Se você prestar atenção nos níveis de produtividade no seu ambiente de trabalho ao longo da sua jornada de oito horas, vai descobrir que, em parte do tempo, seus colegas provavelmente aparentam estar focados – mas na verdade não estão produzindo o tempo todo.
Em uma pesquisa recente da plataforma norte-americana de recrutamento Blind, quase 45% dos trabalhadores de tecnologia disseram que passam quatro horas ou menos focados no trabalho — ou seja, em um estado de fluxo ininterrupto, concentrando-se em tarefas importantes do seu dia. 25% dos entrevistados disseram que trabalhavam oito horas ou mais por dia.
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Alguns profissionais disseram que o esgotamento mental diminui sua produtividade no trabalho, enquanto outros disseram que tarefas de pouca relevância, como trabalho administrativo, reuniões e outras atividades consideradas tarefas “domésticas” de escritório, diminuem sua produtividade.
Em março, Keith Rabois, sócio geral do Founders Fund, conhecido por ter tido sucesso em investimentos no PayPal, LinkedIn e a plataforma de software Square, questionou a cultura do “trabalho inútil” nas empresas de tecnologia. “O que essas pessoas realmente fazem?”, disse Rabois.
Isso faz com que nos perguntemos qual é o verdadeiro valor de um profissional: as horas que gastamos fisicamente sentados em nossas mesas ou os resultados concretos que entregamos? O objetivo é aparentar trabalhar o dia todo ao seu chefe ou patrão ou realmente concluir tarefas e projetos com resultados relevantes, não importa se isso leve mais ou menos tempo que a jornada normal diária?
Tarefas e distrações diminuem a produtividade
Passar longos dias no escritório não resulta em eficiência e produtividade. Todos nós já estivemos passamos por isso. Você engata no ritmo do seu trabalho e, repentinamente, é atingido por uma enxurrada de interrupções. É difícil voltar ao mesmo ritmo que você estava. O estudo Work Trend Index 2023, da Microsoft, descobriu que 68% das pessoas estão com dificuldade de ter períodos de foco ininterrupto para tarefas que exigem atenção.
Reuniões desnecessárias muitas vezes entram em conflito com o término de tarefas. Ou, ainda, funcionários precisam se preparar para uma reunião importante enquanto estão presos em outra que não é produtiva. A pesquisa da Microsoft mostra exatamente isso: reuniões ineficientes são o principal obstáculo da produtividade no trabalho.
Como otimizar seu dia de trabalho
Cada ser humano é mais produtivo de maneiras diferentes. Em vez de trabalhar sempre das 9h às 18h só porque esse é o horário comercial, faria mais sentido para as empresas flexibilizar as jornadas para elas coincidirem com os picos de produtividade de cada funcionário. Algumas pessoas gostam de acordar cedo para começar imediatamente a trabalhar, enquanto outros produzem melhor depois de algumas xícaras de café ou durante a noite, quando tudo está calmo e tranquilo.
As exigências de trabalho estressantes, incluindo tomar centenas de decisões diárias e frequentemente resolver problemas urgentes, levam à fadiga. Se você chegar nesse ponto, pode tomar decisões ruins por pura exaustão, pois seu cérebro está funcionando com menor eficiência.
Para cada duas horas de foco, você deve fazer uma pausa de 20 minutos a 30 minutos, de acordo com o Borna Bonakdarpour, neurologista comportamental da Northwestern University. A sobrecarga cognitiva é uma coisa real e nosso cérebro requer períodos de descanso. “Quando você acelera o metabolismo cerebral, ele gera resíduos que precisam ser eliminados e limpos”, disse o neurologista.
Para maximizar todos os benefícios de uma pausa, você deve se desligar completa e psicologicamente do seu trabalho. Isso não significa mudar de tarefas exaustivas para atividades mais automáticas, como checar seus e-mails. A melhor coisa que você pode fazer é sair de sua mesa e caminhar, pois a atividade física aumenta o fluxo sanguíneo no cérebro e beneficia a função cognitiva. Essa pausa ajudará seu cérebro a se recuperar da fadiga crescente e se abrir para ideias inovadoras.
* Jack Kelly é colaborador sênior da Forbes USA. Ele é CEO, fundador e recrutador executivo da WeCruitr, uma startup de recrutamento e consultoria de carreira.
(Traduzido por Gabriela Guido)