Seis meses atrás, os “fidget spinners” eram meros desconhecidos. Mas, agora que a febre espalhou-se rapidamente pelos Estados Unidos e está chegando ao Brasil, as escolas estão cheias de alunos com o novo brinquedo, seja ele produzido pelo fabricante original, a Fidget360, ou por alguma outra empresa genérica. Muitos dos pais e professores já sabem o que os spinners são, independentemente de eles aprovarem ou não a novidade. Trata-se, basicamente, de um objeto do tamanho da palma da mão, com três aros unidos entre si em uma espécie de hélice. Outro círculo, localizado no centro, funciona com um eixo giratório. E ele gira e gira e gira.
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Ao procurar alguma coisa para aliviar o TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade), Allan Maman imaginou um conceito de brinquedo que permitisse manter o foco em determinada tarefa ao mesmo tempo em que controlava a inquietação. Naquela época, ninguém fabricava o que foi batizado de fidget (do verbo to fidget, em inglês, que significa incomodar, inquietar) de forma simples e acessível. Maman percebeu, então, a necessidade e a oportunidade. E criou a Fidget360.
Ao procurar alguma coisa para aliviar o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, Allan Maman imaginou um conceito de brinquedo que permitisse manter o foco em determinada tarefa ao mesmo tempo em que controlava a inquietaçãoJunto ao jovem amigo e empreendedor Cooper Weiss, ambos magnatas dos negócios com apenas 17 anos, Maman começou primeiro a produzir os spinners na impressora 3D da escola. Lá, eles conseguiram opiniões valiosas sobre o processo de fabricação, graças à ajuda do professor de física Eric Savino. Com o uso da máquina emprestada, os primeiros objetos tiveram margens de lucro elevadas, fazendo com que a dupla ganhasse centenas de dólares em poucos dias. A experiência serviu, ainda, para mostrar a aceitação do produto pelas crianças da escola, alertando para o fato de que ele poderia ganhar mercado.
Quando a administração percebeu o que estava acontecendo, no entanto, suspendeu os alunos empreendedores.
A equipe mudou-se, então, para o porão de Cooper depois de comprar oito impressoras 3D. Mas a demanda superou, rapidamente, a capacidade, obrigando os jovens a abrirem uma fábrica no Brooklyn com 30 máquinas. Mais uma vez, a operação se mostrou insuficiente, e a solução foi contratar a moldagem por injeção da China.
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Em apenas seis meses, a empresa tinha faturado centenas de milhares de dólares. É bom lembrar que o investimento para desenvolvimento do produto foi praticamente nulo – além da força da ideia e da perseverança da dupla. Desde o lançamento do site da Fidget360, em outubro de 2016, e da loja online, no mês seguinte, o produto passou a ser enviado para quase todos os 50 estados dos Estados Unidos e para 30 países diferentes.
Só no Instagram já são quase 200.000 seguidores. Apesar de serem muito jovens, Weiss e Maman já sabiam do potencial das redes sociais para o aumento das vendas. O primeiro anúncio no Instagram que eles pagaram custou US$ 15 e gerou US$ 2.000 em vendas em apenas 24 horas.
No entanto, em menos de 60 dias após o enorme sucesso, a Fidget360 começou a ser alvo da concorrência. Era hora de planejar os próximos movimentos.
Quando percebeu que o spinner tinha virado moda, a dupla rapidamente começou aram a operar “shell companies” (empresas que servem como um meio de transações comerciais sem ter ativos ou operações significativas), que vendiam tão barato quanto seus concorrentes. O objetivo era que a Fidget360 não se prejudicasse em um mercado que ela mesma havia criado.
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Agora, por meio de suas conexões e afiliações, Weiss e Maman estão colocando centenas de milhares de spinners no Walmart e em outras lojas de grande escala. Quando perguntado sobre seu sucesso, Weiss diz: “Não tenha medo de seguir uma ideia. Nós tentamos muitos conceitos diferentes antes da Fidget360 e falhamos muito mais vezes do que obtivemos sucesso”.
Os jovens já receberam ofertas para vender a companhia por valores que beiram os seis dígitos. Entre seus clientes, estão personalidades como o jogador de basquete Draymond Green, do time Golden State Warriors, e até o cantor Harry Connick Jr.. O empresário Gerard Adams, fundador da plataforma online de notícias “Elite Daily”, viu potencial em Maman e Weiss e fez um acordo para aumentar a visibilidade da empresa nas redes sociais.
Muitas pessoas questionam como a dupla conseguiu gerenciar um negócio de tanto sucesso enquanto ainda estava o ensino médio. Maman explica: “Quando Cooper e eu fundamos a companhia, nós trabalhávamos sem parar todos os dias depois da escola até, pelo menos, meia-noite. Nós sacrificamos parte da nossa vida social e do nosso desempenho escolar. No entanto, priorizar os negócios em detrimento de alguns outros aspectos da vida vale a pena. Se nós não nos dedicássemos no início, nunca teríamos conseguido tanto sucesso”.
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Um problema que não tinha relação com o negócio e que os jovens acabaram enfrentando é que grande parte da energia da dupla estava sendo gasta em algo que ia além da escola, o que causou muitos conflitos com os professores e com a administração. Até algumas semanas atrás, Maman estava em suspensão por causa de um telefonema muito importante com um investidor.
Ao mesmo tempo em que estão ocupados com as provas finais e com o planejamento das festas de formatura, Weiss e Maman planejam novos produtos e novas empresas. A dupla está na fase de pesquisa e desenvolvimento de sua próxima novidade.