Chega de falar de zika, poluição e violência.
Nos últimos meses isto foi tudo que lemos na cobertura internacional sobre os Jogos Olímpicos. Enquanto o Comitê Organizador trabalhava para entregar obras, vender cotas de patrocínio e honrar os direitos dos patrocinadores existentes, a imprensa internacional falava só do que estava errado.
Obviamente as críticas vendem e garantem mais cliques. Mas isto não quer dizer que o que foi reportado até agora tenha sido uma visão imparcial da realidade da cidade do Rio de Janeiro e da preparação para a Olimpíada.
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Sim, há dezenas que coisas que poderiam ter sido concluídas antes, melhor acabadas, compradas por menos e melhor planejadas. Mas a verdade é que os organizadores, incluindo o Comitê, a Empresa Olímpica e os órgãos públicos responsáveis, acertaram muito mais do que erraram.
Poucos críticos e representantes da imprensa entendem a complexidade de fazer um evento do porte da Olimpíada acontecer. Ainda mais em um país com a realidade político e econômica do Brasil nos últimos sete anos.
Em 2009, Lula não só era o Presidente do Brasil como um dos líderes mais respeitados no mundo. Se você duvida, basta rever a cobertura da reunião do G20, em abril de 2009, onde o recém empossado Presidente Barak Obama aperta a mão de Lula e comenta com o Primeiro-ministro da Austrália: “Esse é o político mais popular da Terra”. Nestes mesmos dias, a comissão de avaliação visitava os países candidatos para avaliar a viabilidade dos eventos.
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A decisão final do Comitê Olímpico Internacional aconteceu em outubro de 2009, na 121ª Sessão realizada em Copenhague, na Dinamarca. O Brasil bateu Chicago, Madri e Tóquio, todas ainda cambaleantes com a crise do mercado financeiro de 2008.
Confirmando o momento positivo, dias depois, em novembro de 2009, a respeitada “The Economist” estampou o Cristo Redentor decolando com a manchete “O Brasil Decola”. Tudo parecia dar certo para o Brasil.
Com as informações disponíveis na época, o COI e a “The Economist” estavam certos. O Brasil foi a melhor escolha para sediar a Olimpíada de 2016.
Este era o cenário que o time formado para executar o evento tinha há sete anos. Nenhum de nós poderia prever o que aconteceria com a economia e com a realidade política brasileira em tão pouco tempo. Mas mesmo assim eles tiveram que honrar as promessas feitas.
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O impacto da desaceleração econômica foi sentido em múltiplas frentes:
Os investimentos públicos em infraestrutura diminuíram e atrasaram. As obras não são responsabilidade do Comitê Organizador, mas sim da Empresa Olímpica. Esta entidade, criada para administrar os investimentos públicos, demorou para receber os recursos prometidos. Quando recebeu, recebeu menos do que esperava. O resultado foram atrasos em algumas das obras de mobilidade e arenas.
Os patrocinadores não apareceram na quantidade e com os recursos esperados.
Em qualquer evento deste porte grande parte dos recursos de patrocínios vem de empresas públicas. Isto é normal em qualquer país. No Brasil, a crise afugentou quase todos. A Petrobrás, a Vale e muitas outras não compareceram. Isto gerou um buraco enorme no orçamento do Comitê impossível de cobrir só com a iniciativa privada, que por sua vez, também estava cortando seus orçamentos.
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Mesmo sem as receitas necessárias para infraestrutura e eventos-teste, a Rio 2016 conseguiu chegar sem muitos problemas ao final e entregar tudo o que foi prometido.
Por isso, não acho que a negatividade da cobertura internacional seja justa. Não há como não ficar frustrado quando repórteres estrangeiros escolhem falar somente dos chuveiros na Vila Olímpica que estavam com problemas ou que o ar condicionado do BRT não funcionava e esquecem a verdadeira história: a transformação da cidade do Rio de Janeiro que a beneficiará por décadas.
Obviamente seria ótimo que tudo estivesse perfeito. Mas não está. E assim mesmo teremos um evento que será lembrado por décadas como uma das melhores Olimpíadas de todos os tempos.
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Agora chega de reclamar e vamos aproveitar. Afinal é pouco provável que estejamos por aqui para presenciar outras Olimpíadas no Brasil.
Ricardo Fort (@SportByFort) é executivo de marketing internacional baseado em Atlanta, Geórgia
Ricardo Fort é um colaborador de FORBES Brasil. Sua opinião é pessoal e não reflete a visão editorial de FORBES Brasil.