No Forbes Link da última sexta-feira (6), Tiago Alves, CEO Brasil da Regus & Spaces Brasil, conversou com o antropólogo e futurista da Beyond Tomorrow, Chico Araújo, sobre os desafios e oportunidades do caos digital e como a humanidade navega em um cenário de transformação tecnológica e seus impactos sociais.
Araújo descreve o caos digital como um momento de transformação, impulsionado pela combinação de algoritmos e ciência do comportamento. Esses elementos impactam a maneira como interagimos com produtos e serviços, explorando gatilhos emocionais e criando um ciclo de consumo constante.
Assista ao Forbes Link com Chico Araújo:
Empresas ainda discutem transformação digital, mas a realidade é que estamos entrando em um novo ciclo que vai além disso. O desafio agora é como aplicar inteligência artificial para resolver problemas estruturais, como gargalos energéticos e limitações na infraestrutura de data centers e chips.
A saturação do digital e a próxima fase
Durante a conversa, Araújo pontuou que a aceleração digital, intensificada pela pandemia, levou à digitalização de tudo que podia ser digitalizado, atingindo um ponto de saturação. Agora, o foco muda: de um lado, o uso da inteligência artificial para criar novos modelos de automação; de outro, a busca por soluções que superem desafios estruturais — como a criação de chips neuromórficos para tornar possíveis novas etapas da automação.
Araújo destaca que muitas empresas ainda não se deram conta de que o cenário está mudando e continuam focadas apenas em digitalizar processos e ganhar agilidade, enquanto, na verdade, a infraestrutura e o planejamento a longo prazo voltam a ser protagonistas.
Impactos nas relações humanas e na saúde mental
Outra questão importante é o impacto do excesso de conectividade nas relações humanas e na saúde mental. Segundo Araújo, a infelicidade gerada pela comparação constante nas redes sociais é uma das consequências desse novo ambiente digital. Ele cita o fenômeno da adaptação hedônica, que faz com que nos acostumemos rapidamente tanto às conquistas quanto às perdas, mas que, em redes sociais, torna a comparação incessante e global, contribuindo para um aumento de ansiedade e depressão, especialmente entre jovens.
A transparência algorítmica será uma das discussões mais importantes nos próximos anos, segundo Araújo. Consumidores e colaboradores vão exigir cada vez mais saber como os algoritmos estão sendo usados e quais são as intenções por trás dessas tecnologias. A liderança das empresas precisará equilibrar a inovação tecnológica com um olhar humano, garantindo que o bem-estar dos colaboradores e clientes seja parte fundamental da estratégia empresarial.
Orquestrar e aprofundar no novo mundo digital
Araújo traz uma reflexão final: a época do multitasking, em que a digitalização exigia que fizéssemos mais em menos tempo, está sendo substituída por um período em que profundidade será o diferencial. Ele diz acreditar que aqueles que conseguirem orquestrar eficientemente as ferramentas tecnológicas e aprofundar o conhecimento e as soluções terão mais sucesso neste novo ambiente. Não se trata apenas de adaptar-se ao caos, mas de ser proativo na criação do futuro.
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