Resumo:
- É esperado que o mercado dos esportes eletrônicos fature US$ 1,1 bilhão no mundo todo, em 2019;
- “League of Legends”, “Dota 2”, “Fortnite”, “Counter Strike: Global Offensive”, “Rainbow Six: Siege” e “Free Fire” são alguns dos destaques dos eSports no Brasil e no mundo;
- Psicólogos, treinadores, narradores, streamers e cargos de funções administrativas são algumas possibilidades profissionais na área.
O Brasil tem hoje o terceiro maior público de eSports do mundo. Segundo o site estatístico “Newzoo”, são 10,7 milhões de telespectadores ocasionais (que assistem menos de uma vez por mês) e 7,6 milhões de entusiastas (mais de uma vez por mês). A expectativa é de que número aumente em 2021, chegando à 15,3 milhões ocasionais e 12,6 milhões de entusiastas.
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No mundo todo, a expectativa é de que indústria dos esportes eletrônicos fature US$ 1,1 bilhão, ainda este ano. O público também tem expectativa de aumentar, com audiências de 453,8 milhões este ano (o número é dividido entre 201,2 milhões de entusiastas e 252,6 milhões de espectadores ocasionais).
“League of Legends” (LoL), “Dota 2”, “Fortnite” e “Counter Strike: Global Offensive” (CS:GO) estão entre os mais jogados e assistidos no mundo. No Brasil, “Rainbow Six: Siege” (R6) e “Free Fire” também se destacam no competitivo nacional.
Com números tão expressivos de audiências e valores altos, não é à toa que o setor relativamente nova esteja chamando a atenção como um nicho de carreira, tanto de apaixonados e como de quem pouco conhece desse mercado. Para quem quiser se aventurar, há profissões novas e já conhecidas, que começam a se destacar e aparecer.
Selecionamos sete opções de cargos e carreiras no mundo dos eSports. Veja na galeria a seguir:
Cargos administrativos
CEO, diretor e gerente. Marketing, comunicação e jurídico são algumas áreas necessárias para um time de esportes eletrônicos. Cada profissional tem sua função, o que leva a responsabilidades de lidar com contratos de atletas e empresas, agendas de compromissos dos jogadores, organizar viagens, questões internas das Gaming Houses (local em que o time mora e treina ) e contratação de profissionais, entre outras atribuições.
Thomas Hamence, atual CEO da equipe paiN Gaming, entrou no time em 2014, teve algumas idas e vindas, e também passou por cargos diferentes. “Eu gerencio e defino todas as operações de médio e longo prazo. Tenho que ter visibilidade do que a gente quer atingir neste ano, no próximo e daqui cinco”, explica.
O profissional acredita também que os eSports são uma coisa nova, então, é normal ter pessoas fora do cenário nesses cargos. “Cada modalidade tem seu ecossistema específico; o ‘LoL’ não é igual o ‘CS’. Quem chega de fora ainda não tem tanta noção. Então, precisa passar por um processo de imersão em que mostramos como tudo funciona”, esclarece Hamence.
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Na Ubisoft Brasil, há uma equipe dedicada exclusivamente ao cenário competitivo de jogos da publicadora (“Rainbow Six” e “Just Dance” – o último terá um campeonato em parceria com a M.A.C). O chefe é Marcio Canosa, que ocupa o cargo de Diretor de eSports e Comunidade da Ubisoft para América Latina.
“O cargo é como de um diretor geral de uma empresa convencional. Lido com vários departamentos dentro do mercado de eSports, como a parte de transmissão, organização de campeonatos, operações entre outras equipes etc”, conta Canosa. O diretor também determina as estratégias gerais, planos para próximos anos, projeção de investimento e de receita.
Canosa detalha ainda mais sua função: “É como um microempreendedor que trabalha em uma startup. Você tem um produto, vai elaborá-lo, avaliar quem é o cliente e como funciona a demanda. Investir e depois analisar o retorno dela”. Diz ainda, que para um cargo como esse, é preciso ter conhecimento de finanças, recurso humanos, marketing e produção de eventos. “Além de ter conhecimento do jogo, do mercado de games, como funciona a concorrência, o produto e suas especificidades”, completa.
Saúde
A figura do psicólogo foi uma das primeiras relacionadas à medicina a aparecer nos times. Hoje, nutricionistas, fisioterapeutas e preparadores físicos também são peças importante no sucesso das equipes. “Quanto mais apoio pudermos dar para os jogadores melhor”, diz o CEO da paiN.
Com 25 anos de experiência na área da psicologia, João Ricardo Cozac atua no time da Vivo Keyd e da MIBR, mas também atende atletas e equipes de diversas modalidades e categorias. O profissional é pós-graduado em psicologia do esporte pela Univerdade de Córdoba (Barcelona) e presidente da Associação Paulista da Psicologia do Esporte.
Ele trabalha há dois anos na Keyd, com atletas com os times masculinos e femininos de “LoL” e “CS:GO”, e também com a equipe de “Clash Royale”. Pela MIBR, cuida do time de “R6”, sediado em São Paulo, e também o de “CS:GO”, de Gabriel “Fallen” (Under 30 da Forbes em 2018), em Los Angeles.
“Na área da psicologia, há muita similaridade entre os eSports e as demais modalidades coletivas. É muito importante o trabalho de união e coesão das equipes em tudo que envolve a comunicação, que é vital para um bom desempenho individual e coletivo”, explica Cozac.
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O especialista acredita que preparação psicológica é a base de técnica, tática e física, já que é exigido o tempo todo do atleta equilíbrio psicológico e emocional. O Cozac lembra ainda que os profissionais dos jogos são, em sua maioria, jovens. “Eles estão em um período de muitas mudanças no plano social, afetivo e de desenvolvimento pessoal, pensando de forma integral em valores, conceitos, dúvidas e angústias. É fundamental acompanhá-los como atletas e, principalmente, humanos.”
Casters
Os narradores e comentaristas dão voz e animação às partidas. Cada competitivo de um jogo conta com narrações marcantes. No Campeonato Brasileiro de League of Legends (CBLoL), por exemplo, a equipe de transmissão é formada pelos narradores Diego “Toboco” e Tácio “Schaeppi”; os comentaristas Guilherme “Tixinha” e Alexandre “Skeat”; e os analistas, Gustavo “gstv” e Gustavo “Melão”. No Brasileirão de Rainbow Six 2019, o narrador Andre “Meligeni” e o comentarista Otávio “Retalha” também se destacam. Ricardo “qeP” e Guilherme “GuizaO” participam das transmissões de “R6”, mas são parte do competitivo de “CS:GO”.
Para entrar na carreira, é recomendável construir um portfólio transmitindo partidas, profissionais ou amadoras, para treinar e se habituar com o que acontece no jogo. Saber o vocabulário, termos e o contexto do game que você quer trabalhar. Cursos de locução também são uma boa forma de melhorar o currículo.
Coach
Os “professores” também chegaram aos esportes eletrônicos. Um coach é responsável por orientar os atletas, aplicar treinamentos e escolher as melhores táticas para superar os adversários. No competitivo, times de todas as modalidades têm técnicos em seus elencos; alguns times tem até profissionais de outros países.
Os times universitários e amadores são uma opção para começar na área. Assim, é possível, colocar um pé no setor e conseguir mais experiência. Porém, é preciso conhecer bem o jogo para desempenhar bem a função
Analista
Outro cargo curioso que ganha espaço nos eSports e também é comum em outras modalidades. Envolve coleta de dados e análises de estatísticas de jogadores e equipes.
Um analista pode trabalhar para um time, concentrando suas atenções em aprimorar as táticas e dar suporte ao coach. Além de reunir informações sobre pontos fortes e fracos dos oponentes.
Outra opção é apoiar as equipes de transmissão, com números relevantes.
Juíz
O profissional é o responsável por certificar que as equipes seguem as regras do campeonato a cada partida disputada. Ele deve conhecer o regulamento a fundo para aplicar as devidas punições para cada infração cometida. É comum vê-los atrás dos jogadores e na frente dos computadores durante as partidas.
Streamer de games
Hoje, os fãs não se limitam só a jogar. Plataformas como a Twitch (para jogos de computador e console) e a Nimo TV (focada em games mobile) contam com diversas pessoas transmitindo suas partidas, dos mais variados jogos.
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A prática pode ser um simples passatempo ou fonte de dicas para melhorar o desempenho de um iniciante, treinar jogadas e até mesmo comentar competições. Por isso, os streamers tem ganhado espaço ao produzir conteúdo para a internet.
Já que a credibilidade é um importante fator para ter sucesso nesta ocupação, ela se tornou uma prática comum entre pro-players e pessoas conhecidas no cenário de uma determinada modalidade.
Dois exemplos no Rainbow Six são Camila “Kalera”, que é streamer e jogadora profissional da Medusa Players, e Leo “ziGueira”, jogador aposentado de “R6” da Team Liquid. Gabriel “Kami” – o jogador se aposentou em 2018 e anunciou seu retorno ao competitivo em setembro – e Felipe “YoDa” são alguns jogadores profissionais que também se dedicam a produção de conteúdo.
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