A Inglaterra e a Copa do Mundo. Demorou muito tempo, mas o orgulho que partilhei com os meus compatriotas quando a Inglaterra chegou às semifinais do mundial fez com que a espera valesse a pena. Então, agora, passado um tempo apropriado para reflexão, posso finalmente falar sobre alguém que merece boa parte do elogio pelo sucesso do país britânico: Gareth Southgate. Acho que ele está nos mostrando uma maneira melhor de exercer liderança.
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Você pode até já ter lido sobre alguns grandes exemplos do técnico nesse quesito. Um dos meus favoritos é que, durante o torneio, a estrela da defesa Fabian Delph estava à espera de um novo bebê. Southgate o colocou em um avião, mandando-o para casa para se juntar à esposa para esperar o nascimento do filho. Segundo ele, estar presente em um momento tão especial com a companheira era muito mais importante do que simplesmente vencer um jogo.
Os jogadores comandados por Southgate sabem que ele se preocupa com eles mais do que vencer uma partida. Para a Inglaterra, o simples fato de se importar parece ter feito uma grande diferença.
Comprometimento não é suficiente
Não é nenhum segredo que até mesmo as ideias mais criativas ou inovadoras podem não sobreviver a um grupo de funcionários desinteressados.
Nos últimos 20 anos, testemunhei o impacto do engajamento cultural, ou da falta dele, em mais de 50 marcas com altos volumes de negociação e valor de mercado na bolsa de valores. Eu experimentei campanhas de engajamento de funcionários como líder de agência, do lado da empresa e do cliente e, agora, como fundador de uma consultoria de marketing de mudanças, que desenvolve os programas para os empregados.
Eu acredito que focar apenas no engajamento tem duas limitações sérias: não diz com o que seus funcionários realmente se importam e também não mostra aos funcionários que você se importa com eles. Essa falta de carinho de ambos os lados alimenta uma certa disfunção que pode ser sentida.
O problema não está nas ferramentas de engajamento e de liderança. O ponto é que elas se concentram apenas no que a empresa sabe ou quer perguntar. As perguntas geralmente se resumem a como os funcionários estão envolvidos nas questões que são importantes para a empresa. E a visão da companhia raramente é sentida por aqueles que estão em cargos de liderança.
Está na hora de se livrar dos problemas que bloqueiam as motivações, percepções e experiências dos funcionários. As empresas estão perdendo a chance de ouvir tudo o que seus funcionários poderiam dizer se realmente ouvissem. E de mostrar a eles que se importam.
O custo de não se importar
O investimento no engajamento de funcionários está crescendo. Segundo a Harvard Business Review, “as empresas gastam mais de US$ 720 milhões por ano nessa missão, e a projeção é que esse montante cresça para US$ 1,5 bilhão.”
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Mas as empresas investem muito mais no planejamento e implementação da mudança. O Boston Consulting Group relatou que as companhias em todo o mundo gastam, atualmente, cerca de US$ 10 bilhões por ano em consultoria de gerenciamento de mudança.
O investimento dez vezes maior nesse novo método pode iniciar mudanças operacionais que fornecem boas notícias no curto prazo, grandes economias, produtividade e novos fluxos de receita. Mas, quando a mudança precisa de integração em toda a base de funcionários para extrair seu potencial pleno, ela normalmente estagna.
De acordo com a International Data Corporation, as empresas gastaram mais de US$ 1 trilhão em iniciativas de transformação digital no último ano. No entanto, uma pesquisa recente da Wipro Digital informa que apenas 50% das empresas estão executando com sucesso suas estratégias. Isso é um incrível desperdício de recursos.
Não precisa ser assim. Com confiança mútua e compreensão, os líderes e funcionários podem encontrar seus caminhos em meio às dificuldades de implementação da mudança. Importar-se é o segredo.
Criar uma cultura de se importar
Uma cultura de cuidados começa com uma conversa aberta, que deve ser genuína, sincera e mutuamente respeitosa. Os líderes precisam investir mais tempo em conversas com os funcionários. Não é mais suficiente ter uma avaliação de desempenho trimestral, reunir um grupo de foco único ou realizar uma pesquisa de engajamento anual.
Os líderes têm que praticar a arte de ouvir mais do que falar. Com frequência, em grupos e individualmente. Formalmente e informalmente. Digitalmente e pelos corredores. Um diálogo contínuo, compartilhando perspectivas e insights. É isso que forma o alicerce da cultura positiva e colaborativa.
Mas, obviamente, as coisas não podem parar na conversa. Você tem que usar o que aprende para melhorar seus planos de mudança. Qual é a perspectiva dos funcionários? Que problemas eles costumam ter? Qual é o impacto do trabalho em suas vidas?
E, então, prove que você se preocupa com eles mais do que você se preocupa com os ganhos. Priorize o seu bem-estar sobre as metas de receita de curto prazo e os preços das ações. Modifique seus planos para que eles funcionem melhor para o seu pessoal.
Otimize a cultura do sucesso
Uma cultura de cuidados cria um ambiente de confiança otimizado para o sucesso. Quando os funcionários confiam em você e percebem que você se importa com suas experiências, eles compartilharão com mais liberdade seus insights, levando a melhores planos de mudança. E quando eles confiam que você se importa em como esses planos irão impactar suas vidas, eles se mostrarão dispostos a fazer o trabalho duro com mais facilidade.
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Os benefícios da confiança, às vezes, são manchetes. Lembra da história de Charlie Ward, o engenheiro de software da Amazon que colocou a ideia sobre o serviço Prime em uma caixa de sugestões digitais?
Frequentemente sentimos isso de forma diminuída. Mas o verdadeiro poder da confiança não é sentido diretamente. Seu efeito complexo alimenta a próxima grande empresa da qual você quer fazer parte e constrói a próxima grande marca pela qual você se apaixona.
Então pare de se preocupar tanto com o envolvimento dos funcionários com suas prioridades. Cuide do seu pessoal. Cuide do bem-estar deles. Mostre-lhes que você realmente se importa. O crescimento da receita e os preços das ações se mostrarão muito além de suas expectativas.
Gareth Southgate não mediu o engajamento de seus jogadores com o objetivo de ganhar jogos. Ele mostrou-lhes que eram mais importantes para ele do que vencer. E, em troca, eles jogaram melhor do que qualquer um ousou esperar.