A Suíça convocou para hoje (25) seus cidadãos a votar no referendo para decidir se abolirá ou não a pecuária intensiva. A proposta foi apresentada em 2019 por uma iniciativa popular de uma coalizão de ONGs e instituições como Greenpeace, Fundação Franz Weber, Sentience e Vier Pfoten, que coletou mais de 106.000 assinaturas válidas.
Os cidadãos suíços que vão às urnas serão, portanto, questionados: “Você quer aceitar a iniciativa popular ‘Não à pecuária intensiva na Suíça (Iniciativa à pecuária intensiva)”?
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Se o sim vencer, sancionaria o fim da pecuária intensiva no país [basicamente de animais criados em estábulos, o contrário do Brasil, em que a criação é a pasto], levando a uma mudança na constituição.
A proposta de alteração constitucional do artigo 80.º- Preconiza, de facto, a introdução de critérios relativos, nomeadamente, ao alojamento respeitoso dos animais, para garantir o acesso regular às áreas exteriores e o abate humanitário, aquele com regras de bem estar animal.
O Conselho Federal e o parlamento já manifestaram seu voto contra a iniciativa popular. Segundo as câmaras, a medida obrigaria cerca de 3.300 propriedades rurais a reduzir o número de animais, ou a aumentar a área de pasto, o que aumentaria significativamente os custos da pecuária.
Problemas sérios também surgiriam em relação às importações de produtos de origem animal do exterior, pois os produtos provenientes da agricultura industrial poderiam sofrer proibições ou preços mais altos.
A possibilidade deste referendo atingir o quórum e passar é baixa. Mas em toda a Europa, estão sendo definidas iniciativas em nível local para alavancar a limitação do consumo de carne, tanto pelos direitos dos animais quanto pela razão ambiental.
A partir de 2021, na cidade finlandesa de Helsinque, a carne e o leite de vaca foram proibidos de serem servidos em eventos públicos, seminários, reuniões ou workshops. Em setembro de 2022, o conselho da cidade holandesa de Haarlem votou a favor de uma moção que evitará a propaganda de carne em locais públicos a partir de 2024. “A moção está se tornando um exemplo em muitas outras cidades”, disse Ziggy Klazes, conselheiro do conselho da cidade de Haarlem, que propôs esta medida, durante a Cimeira Vegana Europeia.
No início desta semana, organizações europeias de interesse público também disseram em comunicado que, em tempos de insegurança energética, a UE deve encerrar a pecuária industrial para mitigar os impactos da atual crise energética.
* Daniela De Lorenzo é colaboradora da Forbes EUA, com foco em sistemas de produção de alimentos, meio ambiente e política da UE. Também colabora com WIRED, Deutsche Welle, Al Jazeera, VICE Media, entre outras.