“Não há liderança sem reflexão,” diz Ilka Horstmeier, executiva alemã com 28 anos de carreira na BMW
Na Alemanha, um país conhecido pela estrutura e pela ordem, o valor da introspecção é evidente. E pode ser observado no estilo de liderança de Ilka Horstmeier – membro do conselho para Recursos Humanos e Mercado Imobiliário da fabricante de automóveis alemã BMW AG.
A introspecção é a análise dos próprios pensamentos e sentimentos, processos mentais e emocionais. Ilka Horstmeier atribui isso à sua capacidade de gerenciar pessoas, entregar projetos de mudança transformacional e impulsionar a excelência operacional de forma sustentável. “Não há liderança sem reflexão”, diz a executiva.
Leia também:
- “Meu primeiro cargo de liderança foi como CEO”, diz brasileira executiva da Siemens
- VP do Mercado Pago lidera mudança que atrai 65 milhões de usuários
- Diretora de vacinas da Sanofi busca liderança mais humana com mulheres no topo
Única mulher no conselho de administração da empresa, Horstmeier precisou mergulhar na gestão de crises quando assumiu o cargo em 2019. Os temas eram Covid, as dificuldades na cadeia de abastecimento e os efeitos da invasão da Rússia na Ucrânia. “É importante não se incomodar se você tomar o caminho errado durante uma crise – simplesmente reconheça isso, siga em frente e tome um rumo diferente.”
Transformação industrial
Ilka Horstmeier iniciou sua carreira no Grupo BMW em 1995 como trainee. Pouco depois, passou para a produção antes de se tornar vice-presidente sênior de motores de produção e planejamento e trem de força elétrico, em 2013. Em 2018, tornou-se chefe da fábrica da BMW em Dingolfing, na Alemanha, e é membro do conselho de RH e mercado imobiliário desde novembro, de 2019. Ao longo da sua jornada, ela esteve no centro da maior transformação da indústria: tornar o Grupo BMW elétrico, digital e circular.
Com base na constatação de que a mobilidade individual continuará a ser uma necessidade importante para muitas pessoas no futuro, a empresa estabeleceu o objetivo de tornar o automóvel mais sustentável. A ideia é rever toda a cadeia de valor em torno do princípio da circularidade e reduzir a pegada de carbono dos veículos da marca, em vez de apenas produzir motores elétricos. Isso leva, como descreve Horstmeier, a uma fase de transição para a sustentabilidade, não só no que diz respeito à produção, mas também social e economicamente, garantindo empregos e proporcionando aos trabalhadores qualificações de competências do futuro.
Preparando os funcionários para o futuro
Horstmeier e sua equipe querem garantir que a BMW esteja na vanguarda da competição pelos melhores talentos, que possam encontrar as pessoas certas para áreas cruciais, e, acima de tudo, deixá-las animadas para trabalhar na empresa. Para isso, alinharam os modelos de trabalho da BMW depois da pandemia e trabalharam com temas como diversidade de gênero e igualdade de remuneração.
Horstmeier lidera essas transformações com calma. O melhor exemplo é o fim da produção de motores na fábrica mais antiga da BMW em Munique. Mais de 1.200 funcionários foram treinados para novas tarefas e colocados em empregos preparados para o futuro. “Agora estou pegando o que aprendi no chão de fábrica e usando isso para desenvolver nossos talentos em escala global.”
“Nosso departamento de RH trabalha em colaboração com as áreas técnicas do negócio, como nossas divisões de pesquisa e desenvolvimento e produção”, explica a executiva de 54 anos. “Isso nos ajuda a acompanhar as mudanças que estão acontecendo no setor e analisar as competências e ajustar o que estamos fazendo com antecedência.”
Inspiração através da liderança
Olhando para o mundo e os seus desafios, uma coisa é clara: a única constante será a mudança. Com a sua firme crença no poder da liderança, Horstmeier se dedica a criar uma gestão mais eficaz e responsável.
Liderança diz respeito não apenas ao desempenho dos líderes, mas também à atitude, que requer vontade e capacidade de ter o comportamento certo nas áreas de tensão, dependendo do contexto e da situação. A BMW chama isso de “ambidestria”.
Horstmeier acredita que líderes fortes devem ser apaixonados pelo que fazem. Só então poderão liderar uma das maiores transformações da história da indústria automotiva. Não importa de onde venham, ou o problema que estejam enfrentando, eles querem resolver e eles resolvem.
Como líder na área de RH, Horstmeier diz que é preciso não apenas assumir responsabilidade pelos seus próprios funcionários, mas também pela sociedade. A executiva também faz parte de uma ampla gama de iniciativas da BMW nas áreas de liderança, educação, inclusão e cultura.
Segundo ela, a diversidade “nunca é ‘unidimensional’. Também precisamos de uma variedade de pessoas de diferentes origens culturais e áreas de experiência, se quisermos maximizar a nossa solução criativa de problemas”.
No final, é tudo uma questão de gestão: “Seja inspirado e inspirador, e você terá mais chances de fazer com que as pessoas te sigam. Aprenda e cresça e você terá mais chances de tomar decisões melhores. Mantenha-se persistente e confiante e você terá mais chances de sucesso.”
*Mandeep Rai é colaboradora da Forbes USA. Ela é autora do best-seller “The Values Compass” e já viajou por mais de 150 países trabalhando como jornalista para veículos globais como BBC e Reuters. Também já trabalhou no JPMorgan, na ONU e com Ongs.
(traduzido por Fernanda de Almeida)
