Todos os dias recebo dezenas de mensagens me perguntando se há uma idade ideal para começar a investir. Invariavelmente, a minha resposta é que, se você ainda não começou, já está atrasado, seja lá qual for a sua idade.
Claro que isso é uma brincadeira para tentar dizer que o quanto antes for possível começar sua jornada de investidor, mais rapidamente os resultados virão. E, se você for bem jovem e tiver o tempo a seu favor, melhor ainda. Isso permitirá que os juros compostos atuem ao longo de muitos anos e lhe garantam um bom patrimônio, mesmo que você tenha começado a investir com pouco dinheiro.
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Dados da B3 apontam que, até março deste ano, quase 75% dos 5 milhões de investidores tinham menos de 45 anos. O lado positivo disso é que as pessoas estão começando mais cedo seu planejamento financeiro, mas, em contrapartida, um outro dado chama muito a atenção: pessoas acima dos 45 anos ainda investem pouco.
Algo que tenho observado em parte do público mais maduro é que ainda está muito presente a percepção errônea de que já ficou tarde para começar e de que agora já não adianta mais.
Se você tem mais de 45 anos e tem esse pensamento, eu tenho duas notícias pra você: a primeira é que você está totalmente equivocado. A segunda notícia é que você irá viver muito, e, para isso, vai precisar de dinheiro.
De acordo com o IBGE, a expectativa de vida dos brasileiros é de 73,3 anos para homens e 80,3 anos para mulheres. Sendo assim, é muito importante que a população com 45 anos ou mais tenha um plano financeiro para os próximos 30 a 40 anos. Se você está nessa faixa etária e ainda não está se preparando para isso, é melhor agir rápido.
Nunca é tarde para começar a investir. Porém, se você já está começando em uma fase mais madura, precisará ajustar sua estratégia para tentar tirar o melhor proveito possível do tempo que tem pela frente e colocar, o quanto antes, seu dinheiro para trabalhar para você.
Organize suas finanças
Esse é o primeiro conselho que todo educador financeiro irá te dar, independentemente da sua idade. Revisar receitas e despesas e adotar um padrão de consumo consciente é algo que pode e deve ser feito em qualquer idade.
No entanto, quanto mais próximo você for ficando da maturidade, mais rigoroso e disciplinado com suas finanças você precisa ser.
Além do controle básico de receitas e despesas, é importante avaliar seus passivos financeiros, como financiamentos, dívidas com cartão de crédito, empréstimos, etc. O ideal é que você se organize para eliminar esses passivos antes de envelhecer.
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Afinal, o crescimento da expectativa de vida pode trazer consigo também o aumento de gastos com saúde e alimentação. Portanto, quanto menos compromissos financeiros você tiver, maior será sua qualidade de vida no futuro.
Gaste agora o tempo que for preciso para avaliar seu custo de vida e dedique-se a um bom planejamento. Quanto mais se empenhar nessa tarefa, mais alternativas você irá encontrar para reduzir despesas e otimizar receitas.
Seus investimentos têm que refletir seu planejamento de vida
Se o seu plano é se aposentar dentro de 10 a 15 anos e você está começando a investir agora, é provável que sua carteira precise contemplar alguns ativos de maior risco, que propiciam maior crescimento patrimonial, combinados com outros, mais conservadores.
Eu sei que, inicialmente, pode parecer contraditório falar em riscos para uma pessoa mais velha que está começando a investir tardiamente. Talvez você pense “mas agora que estou mais velho, não posso me arriscar” e eu compreendo sua preocupação.
Mas o risco a que me refiro aqui não é aleatório. Falo de um risco calculado, feito com a orientação correta de quem entende de investimentos.
O fato que precisamos ter claro é que uma pessoa com mais de 45 anos se beneficiará menos dos juros compostos, pois o tempo para acumulação é menor. Dessa forma, se você necessita de alta rentabilidade para poder atingir sua meta financeira para a aposentadoria, vai precisar definir um percentual de sua carteira para expor a um pouco de risco.
Antes de investir, estude e busque informações em fontes confiáveis. Exposição ao risco não significa cair no “canto da sereia”. É muito comum vermos, no mercado financeiro, algumas ofertas tentadoras, com rentabilidades muito altas e, em muitos casos, irreais.
Se você não estiver bem informado, pode entrar em ciladas bem perigosas. Não existe milagre: quanto maior a rentabilidade, maior o risco, então uma alocação estruturada, que equilibre riscos e retorno é fundamental.
Afinal, quem está na faixa dos 50 precisa mediar duas coisas: por um lado, não pode correr o risco de perder grande parte de seu patrimônio, pois não há tempo hábil para reconstruir tudo.
Por outro lado, o maior de todos os riscos é o dinheiro não crescer e a velhice chegar sem que você tenha uma reserva que lhe garanta qualidade de vida.
Por isso é tão importante que você analise suas finanças o quanto antes e faça projeções baseadas no tempo que falta até começar a usufruir do dinheiro. Esse é o ponto de partida que irá determinar se você precisa se expor a riscos ou se poderá manter-se em ativos mais conservadores.
Além disso, esse estudo irá mostrar o valor necessário de aporte mensal e a rentabilidade necessária para atingir sua meta. Em outras palavras: seu planejamento financeiro será seu mapa de navegação daqui até a sua aposentadoria.
Não investir seu dinheiro é um luxo que você não pode pagar
O maior risco de todos é ficar paralisado, achando que é tarde demais e, com isso, acabar não fazendo nada. Se você está na faixa dos 50 anos e ainda não começou a investir, seu horizonte de tempo para acumulação é menor, portanto, comece imediatamente.
No começo, pode parecer bem desafiador, pois quando se está começando a investir, os rendimentos parecem tão insignificantes que não motivam. Mas, nesta fase, você tem que focar na disciplina e a motivação para fazer isso tem que vir do seu compromisso com o seu projeto de futuro.
Pois bem: a disciplina é a capacidade de fazer coisas que podem ser difíceis e nada divertidas, mas que são necessárias para o sucesso. Criar o hábito de investir e buscar as habilidades necessárias para fazer isso da melhor forma é trabalhoso, mas a recompensa é muito boa.
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Uma característica comum a todos nós é a tendência a superestimar as atitudes de curto prazo e subestimar as de longo prazo. É sempre tentador pensar em gastar as economias com algo que nos encanta, em nome do “só se vive uma vez”. Assim como é confortável abrir mão de investir dinheiro para o futuro apoiado na muleta do “eu nem sei se vou estar vivo amanhã”.
É claro que ninguém sabe o futuro, porém, o mais provável é que você esteja vivo amanhã e também nos próximos 30 ou 40 anos e isso vai custar dinheiro.
Envelhecer com autonomia financeira, podendo fazer tudo o que desejar e, sobretudo, podendo se sustentar com dignidade é o desejo de todos nós. Uma boa situação financeira significa mais saúde, liberdade e uma vida com mais significado. Portanto, assuma o controle de sua vida financeira para que você controle o dinheiro e não o contrário.