O americano Felipe Hillard explica que a grande função do Uber é facilitar a vida de viajantes globais
O americano Felipe Hillard, diretor de desenvolvimento de negócios da consultoria inglesa de inovação Fjord, adquirida pela Accenture em 2013 e especializada em criar experiências digitais aos usuários de internet, mal se mudou para o Brasil e já se deparou com uma guerra entre taxistas e motoristas que fazem uso do aplicativo Uber. Como já morou em Madrid, na Espanha, o filme não é novo para Hillard, que viu o o negócio da Nova Economia morrer no país, após tornar-se completamente ilegal. Em Paris, recorda, taxistas fecharam várias rodovias e atearam fogo em protesto ao “software de carona remunerada”. “Eu gosto do modelo de Londres, que força a competição, que abre espaço para o poder de escolha. E é essa a pergunta que devemos fazer no final do dia”, afirmou a FORBES Brasil, após palestrar a uma plateia composta por 250 empresários e executivos que participam do 6º Fórum de Marketing Empresarial, no Guarujá, neste final de semana.
Sobre o barulho que o Uber vem promovendo no Brasil, Hillard diz que o caminho é igualar as condições de trabalho de taxistas e motoristas particulares do Uber em múltiplos níveis, para ninguém se sentir prejudicado. Isso inclui oferecer licenças a ambos e cobrar taxas iguais. O especialista em tendências de internet, no entanto, é contrário à bandeirada fixa. Neste ponto, ele é a favor do livre mercado. “Agora, sobre a legalização ou proibição do Uber, o poder de veto ou de aceitação, muitas vezes a decisão está nas mãos da cidade (leia-se, do prefeito), que vai definir se igualará as condições de trabalhos ou amenizará as exigências aos taxitas. Em Long Beach, na Califórnia, por exemplo, a discussão é a mesma. Só que a Prefeitura está ajudando os taxistas a competir com o Uber a partir de reduções de tarifas, dentre outras ações”, conta.
UBER TEM FUTURO?
O Uber sobreviverá? Ao invés de dar uma resposta direta, ele prefere abrir o tema para discussões. “Toda indústria tem tecnologias disruptivas. O desafio do Uber é criar valor e, hoje, o único valor que eu enxergo em seu uso é para o viajante internacional, que não precisa trocar de aplicativo e nem de cartão de crédito quando precisa de um carro em São Paulo, em Londres ou em qualquer outra cidade que tenha Uber disponível. A experiência é a mesma. Eu me pergunto, no entanto, qual o valor do Uber para quem vive em São Paulo ou Londres e não viaja? Além de pontos como preço melhor e conforto, é preciso ter algo mais. Não sei o que seria este algo mais, mas é necessário ter”, analisa.
Apesar dos obstáculos enfrentados hoje pelo negócio, Hillard faz um alerta ao Brasil: “seria muito interessante que o Rio de Janeiro vivenciasse o Uber durante os Jogos Olímpicos em 2016. No Carnaval, havia uma fila enorme de espera para conseguir um táxi. Imagine na Olimpíada, com a quantidade de estrangeiros que virão ao Rio, como o Uber traria novas experiências”, reflete.