Há alguns dias participei de um dos eventos mais interessantes dos últimos tempos: um congresso promovido pelo Vaticano para discutir como o esporte pode ser usado a serviço da humanidade. O centro do debate foi o uso do esporte como ferramenta de inclusão social.
A iniciativa, inspirada pelo relacionamento do Papa Francisco e o Presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI) Thomas Bach, contou com líderes de diversas religiões e uma infinidade de organizações esportivas. O evento aconteceu no próprio Vaticano.
A sessão de abertura contou com o Secretário Geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, o Presidente do COI e o próprio Papa Francisco, além de atletas e artistas.
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O primeiro destaque foi a colaboração de líderes religiosos católicos, judeus, muçulmanos, entre outros. O evento começou com todos eles, em seus idiomas e em inglês, agradecendo e fazendo uma benção para o grupo que iniciaria os trabalhos. A colaboração entre todos foi constante e visível nos três dias que estivemos reunidos.
O Cardeal Gianfranco Ravasi, o responsável pelo Conselho Pontifício de Cultura do Vaticano e um dos mais seniores Cardeais da Igreja Católica, foi o representante do Vaticano no evento e o anfitrião de todos os 300 participantes.
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Sir Philip Craven, o Presidente do Comitê Paralímpico Internacional, liderou a discussão sobre inclusão para portadores de deficiências físicas e comentou que apesar do sucesso dos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro, ainda há muito o que fazer para que os paratletas, criança e jovens com limitações motoras possam ter acesso ao esporte.
Tim Shriver, o Chairman das Olimpíadas Especiais (para portadores de deficiências mentais), e Loretta Claiborne, uma ex-atleta especial que agora trabalha no Comitê como Chief Inspiration Officer, contaram as histórias emocionantes de alguns atletas marginalizados por suas próprias famílias por terem nascido com deficiências e como suas vidas melhoraram através do esporte.
Kirsty Coventry, ex-atleta do Zimbábue e ganhadora de duas medalhas olímpicas e sete mundiais de natação contou como as suas conquistas ajudaram a diminuir a tensão racial no seu país e colaborar para a união nacional.
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Maria Toorpakai Wazir, nascida no coração da região dominada pelo talibã no Paquistão, contou sua saga para poder praticar esportes. Até a puberdade, seu pai teve que lhe apresentar como um menino para que a aceitassem nas escolas. Quando não foi mais possível esconder que era uma menina, teve que interromper sua carreira vitoriosa no squash por três anos. Só voltou a jogar, e ganhar, quando se mudou para o Canadá.
As apresentações acabaram com a da Copa do Mundo de Futebol dos Moradores de Rua. De acordo com a organização, mais de um bilhão de pessoas vivem em condições inadequadas de moradia, muitas nas ruas. O objetivo da instituição é devolver a autoestima motivando-os a mudar suas vidas.
Nos dias seguintes aconteceram os debates onde todos os participantes se comprometeram com ações específicas para aumentar a inclusão social através do esporte. Uma nova reunião deve acontecer em 2018.
O esporte é uma das poucas coisas com o poder de atrair pessoas e derrubar barreiras. As histórias que escutei no Vaticano comprovaram isso. Mas ainda há muito a fazer.
Para saber mais sobre o evento em http://www.sportforhumanity.com/
Ricardo Fort (@SportByFort) é executivo de marketing internacional baseado em Atlanta, Geórgia
Ricardo Fort é um colaborador de FORBES Brasil. Sua opinião é pessoal e não reflete a visão editorial de FORBES Brasil.