Um corpo que envelhece é como uma máquina que passa pelo mesmo processo: não quebra de um dia para o outro, mas se desgasta gradualmente. Isso vem levando cada vez mais pessoas a iniciar tratamentos cosmecêuticos de manutenção antes que esse processo de envelhecimento se manifeste.
Os enfoques do tratamento para o envelhecimento, com ênfase no rosto, foram analisados em 5 de março durante o evento Aging Gracefully, em Orlando, Flórida. Nove palestrantes abordaram os tratamentos preventivos e antienvelhecimento em pessoas mais jovens, as reações dos diferentes tipos de pele ao processo de envelhecimento e os tratamentos para pacientes mais maduros, além de fazerem comparações entre homens e mulheres.
Um plano para prevenção deve avaliar o estilo de vida e as características da pele da paciente“Não há muita informação disponível que nos indique quando é apropriado começar a tratar esses pacientes. Nós geralmente iniciamos o tratamento quando eles já estão notando as linhas, as rugas e as dobras”, disse a Dra. Sabrina Fabi, uma das palestrantes. “Mas, na verdade, nós usamos a fisiopatologia do envelhecimento como um plano para começar a realizar esses procedimentos mais cedo.”
O processo de envelhecimento começa aos 25 anos; aos 35, os ossos apresentam reduções significativas de ósteons e osteócitos, o que leva a uma diminuição do apoio dos músculos, explicou a especialista, professora clínica adjunta voluntária da Universidade da Califórnia em San Diego.
Esse início precoce do tratamento pode partir do uso de neuromoduladores e de uma avaliação anatômica individualizada, disse a Dra. Shannon Humphrey, professora clínica adjunta de dermatologia da University of British Columbia.
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Ela analisou um estudo feito com a toxina botulínica tipo A e concluiu que esse é o “padrão ouro no tratamento temporário para a redução dinâmica de rugas”. A toxina faz uma regulação ascendente do colágeno, aumenta a maleabilidade e a retração elástica da pele, previne rugas acentuadas e melhora a qualidade da pele.
A Dra. Qian Zheng, profissional da L’Oreal Research & Innovation, também analisou os dados dos tratamentos antienvelhecimento, inclusive de cosméticos que melhoram a textura e protegem a pele, reparam os danos e de filtros solares. Segundo a especialista, os estudos demonstraram a eficácia dos ingredientes usados nos produtos cosmecêuticos. O ácido hialurônico, por exemplo, melhora a qualidade das fibras elásticas e a arquitetura do colágeno, enquanto o retinol (vitamina A) reduz rugas e proporciona maior densidade à derme, com a homogeneização da cor. Já o LR2412, um derivado do ácido jasmônico, promove uma melhoria substancial das rugas, da textura da pele e dos poros. E o ácido ascórbico (vitamina C) oferece proteção significativa contra os danos solares e reduz as células queimadas pelo sol.
No entanto, é importante observar que o veículo e a embalagem do cosmecêutico determinam, em última análise, a eficácia desses ingredientes ativos.
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Filtros solares com proteção alta e de amplo espectro contra os raios UVA podem ajudar a evitar lesões hiperpigmentadas, o escurecimento geral da pele e a coloração irregular, segundo a Dra. Zheng.
Outra profissional da área, a Dra. Sabine Zenker, dermatologista em Munique, na Alemanha, avaliou alternativas mais novas aos injetáveis e aparelhos comuns de rejuvenescimento facial, como suturas de lifting absorvíveis e lipólise por injeção. As primeiras são usadas para criar zonas de tração, a fim de suspender e reposicionar o tecido, normalmente no terço médio da face, no contorno da mandíbula e nas sobrancelhas. Na lipólise por injeção, misturas de medicamentos são usadas para reduzir as bolsas de gordura localizadas. Entre os compostos utilizados estão a polienilfosfatidilcolina e o ácido deoxicólico.
Por mais relevantes que sejam, esses tratamentos devem ser usados como componentes de um plano, afirmou a Dra. Heidi A. Waldorf, professora clínica adjunta do Hospital Mount Sinai e dermatologista em Nanuet, estado de Nova York. Uma parte importante desse plano é não mudar o visual geral do paciente, mas transformá-lo em uma versão mais jovem de si mesmo.
O plano começa pela avaliação de questões de estilo de vida – se o paciente fuma, por exemplo, ou se existe muita oscilação de peso, disse a Dra. Waldorf. Também há que se priorizar as características da pele: cor, textura, tônus/ flacidez/redundância e volume/ proporção.
Quando um plano é desenvolvido, o dermatologista deve definir quais procedimentos serão usados, o custo e o tempo envolvido. Por fim, tudo deve ser documentado, incluindo fotos e uma discussão.
O Dr. Andrew F. Alexis, que é mestre em saúde pública e professor adjunto de dermatologia da Faculdade de Medicina Icahn, no Hospital Mount Sinai, ressaltou a importância de levar em conta o papel da etnia na pele que envelhece. Discromia, irregularidades na textura, neoplasias benignas, mudanças estruturais, linhas finas e rugas podem variar conforme o tipo de pele, e isso pode afetar as opções de tratamento.
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A pele negra, por exemplo, tem mais melanina, o que propicia proteção contra a luz ultravioleta, mas a despigmentação pode ser uma complicação após procedimentos cosméticos, segundo ele. Além disso, quem tem pele escura tem 15 vezes mais probabilidade de formar queloides do que quem tem a pele clara.
A Dra. Susan H. Weinkle, professora clínica afiliada de dermatologia na Universidade do Sul da Flórida, enfocou o tratamento de pacientes idosos que já apresentam rugas significativas e tiveram cânceres de pele por exposição aos raios UV.
Muitas pacientes mulheres gostariam que sua pele tivesse visual e sensação de nova e aparência cerca de 13 anos mais jovem do que sua idade real, comentou ela. Elas também preferem tratamento com injetáveis dérmicos à cirurgia.
As demandas desses pacientes variam a cada década de vida, de modo que os tratamentos precisam ser ajustados a cada idade e estilo de rosto, disse a Dra. Weinkle. Os pacientes em processo de envelhecimento também podem precisar de tratamentos em outras regiões além do rosto e do pescoço, como as mãos.
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Embora grande parte do foco tenha sido no tratamento de mulheres, o Dr. Terrence Keaney, professor clínico adjunto de dermatologia da Universidade George Washington, deu ênfase aos homens, que envelhecem mais rapidamente do que as mulheres. Eles se preocupam mais com o contorno do couro cabeludo, os olhos e o contorno da mandíbula, contou o médico, acrescentando que os homens necessitam de uma abordagem específica para seu gênero, diferente da aplicada às pacientes mulheres.
O Dr. Michael H. Gold, do Centro Gold de Cuidados com a Pele de Nashville, Tennessee, abordou o futuro dos tratamentos cosméticos. Ele falou da luz intensa pulsada, um tratamento minimamente invasivo cuja eficácia foi documentada no tratamento de lesões vasculares e lesões pigmentadas.
Outras tecnologias que se mostraram efetivas, explicou ele, são os dispositivos fracionários ablativos e não ablativos, dispositivos de indução percutânea por microagulhas e lasers de picossegundos, além de radiofrequência e ultrassom para enrijecimento da pele.
(Com reportagem da AAD)