Na edição especial Forbes Agro de 2019, Sylvia Coutinho, presidente do Grupo UBS no Brasil, previa uma curva ascendente do agronegócio nacional, setor para o qual dizia “tirar o chapéu”. O entusiasmo da executiva (que é engenheira agrônoma, presidente do Banco UBS no Brasil e head da área de Wealth Management para a América Latina do UBS) era calcado nos bons resultados do agronegócio brasileiro, nos investimentos internacionais e no comprometimento com o meio ambiente.
Hoje, depois de um ano de grandes desafios, ela reafirma sua admiração: “O agronegócio é um dos principais motores da economia brasileira – a cadeia de valor do agronegócio tem um peso de 20% a 25% no PIB. E é uma de nossas principais indústrias exportadoras – representa entre 35% e 40% do total, fazendo do país o terceiro maior exportador mundial de commodities agrícolas. Por isso continuo tirando o chapéu, especialmente para os produtores que estão em linha com o código florestal e se preocupam e entendem a importância das questões ambientais”. Ela ressalta também a relevância do agronegócio brasileiro na busca de soluções para diminuir a pegada de carbono e a manutenção da biodiversidade.
Otimista, Sylvia acha que o que já é bom pode melhorar. Como? “O agro ainda é um negócio de base familiar, que está passando por uma fase de transformação para fazer frente a seus principais desafios: práticas de cultivo sustentáveis; maior incorporação tecnológica (para aumentar o rendimento da terra disponível e fazer face à demanda); e transferência da gestão para a geração seguinte, com crescimento e competitividade”, responde.
Outro ponto passível de melhoria é o gap no acesso e na aplicação da tecnologia e know-how entre produtores mais e menos profissionalizados, grandes e pequenos. “Mas com o aumento da conectividade e a inclusão digital no campo, cada vez mais as melhores práticas poderão chegar à ponta, especialmente ao pequeno produtor, com soluções interessantes e sustentáveis”, analisa. “O pagamento por serviços ambientais também é um marco importante para o agricultor brasileiro.”
De sua parte, diz a executiva, o UBS decidiu focar no agronegócio de duas maneiras: nas famílias (e seu legado) e nos negócios (e seu crescimento) por meio da plataforma de wealth management e do UBS BB Banco de Investimentos. “Na recente pesquisa que fizemos em conjunto com a Fundação Dom Cabral, ficou clara a preocupação das famílias empreendedoras com a competitividade e a perpetuidade de seus negócios, que vêm sendo construídos ao longo de muitos anos com muita resiliência, faça chuva ou faça sol.”
Outro ponto de atenção que tem demandado esforços da cadeia do agro diz respeito aos mitos e fake news que prejudicam a imagem do setor no Brasil e no exterior. Sylvia Coutinho afirma haver “um enorme desconhecimento” de como funciona o agronegócio no país e de como nosso código florestal assegura uma das agriculturas mais sustentáveis do mundo. “O aumento do desmatamento, basicamente causado por ações ilegais, não tem ajudado, mas precisamos continuar a mostrar os fatos. O agro esclarecido entende bem que, sem a questão ambiental e o selo verde, seu crescimento estará limitado.” Entre os fatos aos quais ela se refere está a possibilidade de aumento da produção sem a abertura de novas fronteiras, “mas sim recuperando milhões de hectares improdutivos, agregando tecnologia, intensificando e alavancando sinergias mais produtivas e sustentáveis (como o consórcio floresta/pecuária) e desenvolvendo tecnologia de ponta com a ajuda das agtechs”.
Sylvia conclui: “Por tudo isso, não só tiro o chapéu, como também espero que mais brasileiros entendam o quão importante o agronegócio é para o Brasil e para o mundo – garantindo a segurança alimentar que, com as mudanças climáticas, será cada dia mais relevante. Como diz meu amigo Roberto Rodrigues em seu livro: agro é paz”.
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