Os empreendedores se conheceram em 2015, quando faziam uma iniciação científica na USP de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, para pesquisa de novas tecnologias moleculares para tratamento do Mal de Alzheimer. Durante os estudos, ambos se fascinaram pelo sistema endocanbinoide e começaram a se aprofundar no assunto. “A gente não aprende sobre isso na faculdade. Tem o sistema endócrino, cardiovascular, mas nunca se fala do endocanabinoide”, afirma Cardoso.
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UMA ABERTURA NACIONAL
O lançamento da Dra. Sativa em 2021 não foi por acaso. A chegada ao mercado da clínica de atendimento com base em canabinoides ocorre após anos de discussões na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) sobre a regulação do uso medicinal da cannabis.
Duas RDCs (Resoluções da Diretoria Colegiada) da entidade sanitária, uma de 2019 e outra de 2020, aprovaram, respectivamente, a importação de insumos por empresas dispostas a fabricar esses remédios em solo nacional e a dos fármacos com base em cannabis por pessoas físicas, para uso próprio.
No Brasil, a Anvisa permite apenas medicamentos que utilizem o CBD (Canabidiol) e o THC (Tetraidrocanabinol), duas substâncias que podem ser extraídas da cannabis sativa para usos medicinais. Os valores para os remédios com esses compostos, no entanto, continuam altos. Segundo Cardoso, tanto em fornecedores nacionais quanto internacionais o valor final dos produtos varia entre R$ 300 e R$ 2.000.
O PREÇO DA ACESSIBILIDADE
O biomédico e empreendedor acredita que a Dra. Sativa não traz benefícios à vida do paciente apenas pelo preço mais em conta, mas também pelo acompanhamento do tratamento. Por conta disso, a clínica oferece três tipos de consultas: uma inicial para entendimento do caso; uma que inclui um diagnóstico feito pela equipe médica multidisciplinar; e um acompanhamento mensal do caso. Para cada categoria de atendimento, há um preço diferente.
Cardoso vê com bons olhos esse tipo de abordagem mais próxima do paciente. “Geralmente, os médicos prescrevem os medicamentos, mas não acompanham a jornada do paciente. Como é algo muito novo, ainda não existe um protocolo 100% definido para sua utilização”, diz. “Por isso, é necessário um acompanhamento mensal, capaz de identificar a dosagem correta e orientar o paciente sobre as melhores condições de armazenamento e possíveis efeitos colaterais.”
Embora esteja fisicamente apenas em Salvador, a Dra. Sativa tem perspectiva de atender pessoas de todo o Brasil. Por meio da telemedicina e sistemas de prontuários digitais, os pacientes terão acesso a uma rede de médicos – de áreas distintas, como neurologia, nutrologia e pediatria – para, juntos, chegarem a diagnósticos mais assertivos. Com isso, é possível direcionar o paciente para os melhores óleos com CBD e THC para cada caso específico.
MERCADO AINDA ENGATINHA
Segundo ele, a cannabis tem usos comerciais mais latentes nos Estados Unidos, Canadá e em algumas regiões da União Europeia. “Depois que a ONU [Organização das Nações Unidas] tirou a cannabis da lista de drogas perigosas, houve uma expansão no uso da planta para além dos fármacos”, diz, contando que há uma indústria de suplementos alimentares e cosméticos que emergiu a partir daí.
No Brasil, porém, a cannabis ainda engatinha. “Em outros países, ela se tornou uma commodity”, diz Grecco. “Aqui, ainda não é, mas tem tudo para ser nos próximos anos, a depender das regulamentações.” A avaliação do empreendedor é de que o processo para educar a população e introduzir os canabinoides na economia será lento, já que a planta foi proibida por mais de 100 anos em diversos países.
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