Autoestima. Esse é o combustível que move Natalia Martins – até a adolescência, ela própria duvidava de sua inteligência, de sua capacidade e até de sua beleza. Consequência, talvez, da superproteção e da economia de elogios paterna – sensação agravada por um casamento precocemente malsucedido, que a deixou, aos 28 anos de idade, com uma filha de 2 anos, uma grande dívida e uma grande dúvida em relação ao futuro.
Mas, apesar da pouca idade e da aparente fragilidade, ela virou o jogo. E passou a ser uma “embaixadora” do empoderamento de mulheres (e de homens também) com sua Natalia Beauty & Academy, um negócio que poderia naufragar no mar da concorrência se não fosse o amor e a dedicação com que ela se propõe a dividir seus conhecimentos e suas conquistas. Sua meta diária é devolver a autoestima não só das clientes que atende em uma verdade deira “casa de bonecas” em uma região nobre de São Paulo, mas também das alunas que fazem seus cursos em busca de uma nova fonte de renda e de uma vida melhor.
Depois de abandonar o curso de arquitetura para ajudar no restaurante da família no Centro Histórico de São Paulo (que, depois de décadas de funcionamento em um lugar que já foi símbolo de luxo, acaba de fechar as portas por falta de movimento), Natalia se casou, foi morar em São José do Rio Preto (SP) e lá fez um curso de micropigmentação, sem nunca ter feito nada parecido antes. Mal imaginava que isso mudaria sua vida. Em pouco tempo, quitou as dívidas, iniciou uma fulminante trajetória de sucesso e decidiu compartilhar suas conquistas. Em três anos, formou 8 mil profissionais, reformou e decorou a sede na Avenida Rebouças (que, de tão graciosa, tornou-se ponto de parada para fotos), habilitou 20 franqueadas (que ela prefere chamar de filiadas) e lançou uma linha de produtos profissionais com sua marca. Ainda para este ano, planeja chegar a 50 filiadas, lançar a versão online do curso, escrever um livro… e triplicar o faturamento: atualmente, a empresa fatura R$ 500 mil por mês com os cursos e mais R$ 300 mil mensais com os procedimentos. “Com o curso online, mais barato, vamos chegar a mais pessoas que querem aprender uma profissão rentável”, justifica.
Mudando Vidas
Com um equipamento que não chega a R$ 100 e com a habilitação fornecida pelo curso (que custa R$ 5 mil), uma profissional formada pela Natalia Beauty & Academy ganha, no mínimo, R$ 500 por sessão de micropigmentação – um demorado trabalho artístico que consiste em preencher falhas e corrigir contornos simulando, com o uso de finíssimas lâminas e pigmentos, fio por fio (no caso das sobrancelhas). Não precisa de infraestrutura (pode atender em domicílio) e, se não quiser se tornar uma filiada, não paga nenhuma taxa à matriz. Em uma cidade de IDH alto e população entre 80 mil e 200 mil habitantes, por exemplo, uma filiada chega a faturar entre R$ 25 mil e R$ 28 mil mensais. A diferença entre uma filiada e uma aluna que aprende a técnica e passa a voar com suas próprias asas é o acesso à carteira de clientes de todos os estados e até de outros países, que a matriz distribui conforme a proximidade. “Não consigo atender tanta gente de tantos lugares, então repasso para as filiadas”, explica Natalia. Além disso, essas profissionais contam com serviços de marketing, coaching e atualização das técnicas, pagando uma taxa mensal que começa em R$ 440 (mas não basta pagar; para ser aceita, a candidata a filiada deve ser aprovada tecnicamente e provar que seus propósitos estão alinhados com os da empresa).
A vida das clientes também muda. Como a de uma mulher do Piauí que ligou para Natalia perguntando se era possível atenuar as marcas de seu lábio leporino. “Fiquei comovida e ofereci o procedimento de graça para ela. Ela chegou depois de três dias de viagem de ônibus. Foram quatro horas de trabalho. Ficou lindo, ela virou outra pessoa”, comemora. O post com a transformação dessa cliente foi visto por 700 mil pessoas (Natalia tem 1,5 milhão de seguidores nas redes sociais).
Trabalhando de pijama
Curiosamente, todos os 30 funcionários da sede usam como uniforme um confortável pijama cor-de-rosa. Por quê? “Para sair do padrão”, explica Natalia. “Eu era muito refém de padrões – de roupas, de comportamento, de beleza… Eu e meus irmãos tivemos uma educação muito rígida. Na ansiedade de sermos aceitos, acabamos ficando inseguros”, diz. Para ela, trabalhar de pijama é uma forma de quebrar esse ciclo. Além disso, uma vez por mês a Natalia Beauty organiza um evento de confraternização – quanto mais lúdico, melhor. “Todo dia recebo uma porção de gente querendo trabalhar aqui”, diz a empresária, orgulhosa.
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