Quando as pessoas escutam a palavra “motivação”, elas frequentemente pensam em incentivos como bônus, um pagamento extra ou talvez uma conversa animadora. Na verdade, motivação pode ser algo inatingível, pois frequentemente depende apenas do indivíduo. Sendo assim, como líderes podem começar a ter uma abordagem mais prática em relação a isso? Este é um passo essencial e desafiador para o envolvimento dos funcionários.
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Susan Fowler é professora na Universidade de San Diego, na Califórnia, e uma consultora sênior, parceira da Ken Blanchard Companies, que oferece treinamento e consultoria sobre liderança organizacional. Ela é autora de best sellers e seu mais novo livro é “Why Motivating People Doesn’t Work and What Does: The New Science of Leading, Energizing, and Engaging” (ainda sem tradução em português). Recentemente, FORBES a entrevistou para discutir o que realmente acontece com a motivação e como é possível melhorá-la nos funcionários. Veja, a seguir, os melhores trechos da entrevista.
FORBES: Por que, segundo o título de seu livro, motivar as pessoas não funciona?
Susan Fowler: Existem muitos motivos para isso. Eu acho até que as pessoas sabem que a motivação não funciona, mas, ao mesmo tempo, não sabem o que fazer em vez disso. O motivo pelo qual estimular as pessoas não funciona não é apenas porque motivação é um fenômeno interno, mas porque as pessoas já estão motivadas. Elas talvez só não estejam motivadas da maneira que você gostaria que elas estivessem. Se alguém vai a uma reunião com você, mas não presta atenção ou checa mensagens o tempo todo, ela está motivada. Ela apenas não está interessada em escutar você ou em se envolver com a sua reunião. O que nós realmente precisamos entender é que as pessoas sempre estão motivadas. A questão não é “se”. A questão é “por que”. Até nós entendermos o porquê por trás das motivações das pessoas, tentar motivá-las será uma perda de tempo. Isso não apenas não funciona, como irrita as pessoas.
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FORBES: Qual é, normalmente, a postura dos líderes em relação à motivação de seus funcionários?
Susan Fowler: Existe essa ideia que é da nossa natureza humana querer prosperar. O motivo pelo qual essa não é uma prática comum é que se você olhar as estatísticas da falta de envolvimento, que está relacionada à falta de motivação, nós podemos dizer que a maioria das pessoas em seus trabalhos está desinteressada. Eu acho que muitos donos de negócios, administradores, líderes e empreendedores pensam que as pessoas são simplesmente preguiçosas e permanecerão desinteressadas, a não ser que se dê algo ou se faça algo para que elas se sintam envolvidas.
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FORBES: Qual é a sua visão sobre o engajamento a partir de uma motivação interna e externa?
Susan Fowler: Estar internamente motivado para fazer algo significa que você ama algo pela causa em si, e não por causa de algum tipo de recompensa externa. Ou você ama ou não ama. Não é algo como: “Eu odeio administrar, mas eu começarei a administrar e me tornarei internamente motivado”. Não é assim que a motivação interna funciona. Entretanto, existem outras formas de estímulo que foram comprovados e que, na verdade, são ainda mais poderosos do que a motivação interna. É o que eu chamo de “motivação alinhada”. É quando você faz alguma coisa que está alinhada diretamente a um valor que é importante para você e que traga significado para seu trabalho.
A pessoa também pode estar alinhada ao que chamamos de “perspectiva integrada motivacional”, que quase parece algo interno mas é, na verdade, um profundo senso de propósito, pois é tão significativo que vai do valor consciente e torna-se inconsciente. Eu, por exemplo, sou vegetariana. E nem penso mais sobre isso. É apenas quem eu sou, mas eu nunca estarei internamente motivada a ser vegetariana, pois eu amo carne. Foi por meio do meus valores e senso de propósito que eu me tornei uma vegetariana aos 35 anos de idade e nunca hesitei.
O que muitos administradores e líderes fazem é negligenciar seus funcionários e impor pressões e tensões. Nada bom pode vir no longo ou no curto prazos de uma motivação insuficiente. Eu acho que o que acontece é o que as pessoas pensam: “Bom, nós não podemos motivar as pessoas internamente, então temos de recorrer a uma motivação externa”.
O que eu gostaria que as pessoas soubessem é que existem alternativas e a eficácia delas é comprovada. Nós estudamos o assunto ao redor do mundo. É muito animador. Eu estou trabalhando com muitas empresas do setor de vendas neste momento para mudar a cultura ao redor de incentivos e bônus e todas as recompensas externas que nós achamos que funcionam mas que, na verdade, não têm o efeito desejado.