Em 1994, durante uma viagem à Holanda, o paulistano Alexandre Perroud percebeu um nicho ainda inexplorado no Brasil: o universo das headshops, lojas especializadas em produtos voltados aos adeptos do fumo. “Fiquei maravilhado. As lojas eram coloridas, modernas e tinham parafernálias para todo tipo de fumo”, recorda. De volta ao Brasil, deu os primeiros passos para a criação do que chama de tabacaria contemporânea. A ideia foi lançada no Mercado Mundo Mix, feira underground itinerante que projetou nomes importantes da moda como Alexandre Herchcovitch e Marcelo Sommer.
“As primeiras importações de cachimbos, bongs, papéis, trituradores e máquinas para enrolar fumo foram feitas na mala, estourando o cartão de crédito”, lembra. Na esteira do Mundo Mix, viajava cada semana para uma capital, passando por São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre, e fazia novos clientes. Passados três anos e após pedidos, ele inaugurou sua primeira loja, a Ultra 420, dentro da Galeria Ouro Fino, na Rua Augusta (SP).
Em 1997, surgiu seu primeiro grande desafio. “Com a valorização do real, um cachimbo importado que custava R$ 30 passou a R$ 100. Foi quando decidi buscar fornecedores locais para criar as peças. Um mestre vidreiro italiano radicado no Brasil e outro mestre peruano abraçaram a ideia e são meus fornecedores até hoje.'”
Posteriormente, abriu uma loja virtual (www.ultra420.com.br), onde são comercializados 600 produtos entre fumos, cinzeiros e cachimbos, e uma unidade no Rio de Janeiro (no Arpoador). Atualmente, 50% dos itens à venda são importados e a outra metade é produzida no Brasil – desses, 60% de marca própria. Boa parte dos clientes tem entre 18 e 30 anos, mas há compradores mais velhos também, na faixa dos 70 anos. “Tem aumentado o número de pessoas que fazem o próprio cigarro”, conta.
Hoje, 20 anos após iniciada sua empreitada, Perroud prepara-se para formatar a primeira rede de franquias do ramo. O projeto, que será iniciado em 2015, é ambicioso: visa alcançar o número de 100 lojas da Ultra 420 no país. Por uma unidade de cerca de 30 metros quadrados, o franqueado terá que desembolsar por volta de R$ 100 mil. Para ter uma ideia da receita, a primeira loja da marca, em funcionamento na Rua Augusta, fatura R$ 60 mil por mês, chegando a R$ 100 mil em dezembro. A unidade do Rio de Janeiro fatura menos – por volta de R$ 40 mil/mês. Segundo Perroud, o crescimento anual das lojas é de cerca de 15%. “Esse mercado não é estagnado”, observa.
A ideia é ter de oito a 10 unidades em operação neste formato em 2015 em São Paulo e no Rio de Janeiro. O desembarque em outros estados ocorrerá em 2016.
Antes disso, até dezembro, a Ultra 420 abre uma loja própria em Niterói (RJ) e planeja, para 2015, a estreia de quiosques em shoppings e a inauguração de mais uma loja de rua na capital paulista – provavelmente em Moema ou Higienópolis.
Para abastecer o varejo, Perroud também atua como fabricante e distribuidor de cachimbos de metal e de vidro, papéis para cigarro e bongs purificadores (narguile moderno). As lojas também vendem trituradores, incensos com aromas exclusivos e aromatizantes de ambientes com tecnologia desenvolvida para eliminar cheiro do fumo (aprovada pela Anvisa, garante o empresário).