Se a pandemia representou um golpe econômico e social importante a todos os brasileiros, em relação ao mundo que também sofreu tanto em mortes em relação à população e ainda mais que nós, os efeitos sobre os seus indicadores de retração foram ainda mais devastadores.
Longe de ser um consolo entre tantas tragédias, refiro-me à posição relativa do Brasil entre as dez maiores economias do mundo, hoje e em 2050.
Vários estudos autorais, como o da KPMG, entre outros, traçam uma projeção dos países e de suas riquezas naquele ano, e são menos de 30 anos ou de uma geração, entre hoje e lá e, surpresa aos pessimistas e negacionistas, nos colocam invariavelmente entre as cinco maiores economias do mundo.
Fake news? Vamos aos números da PwC que indica a relação dos sete maiores:
Mesmo ainda sem o plano decenal tão necessário e em elaboração pelo governo federal em conjunto com os estados, municípios e entidades da sociedade civil, o país continuará a crescer e em termos de PPP (Purchasing Power Parity), hoje superior a 3 trilhões de dólares, ultrapassará todas as economias do G7 menos a dos Estados Unidos. Além das responsabilidades inerentes a tal posição de destaque internacional, um olhar para o bem-estar interno será fundamental.
A começar pelos cuidados à mãe, antes mesmo de as crianças nascerem, e a atenção para o pré-natal e as primeiras fases de vida, além do apoio e da criação do sistema educacional desde os primeiros meses de vida e o acesso à escola maternal e primária, nos farão criar de fato uma sociedade que, com o aumento da riqueza e o uso disciplinado e honesto dela, eliminará os bolsões de pobreza que hoje nos envergonham.
E mirando, por exemplo, na Indonésia, China e Índia, veremos que a educação (desde o pré- -natal até o básico e elementar) está determinando os saltos impressionantes desses países.
Gasta-se muito no Brasil, em nível de países da OCDE, e, infelizmente, os resultados têm sido medíocres. Desde o combate ao analfabetismo e ao semianalfabetismo até os ciclos escolares, salvando-se o ensino universitário. Além da educação, nenhum país será respeitado como a quinta economia mundial se não resolver o seu problema sanitário: metade da população não tem acesso à água potável e à rede de esgotos.
Educação e saúde serão fundamentais para atingirmos US$ 9,164 trilhões de PIB e nos mantermos no grupo de nações líderes na economia e no bem-estar social.
Para nos tornarmos desenvolvidos, teremos de quebrar o tabu da renda per capita superior a US$ 20 mil, o que exige um esforço hercúleo de poupança interna e de controle dos gastos governamentais, gerando recursos para investimentos públicos em quantidade e qualidade, que hoje desapareceram de nosso horizonte com déficits crescentes nos orçamentos.
O caminho está traçado e, como dizia Euclides da Cunha: “Estamos condenados à civilização. Ou progredimos ou desaparecemos”, todos engolfados nas desigualdades e injustiças sociais.
Agora é a hora da consciência coletiva e do caudal de bom senso, que nos tem sempre evitado de cair no abismo, nos levarem a encontrar, com serenidade, a melhor rota política, social e financeira.
O quinto lugar em 2050 deve mostrar que, se nos unirmos para esse objetivo, o mundo desigual de pobreza e riqueza, de doenças e sofrimentos, será vencido, e em não mais tempo do que o de uma geração que hoje está nascendo, nesta triste pandemia.
Mario Garnero é Chairman do Grupo Garnero e presidente do Fórum das Américas
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