A pauta de equidade de gênero não é uma novidade no século 21 e os resultados da maior presença feminina no ambiente corporativo já são notórios.
Apesar de o Brasil ainda enfrentar problemas, como a disparidade nos salários e na ocupação de cargos, a perspectiva é que essas diferenças diminuam. Grandes empresas trabalham cada vez mais para concretizar essa expectativa.
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O protagonismo feminino é de extrema importância para mulheres – e para homens também. Quando debatemos questões relacionadas a gênero, abordamos também as dinâmicas sociais e culturais. Tive o privilégio de iniciar esse debate em 2004 com uma mulher admirável: Luiza Trajano, com quem tive a honra de fundar o IDV (Instituto para Desenvolvimento do Varejo). Com ela, entendi a diversidade como parte estrutural da questão – a ótica que faltava.
A padronização – o oposto da diversidade – empobrece as decisões. A somatória de vivências e pontos de vista precisa estar refletida nas empresas. Dar espaço às mulheres no mundo corporativo é obrigatório. Identificar potenciais mulheres líderes, e ajudá-las a ganhar espaço, é um passo fundamental para qualquer grande corporação.
No Grupo Guararapes, esse avanço segue em ritmo acelerado. Entendemos que mulheres contribuem de forma mais ampla para tomada de decisões. Essa perspectiva feminina tem sido importante, sobretudo em assuntos relacionados à escolha de sucessores, à identificação de talentos e às transições de comando.
Dados do McKinsey Study mostram que empresas com mulheres na liderança têm maior resultado operacional (48%), maior alta no faturamento (70%) e menos casos de falência (20%). No grupo Riachuelo, 63% dos cargos de comando estão nas mãos de mulheres. Não é apenas uma escolha baseada no gênero, mas sim na capacidade que essas mulheres têm de gerenciar crises, propor mudanças e gerir recursos. Não foi à toa que o grupo mereceu o selo “Woman on Board”, que reconhece a presença de mulheres em cargos estratégicos, de liderança, nos conselhos de administração ou consultivos.
Uma delas é Cidinha Fonseca, a papisa dos recursos humanos, pessoa inspiradora que presenciou as transformações no mercado de trabalho nas suas dimensões econômica, social e cultural. Detentora de um currículo ímpar, Cidinha está sempre à frente do seu tempo. Propôs intervenções no Grupo Guararapes e endossou a aceleração do nosso processo de governança, num momento em que essa questão ainda não era central para muitos empreendedores.
Por fim, se até poucas décadas atrás o estereótipo do homem líder corporativo era predominante, devo salientar que esse mundo mudou e não tememos seguir essa transformação. Vamos avançando, dando espaço e abraço, pois, além dos conflitos entre os papéis corporativos e os relacionamentos interpessoais, há pessoas e corações. Nem tudo será perfeito. As mulheres ainda vão encontrar por aí empecilhos de todas as formas. E é exatamente por isso que, mais do que nunca, devemos continuar lutando. Da nossa parte, continuaremos sempre ao lado delas.
Flávio Rocha é presidente do conselho de administração do Grupo Guararapes.
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Coluna publicada na edição 94, de fevereiro de 2022