que seja inclusivo e criado pensando nas mulheres.”
Para atrair as pessoas para esse ambiente ainda pouco difundido, o Me Too Brasil vai fazer workshops de capacitação em eventos presenciais e conteúdos digitais educativos. “Existe hoje um investimento muito grande para trazer mais diversidade para o ecossistema Web3, mas não adianta nada a gente trazer mulheres, mulheres negras para esse mundo sem garantir a permanência e a ascensão dessas mulheres dentro desses ecossistemas.”