Há 3,6 milhões de anos, um grupo de Australopithecus afarensis, uma espécie de hominídeo, saiu para passear. Há 40 anos, um time liderado pela paleontóloga Mary Leakey descobriu as pegadas destes hominídeos em um sítio na Tanzânia chamado de Laetoli. Hoje, pela primeira vez desde a descoberta de Leakey, cientistas descobriram que novas pegadas do mesmo local revelam mais sobre as vidas dos individuais da comunidade de Australopithecus.
Esta pesquisa, publicada hoje no jornal “eLife” por uma equipe de cientistas da Tanzânia e da Itália, é baseada nas descobertas das primeiras pegadas de Laetoli em 1976. Estas pegadas, vistas em uma área chamada Site G, representam três indivíduos e provê uma das primeiras peças de evidência direta que humanos andaram sobre a terra 3,6 milhões de anos atrás.
Em 2015, em apenas 150 metros de distância do sítio G, Fidelis Masao, da Universidade de Dar es Salaam, e sua equipe acharam algo curioso. Enquanto era feita uma enquete na área de Laetoli sobre acesso e viabilidade para um museu, encontraram algo que não era visto há décadas: duas pegadas de dois indivíduos no início da evolução para homo sapiens.
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As pegadas destes indivíduos no recentemente nomeado sítio S foram achadas sob a mesma camada de cinzas do antigo sítio G, o que agora representa um total de cinco indivíduos. O autor do estudo, Jacopo Moggi-Cecchi, da Universidade de Florença, estava animado com a descoberta porque significa novos dados. “Agora temos uma série de dados quantitativos, e o tamanho das pegadas nos ajudará a descobrir o quão altos estes indivíduos eram”, explica.
As estimativas de tamanho corporal são surpreendentes se comparadas aos indivíduos do Site G. Um deles era consideravelmente mais alto, cerca de 1,52 metros comparados aos outros indivíduos de 1,22 metros. O tamanho do Au. afarensis é explicado pelo diformismo sexual, onde as fêmeas são mais altas que os machos. Para comparação, o macho do Site S é quase 20 centímetros mais alto que a mais famosa Au. afarensis, chamada de “Lucy.”
Há 3,6 milhões de anos, o clima provavelmente era seco. Hominídeos não eram os únicos seres vivos na área, como mostra o estudo de Marco Cherin da Universidade de Perugia: “Toda a localidade é coberta completamente por pegadas de animais”. Ele descreve pegadas de pequenas criaturas similares a vaca, mas também gazelas, girafas, rinocerontes e coelhos.