Até 2050, seremos aproximadamente 10 bilhões de pessoas no planeta, consumido recursos naturais finitos e gerando desgaste ao meio ambiente. A cada ano, US$ 500 bilhões em roupas pouco usadas são jogados fora. Até 2025 – portanto em apenas quatro anos –, a produção anual de lixo sólido no mundo passará de 1,3 bilhão de toneladas para 2,2 bilhões, segundo estimativas do Programa da Organização das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).
De acordo com Gabriel Estevam Domingos, diretor de PD&I da Ambipar, esse modelo, conhecido como economia linear (produção, consumo e descarte), no entanto, está em xeque, e é por isso que temos ouvido tanto falar em economia circular (produção, consumo e reciclagem), conceito que propõe novas formas de produtividade e de gerir negócios e novas vidas a produtos e materiais descartados. De acordo com ele, grande parte dos resíduos se reaproveitam. E, assim, utilizamos menos recursos naturais, diminuímos as emissões na atmosfera e, de quebra, ainda geramos emprego, renda e até receita.
Há indústrias, por exemplo, que transformam os materiais gerados em novos produtos para serem utilizados dentro da própria planta, para realizar ações sociais com colaboradores ou comunidades e, até mesmo, vendê-los. O aproveitamento de resíduos, se bem gerenciado, pode significar até um novo business.
A Ambipar, multinacional brasileira especializada em gestão ambiental com presença em 16 países da América do Sul, Europa, África, América do Norte e Antártida, possui um Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) para auxiliar as companhias a entenderem o que é possível fazer com cada tipo de resíduo gerado. O laboratório dirigido por Gabriel Estevam Domingos tem como objetivo desenvolver soluções na área de tratamento e valorização desses resíduos, por meio de ferramentas que integram as necessidades do desenvolvimento, de segurança, da sociedade e do meio ambiente de forma sustentável e econômica.
NADA SE PERDE, TUDO SE TRANSFORMA
As indústrias de papel e celulose, por exemplo, são geradoras de uma grande quantidade de resíduos de diversos tipos. Em vez de serem descartados em aterros sanitários, eles podem ser reutilizados ou transformados em artefatos cimentícios, como blocos e pisos intertravados, adubo orgânico e corretivos de solo, que podem ser aproveitados na plantação de eucaliptos das próprias empresas.
Outro exemplo é a indústria de fármacos. No Centro de PD&I da Ambipar, o resíduo do colágeno que envolve as cápsulas de vitaminas, óleo e alguns medicamentos se transformam em matérias-primas para produção de sabonetes e xampus, dermatologicamente testados e aprovados.
“A equipe envolvida no projeto descobriu que esse tipo de resíduo é uma excelente matéria-prima para as indústrias de cosméticos, que podem comprar o colágeno para fabricar produtos sustentáveis a preço atrativo, comparado ao colágeno oriundo de matéria-prima virgem. Além disso, as indústrias de fármacos deixam de gastar com o transporte e a destinação final destes resíduos e passam a ganhar dinheiro com a ação”, explica Gabriel Estevam Domingos, diretor de P&D da Ambipar.
A indústria cosmética é outra que tem tudo para ser protagonista na economia circular. Durante a fabricação de perfumes, óleos corporais, sabão, xampu, desodorantes e protetores solares, entre outros produtos, são geradas grandes quantidades de resíduos e subprodutos. Os principais são os popularmente conhecidos como “bulk de cosméticos“, que são misturas de cremes e outros rejeitos da cadeia produtiva. Esses produtos, em sua grande maioria, têm como destino o coprocessamento ou, então, as Estações de Tratamento de Efluentes (ETE), gerando custos de disposição final.
“Depois de quase um ano de estudos, conseguimos desenvolver um amaciante de roupas e produtos de limpeza produzidos a partir do bulk de cosméticos”, conta Domingos.
Em quase uma década de atuação, o laboratório conquistou mais de 29 prêmios, desenvolveu dezenas de tecnologias para grandes empresas e registrou 15 patentes.
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