Para evitar a responsabilidade pelo aumento dos preços, o presidente Biden e sua equipe estão culpando as empresas gananciosas, principalmente frigoríficos, produtores de petróleo e gás e companhias farmacêuticas.
Cada vez mais se diz que, se a inflação não diminuir em breve, a Casa Branca poderá impor controles de preços “temporários” sobre produtos importantes para os eleitores, como carne bovina, frango, gasolina, óleo de aquecimento e vários medicamentos sujeitos a receita médica.
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Isso seria desastroso. Milhares de anos de experiência demonstraram que os controles não funcionam. Eles pioram as coisas porque atacam os sintomas e não a causa subjacente, que é a desvalorização da moeda.
Os governos sempre procuram bodes expiatórios para a inflação: o Império Romano culpava os cristãos; a Europa medieval incriminava as bruxas; o presidente Richard Nixon apontava o dedo para os especuladores monetários e os produtores de petróleo árabes como causadores da Grande Inflação dos anos 1970. No entanto, Nixon precipitou essa crise devastadora quando retirou os EUA “temporariamente” do padrão-ouro, em 1971, e impôs controles sobre preços e salários. Ao conterem artificialmente os preços, os controles aumentam a demanda dos produtos, prejudicando a criação desses bens porque os produtores não conseguem cobrir seus custos crescentes.
Veja um alvo favorito da Casa Branca, a carne. A demanda de carne deu um salto em todo o mundo durante a pandemia. De início, esse salto inesperado elevou os preços, motivo pelo qual os lucros dos frigoríficos aumentaram momentaneamente. Contudo, isso mudará à medida que os custos de produção aumentarem. O custo da ração animal vem subindo e o preço dos combustíveis está significativamente maior. Outros materiais, como embalagens, estão mais caros.
E ainda há a escassez de mão de obra. Os salários estão aumentando, o que também significa preços mais elevados.
Esses lucros mais polpudos não vão durar. É esse o padrão histórico de certos ramos nas fases iniciais da inflação. Entretanto, o governo vem impondo mais regulamentos e está pronto para gastar US$ 1 bilhão em subsídios a pequenos frigoríficos regionais a fim de promover a “concorrência”.
Steve Forbes é presidente e editor-chefe da Forbes norte-americana. Escreve editoriais para todas as edições da versão impressa da Forbes, com reprodução na edição brasileira da revista, com o mote “Fato e Comentário”. Amplamente respeitado por seus prognósticos econômicos, ele é o único escritor a ganhar o prestigioso prêmio Crystal Owl Award quatro vezes.
Artigo publicado na edição 95 da revista Forbes, em março de 2022.