Assim como o nosso corpo, a mente envelhece. Conforme avançamos na idade, ela pode se tornar menos flexível e adaptável. O processo varia de pessoa para pessoa, uma vez que é influenciado por diversos fatores — da carga genética, passando pelo histórico clínico à manutenção de rotinas e hábitos saudáveis. O envelhecimento cognitivo pode levar à diminuição da velocidade de processamento de informações, afetar a eficiência da memória de curto prazo e o aprendizado de novas habilidades corre o risco de se tornar mais lento.
A boa notícia é que a neuroplasticidade, a capacidade de adaptação do cérebro, permanece ativa ao longo de toda a vida e pode e deve ser estimulada continuamente. Os exercícios físicos que fazem bem ao corpo também mantêm o cérebro em forma, assim como uma vida social ativa. Outra providência que ajuda, e muito, é o hábito de adquirir novos conhecimentos. A provocação cognitiva que representam proporciona inúmeros benefícios.
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O mundo contemporâneo, que tem como característica marcante a rapidez das inovações e o avanço tecnológico, representa também um desafio e tanto para a nossa mente, independentemente da idade. Em uma imagem, é preciso suar os neurônios para se manter a par e passo com o tempo presente. E, se por um lado essa conexão é desafiadora, por outro nunca vivemos um período tão fértil de estímulos para afiar a nossa mente
Ferramentas que se tornaram corriqueiras e indispensáveis ao cotidiano, como o acesso à Internet, dispositivos digitais como smartphones e aplicativos, ampliaram a capacidade humana de raciocinar, memorizar e processar informações. Tecnologias como a inteligência artificial (IA) e realidade aumentada induzem novas formas de pensar, estimulando a criatividade e o pensamento crítico.
Para não se perder diante dessa avalanche de dados e estímulos e utilizá-los de forma a turbinar e exercitar o pensamento, é essencial adotar uma abordagem proativa e flexível. A chave está em combinar aprendizado contínuo, adaptação às mudanças e capacidade de explorar novos cenários.
Algumas posturas são imprescindíveis diante de uma realidade em constante mudança. É preciso estar disposto a revisar abordagens, processos e ideias, ajustando-os às novas dinâmicas trazidas pelas nova tecnologias. Pensando no trabalho, por exemplo, os profissionais mais bem-sucedidos, os mais estabelecidos, são aqueles que, em geral, têm maior dificuldade em tentar o novo, em pensar fora da caixinha. Mas sair da zona de conforto pode ser um exercício recompensador.
Por que não, por exemplo, aplicar as próprias habilidades em novas áreas? As inovações surgem com frequência da intersecção de campos diferente do saber. Explorar sinergias entre conhecimentos diversos abre novas oportunidades. Da mesma forma, pode-se testar novos conceitos lançando mão de estratégias diferenciadas, como piloto de ideias.
O aumento das exigências cognitivas por conta do avanço tecnológico é um processo que tende a se aprofundar e dever ser visto como uma oportunidade para manter a mente afiada, produtiva e saudável em todas as fases da vida. Os mais velhos têm a vantagem de temperar essa exigência com a sabedoria e a experiência que somente os anos trazem e que proporcionam uma vivência mais fluída e abrangente dos diferentes contextos sociais, profissionais e emocionais.
Claudio Lottenberg é mestre e doutor em oftalmologia pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp). É presidente do conselho do Hospital Albert Einstein e do Instituto Coalizão Saúde.
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