Ao se dissipar o coro mundial das viúvas da grande candidata Hillary Clinton, batida em eleições democráticas, clareiam-se os primeiros lineamentos do governo de Donald Trump.
Realismo, pragmatismo e o bordão “Vamos fazer a América grande novamente”.
O mesmo bordão que espero que nossos governantes entoem neste Brasil, o maior exportador de propinas desde que o mundo existe.
A queda da inflação de maneira espetacular está a nos mostrar uma verdade histórica. Os ciclos de maiores crescimentos do PIB brasileiro se deram nos períodos de inflação baixa.
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Vamos à Selic de um só dígito – de preferência, rapidamente.
Vamos à progressiva desindexação da engessada economia da qual somos vítimas.
Vamos à desburocratização e à desregulamentação do infernal emaranhado em que nos enroscaram, empresas e indivíduos.
Vamos às reformas na velocidade da luz pelo entendimento saudável entre o Executivo e um Congresso necessitado de restaurar sua imagem pública.
Vamos além para que, voltando ao regime de concessão, possamos competir no mundo do petróleo até mesmo com o nacionalista México, hoje exemplo de avanço no concorrido mundo da exploração petrolífera.
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Nosso pré-sal quase virou água com açúcar; passemos agora a dar o passo gigante de tirá-lo das garras das ideologias para ajudar a melhorar estados e união falidos.
Vamos, enfim, nos concentrar na restituição de lugares de trabalho tanto para uma juventude mais bem preparada como também para o restante da população – e isso em regime de urgência urgentíssima. E, a partir daí, começarmos a pensar em Trump. Ele reverá o Nafta e não aderirá à aliança atlântica, deixando-nos um espaço enorme para uma ação diplomática includente.
Como começamos a ter o Mercosul não mais a serviço dos bolivarianos-empreiteiros, deveríamos negociar logo o waiver que permitirá a cada um de seus membros concluir acordos comerciais individuais. E o primeiro deve ser com os Estados Unidos, nosso principal sócio continental.
Da política interna de Trump nossos empresários devem encontrar as brechas para criar empregos lá e, aqui, ampliar sua inserção internacional, na certeza de que a explosão dos cartéis de empreiteiros seja uma mensagem muito forte aos governos para abrirem mais a nossa economia interna e externamente, pois soma competição e impede a espúria união de setores que por tanto tempo tem dominado a economia produtiva do Brasil. Competição e abertura são oxigenadores de um processo ordenado de inserção internacional do Brasil, e do aumento da produtividade interna e do desenvolvimento da ciência e da tecnologia.
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Trump, com os russos, turcos e iranianos, levará o Exército Islâmico ao aniquilamento. E forçará a China a rever seus conceitos em relação ao Mar da China, ao Japão e à Coreia do Sul – de agora em diante, mais financeiramente, como os países da Otan, responsáveis por seus gastos.
Como o México terá disputas com os Estados Unidos, nosso país, que tem mais de US$ 80 bilhões investidos em território americano, 60 mil empregos lá criados e uma pauta comercial deficitária, tem tudo para avançar em uma agenda positiva. Um Trump pragmático e um Brasil sem ideologias podem e devem construir um magnífico cenário de entendimento e progresso mútuos.
Lembro-me do início de Ronald Reagan e de um jantar privado com Bill Simon (empresário e político) em Palm Beach, na casa de Bill Casey, que tomaria posse em janeiro de 1980 como chefe da CIA. Casey delineou o plano de governo de Reagan, chamado pelos europeus de cowboy iletrado. “Em oito anos, o presidente Reagan liquidará a União Soviética sem dar um tiro. E em parceria com o papa.” Assim aconteceu e Reagan foi, posteriormente, reconhecido pelos europeus como o libertador das garras dos soviéticos. Um exemplo de como a primeira impressão nem sempre é a melhor.
*Mario Garnero é chairman do Grupo Garnero e presidente do Fórum das Américas