Quem São Os Kushners, Donos De Um Império Imobiliário Maior Que O De Trump

27/10/2024
Robert Byron Jones_ForbesEUA

Ex-banqueiro, Laurent Morali, CEO, e a caçula Kushner, Nicole, presidente da Kushner Companies

Em 2018, a família Kushner estava em um momento decisivo. Um ano após Jared Kushner assumir o cargo de conselheiro sênior na Casa Branca de seu sogro, Donald Trump, o negócio imobiliário da família, a Kushner Companies, enfrentava batalhas em várias frentes.

Rumores circulavam sobre possíveis investigações em relação à influência de investidores da China e do Catar, que a empresa negou veementemente. No seu estado natal, Nova Jersey, seu destacado projeto de apartamentos de luxo em Journal Square foi paralisado, levando a empresa a entrar com um processo contra Jersey City e seu prefeito, alegando que eles estavam colocando o projeto em inadimplência devido a uma ‘animosidade política’. A imediata, e maior ameaça, estava em Manhattan, onde enfrentava uma avalanche iminente de dívida — US$ 1,2 bilhão (R$ 6,85 bilhões na cotação atual)— com vencimento em fevereiro de 2019 sobre seu principal ativo: uma participação de 50,5% no 666 Fifth Avenue, uma torre de escritórios de 41 andares em Midtown.

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Seis anos depois, os Kushners deram a volta por cima. Uma das duas torres de 64 andares no complexo de Jersey City foi concluída neste verão. Uma torre de apartamentos de 30 andares e 420 unidades no coração de Miami, seu segundo empreendimento na Flórida, foi finalizada no início de outubro. Poucos dias depois, a OpenAI alugou mais da metade do espaço de escritórios no histórico Puck Building, em Lower Manhattan (a criadora do ChatGPT pagará US$ 140/R$ 800 por metro quadrado, um aumento maciço em relação aos US$ 31/R$176 pagos pelo inquilino anterior, a Universidade de Nova York, segundo uma fonte familiarizada com o contrato de aluguel). Enquanto isso, a empresa vendeu um contrato de arrendamento de 99 anos no 666 Fifth Avenue — agora chamado 660 Fifth Avenue — ainda em 2018, resolvendo seus problemas de dívida. Quanto às possíveis investigações, nenhuma foi adiante.

Tudo isso ajudou os Kushners a revitalizar sua empresa imobiliária de Nova Jersey. A Forbes investigou dezenas de documentos de dívida, escrituras de propriedades e divulgações financeiras e conversou com 15 especialistas e corretores imobiliários para avaliar a fortuna da família pela primeira vez desde 2016. A Forbes agora estima que a Kushner Companies valha US$ 2,9 bilhões (R$ 16,55 bilhões), quase o triplo dos US$ 1 bilhão que valia na época em que Trump foi eleito. Também é mais valiosa que o portfólio imobiliário de Trump, avaliado em US$ 2,2 bilhões (R$ 12,56 bilhões).

Como um todo, os Kushners têm uma fortuna estimada de US$ 7,1 bilhões (R$ 40,52 bilhões) — ante os US$ 1,8 bilhão de 2016 — um valor que inclui a Kushner Companies, participações em oito propriedades avaliadas em pelo menos US$ 100 milhões (R$ 570 milhões) e as firmas de investimento de Jared e Josh.

Patriarca da família Kushner e suas decisões

O patriarca da família, Charles, e sua esposa, Seryl, possuem juntos 20% da empresa imobiliária de quase US$ 3 bilhões ou R$ 17,12 bilhões (valor de mercado), com o restante dividido entre seus quatro filhos: Jared, Josh, Dara e Nicole. Além de sua participação de 20% na Kushner Companies, Jared possui a nascente firma de private equity Affinity Partners, que é apoiada pelo fundo soberano da Arábia Saudita — o suficiente para valer pelo menos US$ 900 milhões (R$ 5,14 bilhões) de acordo com as estimativas da Forbes.

Seu irmão Josh, que se recusou a votar em Trump e é casado com a modelo Karlie Kloss, fez sua própria fortuna como um respeitado investidor de risco. A Forbes avalia sua participação em sua firma de capital de risco Thrive Capital, que se destacou com investimentos iniciais no Instagram, Spotify e OpenAI, em cerca de US$ 3,5 bilhões (R$ 20 bilhões). Ele também possui uma cobertura de US$ 40 milhões (R$ 228 milhões) no Puck Building da família, onde a Thrive está sediada e onde a OpenAI acabou de assinar seu contrato de locação, além de residências em Malibu e Miami. Ele não é apenas de longe o mais rico dos Kushners, mas também é uma das 400 pessoas mais ricas dos Estados Unidos.

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  • Enquanto os dois filhos capturaram muitas manchetes, a recuperação do negócio imobiliário da família passou em grande parte despercebida. Depois que Jared deixou a empresa para ingressar na administração Trump em 2017, seu pai Charles, de 70 anos (que ainda atua como consultor de projetos, mas sem cargo oficial), passou as rédeas para um executivo fora da família e ex-banqueiro de investimentos, Laurent Morali, e depois para sua filha mais nova, Nicole, de 41 anos, que agora administram a empresa juntos como CEO e presidente, respectivamente.

    A dupla discreta fez questão de evitar o intenso escrutínio da mídia que a empresa recebeu durante a presidência de Trump, o que a família disse ter interferido em seus negócios. Em vez disso, a Kushner Companies concentrou-se em desfazer suas apostas mais arriscadas (principalmente feitas enquanto Jared estava no comando) e em cristalizar uma nova estratégia mais enxuta. Isso significou vender a maioria de suas grandes propriedades de escritórios e ativos na cidade de Nova York, que Morali considera inóspita para os negócios, e voltar a apostar no ramo de apartamentos que tornou a família tão bem-sucedida — retornando às suas raízes em Nova Jersey e além.

    “Kushner continua focada em expandir nosso portfólio de apartamentos multifamiliares de mais de 27.000 unidades em 15 estados”, disse Morali à Forbes em um comunicado enviado por e-mail. (Nenhum dos membros da família concordou em falar com a Forbes oficialmente.)

    Conhecida por seu extenso portfólio em Nova Jersey, antes de suas incursões na cidade de Nova York, a empresa agora é muito mais geograficamente diversificada. A Forbes agora estima que pouco menos da metade do valor dos imóveis da empresa esteja concentrada em apartamentos na área metropolitana de Baltimore-Washington e no Sun Belt, onde comprou quase 10.000 apartamentos desde 2021. Tem uma fatia semelhante em Nova Jersey, onde está desenvolvendo e convertendo um shopping, hotéis e escritórios que possui há anos. Menos de 10% de seus ativos ainda estão na cidade de Nova York, onde o valor está concentrado em apenas um ativo importante: o Puck Building.

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