Há cinco meses, quando a investidora Milva Lopes deixou para trás 22 concorrentes e ganhou a concessão para revitalizar e administrar o prédio social do Jockey Club de São Paulo, endereço icônico da capital paulista, ela se deparou com uma herança apagada pela ação do tempo. O piso parquet de madeira dos salões que já receberam festas memoráveis estava escondido por uma espécie de tinta preta. Lustres antiquíssimos pertencentes ao acervo do clube estavam guardados e não expostos nos amplos banheiros e em outras áreas comuns como ocorrera no passado. Os dois bares, outrora bem frequentados, haviam se transformado em depósito. Para piorar, parte de seus móveis foram tomados pelos cupins. As duas cozinhas instaladas nas pontas dos dois salões demandavam uma reforma urgente. Ar-condicionado? Era um luxo inexistente a não ser que os donos das festas alugassem e instalassem temporariamente pelos amplos salões.
Após um minucioso e delicado processo de restauração de várias áreas do prédio social do clube, Milva deixou claro ontem, ao conduzir uma visita guiada especialmente para FORBES Brasil, que está disposta a recuperar o brilho dos tempos áureos do Jockey. Seu primeiro grande projeto na chamada Villa Jockey é o Restaurante Valero, que ela abriu no domingo, 1 de novembro, em sociedade com o chef francês Pascal Valero, de 44 anos. O profissional que começou a trabalhar com gastronomia aos 16 anos acumula passagens por grandes casas da França, Montecarlo e também São Paulo – Eau (do hotel Grand Hyatt), Le Coq Hardy, Kaá, NB Steak e Maremonti.
Chef Pascal Valero, após o Kaá e o NB Steak, sociedade no Restaurant Valero, no Jockey de SP
À frente de uma cozinha com 16 profissionais, ele acaba de inaugurar o restaurante franco-italiano que promete virar atração na capital paulista. Com 260 lugares – parte das mesas com vista para a pista -, a casa estreou com seu serviço de brunch, que será servido aos sábados, domingos e feriados, das 12h às 16h. Nesta segunda, por exemplo, o restaurante oferece um farto buffet a R$ 98 por pessoa, o que inclui várias mesas com saladas, queijos, frios, pães, pratos quentes, assados do dia em chapa elétrica e cortados na hora, na frente do cliente, além de uma tentadora estação de sobremesas. “Fazemos tudo aqui, dos pães aos doces”, conta o chef. Ele explica ter priorizado a qualidade dos ingredientes à quantidade de pratos – as opções, no entanto, estão longe de serem poucas.
Queijo camembert crocante com geleia de mirtilo
A casa só funcionará na hora do almoço. De segunda a sexta será oferecido o menu executivo (R$ 65 por pessoa) e também o serviço à la carte. A única exceção será a noite de segunda-feira, quando acontece o páreo. Nas outras noites, os dois salões serão dedicados a eventos sociais, corporativos e festas. Por este motivo, a segunda cozinha deve ser inaugurada até o final do ano.
Paleta de cordeiro com especiarias
Milva conta ainda que contemplou no projeto do Restaurant Valero uma sala reservada para pessoas de negócios que desejam ter uma refeição reservada para até 12 pessoas. “Nesta área (foto abaixo), por exemplo, não há risco de alguém da mesa ao lado ouvir a conversa ou de ter patrulha em cima do vinho que o grupo está bebendo”, conta a investidora. Todos os ambientes – do salão de festas ao restaurante – receberam ar-condicionado e uma porta que impede que o ar quente entre, conta a investidora que revela estar com a agenda de eventos cheia para 2016. “Tem gente já fazendo consulta e pedindo reserva para 2018.”
Sala reservada para até 12 comensais
No quesito vinhos, cada cliente que chega ao restaurante recebe um tablet com cardápio para escolher a bebida que deseja tomar não só pelo tipo (tinto, branco ou rosé), mas também pelo país, uva e região produtora. A Itália, por exemplo, aparece em peso na adega do Valero, com rótulos da Puglia ao Vêneto.
Paris Brest, uma das especialidades do chef que também se destaca por sua confeitaria