Haja fôlego e pique para ser Silvana Tinelli, italiana nascida no Egito e brasileira por opção e coração. Publicitária, fotógrafa, empresária, artista plástica, comunicadora e influencer, ela vive uma temporada de comemorações.
Em março publicou uma autobiografia, “Meus Primeiros Oitenta Anos”, e desde fevereiro está no ar na TV paga – no canal Sabor & Arte – com a série de gastronomia “Itália, Por Silvana Tinelli”, baseada no livro que escreveu em 2019 com dicas de viagem, observações culturais e muitas receitas de seu país de origem. Afinal, além de tudo, Silvana também é de forno & fogão.
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“Fiz questão de lançar meu livro de memórias no dia 17 de março porque é a data em que, no ano passado, recebi o diagnóstico de Covid”, conta. Silvana foi internada e, apresentando sintomas graves, permaneceu na UTI por 21 dias. “Eu quase morri”, lembra.
Ela conta como despertou da doença: “Acordei e falei para o meu companheiro, Walter (Palhares Cabral), vou escrever um livro e vai se chamar ‘Meus Primeiros Oitenta Anos’”. Dito e feito, começou a escrever ainda no hospital, relatando os momentos de delírio provocados pela Covid. Silvana está convencida de ter recebido um milagre. “Sem a corrente de amor da família e dos amigos e do meu companheiro sempre ao meu lado, eu teria sucumbido”, acredita.
Nascida em Alexandria, no Egito, de pais italianos, Silvana conheceu as agruras da Segunda Guerra na infância e chegou ao Brasil ainda adolescente. Aqui, se apaixonou e casou com um italiano, imigrante como ela, Attilio Tinelli, self made man que fez fortuna na nova pátria.
Com educação cosmopolita e fluente em vários idiomas, Silvana não se limitou ao papel de esposa de empresário e tratou de construir sua própria trajetória profissional de sucesso. Marcou presença como fotógrafa e publicitária nos anos 1980 e 90, tendo conquistado contas de grandes empresas como a Kimberly-Clark. “Sou de uma cultura em que todos precisam resguardar seus mundos, fazer suas tarefas, trabalhar”, escreveu em suas memórias.
Também atuou no trabalho social, mantendo por dez anos o Lar Mamma Emma – para crianças em situação de vulnerabilidade – criado logo após a morte de seu marido Attilio, em 1988. “Era uma maneira de devolver ao Brasil tudo que ele e eu recebemos do país”, declara. Silvana relatou a empreitada em seu primeiro livro, “Primeira Chance”, contando histórias de crianças do lar adotadas por casais estrangeiros. “Ao todo, encontramos lares para mais de 400 crianças”, conta orgulhosa.
Hoje, reinventada como artista plástica – ela possui uma galeria, com ênfase em arte brasileira no Nordeste – e influencer, Silvana informa que deseja prosseguir comemorando a vida.
“Quando eu tinha 40 anos, eu pensava em sucesso como êxito profissional e financeiro. Agora tenho o privilégio de poder olhar para trás e ver tudo o que fiz e os valores que vou deixar para o meu filho Fabio e meus netos, Lorenzo, Stefano e Vittorio: seriedade e honestidade”.
A seguir, os principais momentos do encontro com Silvana Tinelli.
Ageless
“Durante muito tempo escondi a minha idade. Chegava a pagar inteira no cinema só para não entregar que já havia passado dos 60 anos. Se eu pudesse, tiraria dez ou 15 anos do meu passaporte. Quando acordei do delírio da Covid, ainda na UTI, vi que tudo isso é uma grande besteira. Daí o título do meu livro. Agora estou pensando nos próximos 80 anos”.
Autorretrato
“No meu livro contei toda a minha trajetória de sucessos e insucessos, alegrias e tristezas. Porque essa é a minha vida e não me arrependo de nada.”
Renascimento
“Acredito que fui agraciada com um milagre porque, enquanto estava na UTI, eu realmente senti pessoas mexendo no meu pulmão e ele ficava cintilante. No dia seguinte minha febre baixou, eu consegui acordar, me comunicar e sair da UTI. Depois de 21 dias.”
Coração da mamma
“Meu primeiro livro, ‘Primeira Chance’, foi escrito para contar sobre o Lar Mamma Emma, que criei para acolher crianças de 0 a 5 anos em situação de vulnerabilidade. Não só para devolver o acolhimento que meu marido e eu recebemos como imigrantes, mas também porque me lembrava dos tempos difíceis na Segunda Guerra Mundial, quando era criança e muitas crianças se tornaram órfãs ou foram abandonadas. Todos passamos por muitas necessidades. Meu trabalho no lar era colaborar para a formação de novas famílias. Infelizmente, decidi fechar o lar por diversas razões. Mas considero que fiz a minha parte.”
Streaming, Itália e Andes
“Eu virei Youtuber, criei um canal na plataforma, porque sou uma comunicadora e a ideia é falar de vários assuntos, de viagens, cultura e culinária. Já programa na TV é uma adaptação do meu livro ‘Itália por Silvana Tinelli’, que fiz para homenagear minhas raízes e o país que amo tanto. Meus pais eram de Trieste e me casei com um genovês. Então, são doze episódios falando de doze cidades italianas com suas principais atrações, os ingredientes locais e receitas de pratos clássicos. Tem Nápoli, Parma, Venezia, Roma, Milano… Quem escreve meus scripts é meu neto Stefano, de 20 anos. E a convidada mais frequente, que invade a cozinha, é a minha querida Mafalda, uma alpaca que veio dos Andes e mora lá em casa.”
Com Mario Mendes
Donata Meirelles é consultora de estilo e atua há 30 anos no mundo da moda e do lifestyle.
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