Antes do problema logístico se acentuar, a expectativa da Cooxupé era embarcar 7,2 milhões de sacas de 60 kg, das quais 6,5 milhões de sacas seriam de exportação, estimativas que caíram agora para embarque de 5,8 milhões de sacas, sendo 4,8 milhões de sacas ao mercado externo.
Com isso, os embarques totais (mercado externo e interno) ficarão 19,4% abaixo do previsto inicialmente e também recuarão nacomparação com os 5,9 milhões de sacas de 2020, quando o Brasil colheu sua maior safra da historia.
Melo lembrou que a cooperativa costuma exportar maiores volumes em anos de baixa produtividade, como em 2021, para aproveitar os preços melhores. Mas o movimento foi frustrado pelos gargalos logísticos.
A pandemia é um dos fatores por trás da crise dos contêineres, cujos fluxos entre importações e exportações se alteraram à medida que lockdowns afetaram as atividades.
Buscando contornar o problema, o presidente da Cooxupé disse que a cooperativa participará do primeiro embarque de caféem “big bags” de cerca de mil quilos neste ano, previsto para o próximo sábado.
“No passado se fazia exportação em sacas de estopa, hoje, mesmo que ensacado, vai em contêiner“, disse ele
Ele explicou que, normalmente, o contêiner recebe o café em sacas, a granel ou “big bags”.
Questionado sobre novos embarques diretamente no navio usando os grandes sacos, Melo disse que está “aparecendo outra oportunidade“, com outras empresas interessadas.
No ano passado, a Cooxupé teve o maior recebimento de café da história, totalizando 8,1 milhões de sacas, das quais 6,6 milhões entregues somente pelos cooperados. Mas, com a quebra de safra, o volume deve ficar cerca de 2 milhões de sacas abaixo em 2021.
“Esperávamos uma quebra, o que daria em torno de 6 milhões sacas de recebimentos (em 2021), de cooperados e terceiros”, afirmou ele, acrescentando que os cooperados deverão entregar volume de cerca de 4,5 milhões de sacas.
A Reuters publicou anteriormente que a cooperativa estava entre os compradores que tiveram problemas com cafeicultores quedeixaram de entregar o produto previamente vendido, após uma disparada das cotações.
Segundo Melo, é importante que o problema logístico seja resolvido em breve, uma vez que a cooperativa precisa abrir espaço nos armazéns, para a safra de 2022, quando ele acredita que a produção será maior do que em 2021.
“2022 não será uma safra recorde, podemos ser taxativos… Mas deve ser maior que 2021, mas não muito”, disse ele, lembrando dos impactos da seca e das geadas.
Ele afirmou que não é possível estimar a próxima safra ainda, o que poderia ficar mais claro em janeiro e fevereiro, mascomentou que o pegamento dos chumbinhos não foi o ideal.
A colheita de café arábica em geral começa entre maio e junho.
Para o próximo ano, ele disse que os produtores de café também serão impactados pela alta de custos, além de uma oferta apertada de adubos e defensivos, que tem preocupado o setor agrícola de forma geral.
Ele afirmou também que, se antes o produtor travava o preço do café a 800 reais a saca, agora pode travar a 1.400 reais, mas os custos, como fertilizantes, subiram muito, mais que dobrando em relação aos 2.800 reais por tonelada da safra anterior.