Ilhas paradisíacas, guerras, expedições marítimas, piratas e escravidão – todos esses elementos se combinam quando o assunto é a história do rum. Sua origem não é totalmente certa, mas o Caribe – especialmente Barbados – certamente está associado à sua produção, desenvolvida desde o século 15 até os dias atuais.
A bebida se tornou popular no século 17, relacionada ao ciclo do açúcar e ao esquema que ficou conhecido como “Comércio Triangular”. Basicamente, o melaço caribenho era vendido para as colônias britânicas na América do Norte, onde era usado para fazer rum. O destilado, então, era utilizado como pagamento por escravos africanos que, por fim, eram revendidos para as Américas Central e do Sul – em especial, o Brasil. Os ingleses trocaram cerca de 5,2 milhões de litros da bebida por aproximadamente 60 mil africanos. Cada escravo valia 86 litros de rum.
Mas não só como moeda de troca servia o rum: durante séculos, a bebida foi usada como “combustível” de militares, piratas e escravos. Antes dos combates, por exemplo, soldados norte-americanos e ingleses se embebedavam com um litro do destilado por dia – um hábito que só foi extinto nos anos 1970.
Sobre sua relação com o Brasil, pode-se dizer que o rum é um primo distante da cachaça, já que ambos têm como base a cana-de-açúcar. Mas, enquanto o ingrediente principal do destilado brasileiro é o caldo fresco da planta (a famosa garapa), o rum pode ser produzido a partir de qualquer derivado (como o melaço ou o mel de cana).
Essa versatilidade abre um leque enorme para a criatividade, com diversos processos de destilação e envelhecimento possíveis, explica Tai Barbin, bartender e sócio-fundador do Liz Cocktails, no Rio de Janeiro. “Com o rum, você tem um espaço de criação maior, com leis mais flexíveis do que o conhaque e a cachaça, que exigem método de produção e ingredientes específicos, resultando em produtos similares”, diz. “Com isso, o rum acaba tendo uma diversidade de rótulos e paladares muito legal.”
Com teor alcóolico que, normalmente, varia entre 35% e 45%, o rum é base de alguns coquetéis famosos, como cuba libre, mojito e daiquiri. Há dois tipos principais: o branco, com um processo de envelhecimento mais curto (de até um ano), e o escuro, envelhecido por mais tempo em barris de carvalho – de onde vem a sua cor amarronzada. De forma geral, os runs brancos são mais refrescantes e leves, enquanto os escuros são mais encorpados e com sabores mais complexos.
Cada vez mais popular nos bares brasileiros, a bebida tem sua existência comemorada internacionalmente hoje, 16 de agosto. Em homenagem a essa data, a Forbes conversou com três especialistas para descobrir os melhores rótulos de rum do mercado. Além de Tai Barbin, fizeram parte da consulta Marcelo Sant’Iago, publisher do Difford’s Guide, e Lula Mascella, bartender do pizza-bar Picco, em São Paulo.
Confira, na galeria de imagens abaixo, os 10 melhores runs do mercado segundo especialistas:
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Divulgação 1. Zacapa XO
Recém-chegada no Brasil, esta marca de rum da Guatemala envelhece seus destilados a mais de 2.300 metros acima do nível do mar, onde a pressão atmosférica ajuda no desenvolvimento gradual de aromas e camadas de sabor mais complexas. A edição XO é uma das mais especiais: para Tai Barbin, é a melhor que existe no mundo do rum. Ela passa por um longo processo de envelhecimento, de 6 a 25 anos – primeiro fica em barricas antes usadas para armazenar bourbon e xerez, depois é finalizada em barris de carvalho francês, que antes eram usados para conhaque. O resultado, segundo Lula Mascella, é delicado e com um sabor quase “amanteigado”, com um pouco de especiarias. Apresenta também citricidade de casca de laranja e toques de caramelo no aroma, além de um dulçor típico de baunilha, frutas secas e chocolate.
O gosto é tão bom que Marcelo Sant’Iago recomenda experimentá-lo puro. Com 40% de teor alcoólico, uma garrafa de 750 ml é vendida no Brasil por um preço médio de R$ 850.
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Divulgação 2. Havana Club Unión
Potente e complexo, o Havana Club Unión foi criado a partir da parceria entre duas das marcas mais icônicas de Cuba: a Havana Club, de destilados, e a Cohiba, de charutos. No nariz, a bebida traz aroma de tabaco levemente defumado, com presença de café e nozes. Já na boca dá a percepção predominante de baunilha, frutas secas, nozes e chocolate, explica Mascella. Pela parceria com a Cohiba, este rum foi desenvolvido para harmonizar com os charutos da marca, especialmente o Siglo VI. Sant’Iago também indica saboreá-lo puro. Com 40% de teor alcoólico, uma garrafa de 700 ml pode ser encontrada no mercado brasileiro entre R$ 1.600 e R$ 2.150.
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Divulgação 3. Angostura 1919
A marca do país caribenho de Trinidad e Tobago, com uma história que data de 1824, tem hoje uma das linhas de rum mais premiadas do mundo. A história por trás do ano “1919” que aparece no rótulo diz respeito a um incêndio ocorrido na destilaria que destruiu grande parte dos barris utilizados no envelhecimento de rum – com exceção dos datados de 1919 que, embora carbonizados, foram então engarrafados e se tornaram icônicos.
A bebida é elaborada a partir da fermentação do melaço por 72 horas e mistura runs envelhecidos entre cinco e 14 anos. Segundo Mascella, o Angostura 1919 tem aroma predominante de baunilha e madeira e sabores predominantes de caramelo, nozes e chocolate amargo. Com 40% de teor alcoólico, uma garrafa de 750 ml é vendida por cerca de R$ 360.
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Divulgação 4. Havana 3
Rum branco premium, este rótulo é perfeito para quem quer fazer coquetéis à base do destilado (como mojito, piña colada ou daiquiris)l. “Para mim, o Havana 3 é o melhor rum de entrada no mercado. Simples, porém mais complexo que outros runs nesta categoria”, afirma o bartender do bar Picco. Envelhecido por três anos em barris de carvalho branco, ele apresenta citricidade, perfil levemente amadeirado, uma presença leve de baunilha e uma delicada nota spice. Com 40% de teor alcoólico, uma garrafa de 750 ml varia entre R$ 60 e R$ 90 no mercado brasileiro.
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Divulgação 5. Plantation 3 Stars
Este rótulo, que se define como uma homenagem ao histórico rum caribenho, tem um blend derivado dos três principais terroirs da região: Barbados, Trinidad e Tobago e Jamaica – misturando melaço fermentado por 72 horas. Mascella o indica para drinques clássicos, a exemplo do daiquiri e do mojito. De acordo com ele, o Plantation 3 Stars apresenta frescor, uma textura viscosa e um sabor frutado, com a doçura do coco, da baunilha e de especiarias como cardamomo. Ainda não disponível no Brasil, uma garrafa de 700 ml e 41,2% de álcool pode ser encontrada no exterior por uma média de £ 25 (aproximadamente R$ 180).
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Divulgação 6. Brugal Añejo Superior
Indicado por Sant’Iago para saborear puro, este rótulo lançado em 1952 é uma mistura de runs envelhecidos de dois a cinco anos em antigos barris de carvalho de bourbon. Com tom escuro, que vai do mogno avermelhado ao âmbar, o Brugal Añejo Superior mistura aromas amadeirados e notas sutis de chocolate com um sabor amanteigado de caramelo e café. Com 38% de teor alcoólico, uma garrafa de 750 ml pode ser adquirida nacionalmente por valores entre R$ 120 e R$ 200.
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Divulgação 7. Pacto Navio Sauternes Cask Finish
De origem cubana, a marca diz ser o encontro do universo do rum com o mundo dos vinhos. Neste rótulo, a mistura se deve ao envelhecimento por três meses em barris que antes eram usados para a produção do vinho branco francês Sauternes – o que confere ao destilado um perfil delicado, com aromas florais (junto a notas de baunilha e caramelo). Essa doçura também é perceptível no paladar a partir da presença de caramelo e baunilha misturados a canela e outras especiarias. O resultado é um rum de sabor complexo e de cor mogno e âmbar. Com 40% de álcool, a garrafa de 700 ml pode ser encontrada no exterior por cerca de € 42 (aproximadamente R$ 260) – ela ainda não está disponível no mercado nacional.
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Divulgação 8. Bacardi 8
Produzido em Porto Rico, o rum Bacardi 8 ganha esse nome por ser envelhecido durante oito anos em pequenos cascos de carvalho selecionados. Seu amadurecimento leva à leveza e a um forte aroma de damasco, baunilha e noz moscada. Sua edição é uma das mais complexas da família Bacardi, que produz bebidas destiladas desde 1862. Fácil de encontrar no mercado brasileiro, uma garrafa de 700 ml, com teor alcoólico de 40%, pode ser adquirida por cerca de R$ 239.
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Divulgação 9. L’arbe deu voyageur reserva speciale 2001
Elaborado nas ilhas de Martinica e Guadalupe, no Caribe, o L’arbe deu voyageur reserva speciale 2001 mostra toques florais aliados a aromas de gengibre, baunilha e especiarias, com um final de notas amadeiradas e cítricas. “No nariz, ele traz um aroma floral e frutado, neste caso muito próprio do coco. Na boca, apresenta dulçor de mel, baunilha e chocolate e um pouco do spice típico do gengibre”, explica Mascella. É uma bebida versátil, que pode ser degustada puramente, como aperitivo, ou acompanhando sobremesas à base de chocolate e nozes. Com teor alcoólico de 45,5%, uma garrafa de 700 ml custa R$ 1.848,94.
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Divulgação 10. Mount Gay Black Barrel
“Rum intenso e bem interessante”, resume Mascella. Desenvolvido por uma das marcas mais antigas do mundo em produção de rum, esse exemplar é envelhecido em barris de bourbon carbonizados e produzido em quantidades controladas. “Ele é especial pela complexidade de aroma e sabor. No nariz, traz um amadeirado e amanteigado surpreendente. Na boca, tem um sabor equilibrado entre toffee, frutado e um spice típico do gengibre, dando um corpo intenso”, explica o bartender. Com uma composição com 43% de teor alcoólico, uma garrafa de 700 ml varia bastante de valor nos e-commerces brasileiros, indo de R$ 227 a R$ 469.
1. Zacapa XO
Recém-chegada no Brasil, esta marca de rum da Guatemala envelhece seus destilados a mais de 2.300 metros acima do nível do mar, onde a pressão atmosférica ajuda no desenvolvimento gradual de aromas e camadas de sabor mais complexas. A edição XO é uma das mais especiais: para Tai Barbin, é a melhor que existe no mundo do rum. Ela passa por um longo processo de envelhecimento, de 6 a 25 anos – primeiro fica em barricas antes usadas para armazenar bourbon e xerez, depois é finalizada em barris de carvalho francês, que antes eram usados para conhaque. O resultado, segundo Lula Mascella, é delicado e com um sabor quase “amanteigado”, com um pouco de especiarias. Apresenta também citricidade de casca de laranja e toques de caramelo no aroma, além de um dulçor típico de baunilha, frutas secas e chocolate.
O gosto é tão bom que Marcelo Sant’Iago recomenda experimentá-lo puro. Com 40% de teor alcoólico, uma garrafa de 750 ml é vendida no Brasil por um preço médio de R$ 850.
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