A julgar pelas previsões dos especialistas em política — incluindo o competente e respeitado jornalista que carrega o mesmo sobrenome que o meu, Gerson Camarotti, e com o qual divido um parentesco distante —, estamos, mesmo, há poucos dias do fim do ciclo nocivo e destrutivo do PT no comando do país, com a aparentemente irreversível condenação, pelo Senado Federal, da presidente afastada Dilma Rousseff por crime de responsabilidade.
Olhando para o passado e para o cenário — de terra devastada — que a passagem dessa agremiação política deixou em nossa economia, em algumas de nossas principais instituições e na própria autoestima da nação, fica mais que patente que a hora é de olhar para frente com foco e determinação redobrados para cobrarmos do governo que deixará a interinidade (e toda a insegurança que qualquer cargo temporário, que pode ser revogado por vontade alheia à sua, lhe impunha) que comece de uma vez por todas a tomar as medidas tão necessárias e aguardadas para que o Brasil saia deste estado econômico depressivo e possa, finalmente, dar o salto tão apregoado pelo nosso ministro da Fazenda.
Muitos são aqueles, e eu aqui me incluo, que acham que a timidez das medidas do governo Michel Temer, até agora, se deram justamente pela sua característica de interinidade e pela necessidade de continuar contemplando e agradando o maior número possível de partidos políticos que garantissem que não haveria chance de o PT voltar ao poder. Talvez seja por isso — e continuamos aqui nos achismos — que todas aquelas benesses, num cenário de orçamento combalido, fossem nada mais do que um mal necessário com vistas ao bem maior.
O mercado e a iniciativa privada souberam respeitar esse momento do governo interino, e aceitaram, de forma bastante pacífica, a ausência de medidas mais enérgicas — só que essa lua de mel não vai durar para sempre, e mesmo que a percepção já seja de melhora no cenário geral (o comportamento do dólar comprova isso), o sentimento nas ruas é um só: agora vai… Tem que ir!
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Não preciso aqui enumerar quais são as “medidas mais enérgicas” que o governo precisa tomar. Algumas são bastante óbvias, como um profundo corte de gastos públicos e enxugamento da máquina estatal — incluindo a privatização de estatais. Governo não tem que ser dono de empresa — isso é uma atribuição da iniciativa privada!
Para outras sugestões, temos alguns dos maiores empresários do mundo e entidades de classe, que, se chamados a colaborar, apontarão o que precisa ser feito para soltar as amarras históricas que prendem este colossal país. Podemos, ainda, recorrer aos nossos hermanos argentinos. Basta ir até lá ver algumas corajosas decisões que o governo do presidente Mauricio Macri tomou ao receber a nação depois da desastrosa era Kirchner.
O que precisamos com urgência, no Brasil, é daquele momento game changer, como foi o Plano Real em 1994, que, de tão transformador, possibilitou que o país avançasse muito mais rapidamente e de forma sustentável. As condições são muito mais favoráveis hoje do que eram há 22 anos. O país é — apesar de todas as tentativas do PT de destruí-lo em causa própria — muito maior e mais forte hoje do que era na época, e nossa democracia muito mais madura, com o povo infinitamente mais vigilante do que nos anos 1990.
O governo Temer tem a chance, agora em definitivo, de entrar para a história como uma gestão que pensou grande e teve coragem de tomar as medidas necessárias para reinventar o Brasil e torná-lo um país mais moderno, mais dinâmico e mais competitivo. E é nisso que estamos — uma nação inteira — depositando todas as nossas esperanças.
Agora vai… Tem que ir! E assim seja.
*Antonio Camarotti é Publisher/CEO de FORBES Brasil
Texto publicado na edição 44 de FORBES Brasil, de agosto de 2016