Nesta sexta-feira, as grandes centrais sindicais convocaram seus filiados e trabalhadores para uma greve geral em sinal de protesto contra as reformas trabalhista e da Previdência propostas pelo Governo Federal. Esta é a primeira greve geral no país desde 1996, quando 12 milhões de trabalhadores cruzaram os braços para manifestar seu descontentamento em relação às privatizações e ao desemprego no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
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Algumas vezes, as greves são usadas como forma de pressão dos trabalhadores por melhores salários ou condições. Em outras, acabam se tornando uma forma de manifestação política. Ainda existem aquelas convocadas para protestar contra mudanças em direitos já assegurados, para derrubar políticos e até como forma de propor novos regimes governamentais.
O primeiro registro histórico de uma greve foi uma paralisação de artesãos no Egito Antigo durante o reinado de Ramsés III, em 1.152 a.C.. No Brasil, o primeiro ato de que se tem notícia foi a interrupção dos tipógrafos dos jornais “Diário do Rio de Janeiro”, “Correio Mercantil” e “Jornal do Comércio”, que reivindicavam aumento salarial em 1858.
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A palavra “greve” teve origem na França, quando desempregados se reuniam na Place de la Grève (atualmente Place de l’Hôtel-de-Ville) em busca de trabalho. É um fenômeno disseminado com o advento da Revolução Industrial, que inicialmente propiciava condições de trabalho precárias e salários extremamente baixos aos operários.
A seguir listamos, em ordem cronológica, 11 greves que impactaram fortemente a história:
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Getty Images 1. 1824: Greve das Operárias de Pawtucket, em Rhode Island (Estados Unidos)
Considerada a primeira greve fabril da história, um grupo de 102 trabalhadoras deixaram seus teares depois que os proprietários da indústria têxtil de Pawtucket, nos Estados Unidos, anunciaram a redução de seus salários e o aumento de uma hora por dia na jornada. As trabalhadoras votaram pelo retorno ao trabalho após os antigos valores salariais serem reestabelecidos. O movimento se espalhou pela cidade e contou com a participação de homens e crianças operárias, fazendeiros e artesãos.
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Getty Images 2. 1886: Greve Geral nos EUA, que resultou na criação do Dia do Trabalho
Em 1o de maio de 1886 ocorreu uma greve geral que contou com a participação de milhares de trabalhadores nos Estados Unidos, que reivindicavam melhores salários e redução da jornada de trabalho de 13 para oito horas diárias. No terceiro dia de paralisação, manifestantes e policiais de Chicago se envolveram em um confronto sangrento, que terminou com mortes dos dois lados. Para homenagear as vítimas, a Internacional Socialista criou o Dia do Trabalho, em 1889. O primeiro país a oficializar a data foi a França, em 1919. No Brasil, ela passou a ser lembrada em 1924.
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Getty Images 3. 1917: Protesto “Pão e Terra” (origem do Dia Internacional das Mulheres) – São Petersburgo (Rússia)
Cerca de 90 mil operárias saíram às ruas de São Petersburgo em 8 de março de 1917 para protestar contra o regime do czar Nicolau II, as más condições de trabalho, a fome e a participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial em meio ao ambiente político que culminou na Revolução Russa no mesmo ano. A data foi oficializada como Dia Internacional da Mulher em 1921.
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Reprodução 4. 1917: Greve Geral no Brasil
Em julho de 1917, 50 mil trabalhadores organizados em sindicatos anarquistas se mobilizaram e pararam a produção na indústria e as vendas no comércio para reivindicar aumentos salariais que compensassem a inflação elevada da época. Entre as reivindicações estavam também melhores condições de trabalho e jornada diária de oito horas.
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Getty Images 5. 1968: Greve Geral na França que resultou no movimento de maio de 1968
O icônico maio de 1968 combinou uma greve geral de trabalhadores (aproximadamente dois terços aderiram ao movimento) com a revolta estudantil nas universidades e escolas secundárias que lutavam pela reforma da educação. O ápice do movimento levou à mobilização de nove milhões de pessoas. Entretanto, um aumento salarial e a convocação de eleições gerais pelo então presidente francês Charles De Gaulle desmobilizaram os trabalhadores, que voltaram às suas funções, enquanto o movimento estudantil foi contido por ações policiais.
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Getty Images 6. 1975: Greve Geral das Mulheres (Islândia)
Em 24 de outubro de 1975, 90% das islandesas resolveram ir às ruas para demonstrar a sua importância para a sociedade e pleitear igualdade de direitos com os homens, recusando-se a trabalhar, cozinhar e cuidar das crianças. Graças ao movimento, cinco anos depois Vigdis Finnbogadottir, uma mãe solteira divorciada, foi a primeira mulher a ser eleita presidente em um país democrático, ficando no cargo por 16 anos. O feito contribuiu para que a Islândia fosse conhecida como o “país mais feminista do mundo”.
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Getty Images 7. 1978-1980: Greve dos metalúrgicos do ABC
O fim do Milagre Econômico (período de crescimento de dois dígitos na economia brasileira) associado a uma inflação elevada deixou os trabalhadores das metalúrgicas da região do ABC paulista insatisfeitos. Em 1978 foi realizada a primeira paralisação, na fábrica da Saab-Scania, com a reivindicação do aumento salarial de 20%. O que era para ser um movimento para melhorar as condições econômicas dos trabalhadores acabou tornando-se um protesto contra o regime militar brasileiro. O auge das greves foi em 1980, quando 300 mil metalúrgicos interromperam as atividades por 41 dias. No mesmo ano, Luiz Inácio Lula da Silva, cuja liderança e carreira política foram impulsionadas pelas greves, foi preso pelo governo militar, enquadrado na Lei de Segurança Nacional.
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Getty Images 8. 1980: Greve no estaleiro Gdansk (Polônia)
Em 14 de maio de 1980, 17 mil trabalhadores dos estaleiros navais de Gdansk declararam greve após a demissão de um integrante de um sindicato independente. A paralisação rapidamente se alastrou pelo país e desembocou em uma crise política que, anos mais tarde, derrubaria o regime comunista da Polônia e alçaria o líder sindical Lech Walesa para a presidência do país em 1990. Ligado à Igreja Católica e ao Papa João Paulo II, Walesa foi um dos símbolos anticomunistas nos anos 1980.
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Getty Images 9. 1981: Greve dos controladores de voo (Estados Unidos)
Em agosto de 1981, 13 mil controladores de voo entraram em greve depois que o sindicato da categoria convocou a mobilização para reivindicar melhorias salariais e nas condições de trabalho, além de uma redução da jornada de trabalho para 32 horas semanais. O então presidente Ronald Reagan declarou a paralisação ilegal e deu um prazo de 48 horas para os grevistas retornarem às atividades. Os grevistas não respeitaram a ordem, foram demitidos e substituídos imediatamente por profissionais treinados em segredo na Casa Branca, que sabia antecipadamente da deflagração do movimento. A ação foi considerada uma vitória de Reagan frente ao poder dos sindicatos norte-americanos na época.
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Reprodução 10. 1989: Greve Geral contra a Inflação (Brasil)
Segundo as centrais sindicais da época, 70% da população economicamente ativa (59 milhões de trabalhadores) participaram dos protestos em 14 e 15 de março de 1989 contra a hiperinflação, sendo que em 12 das 26 capitais brasileiras nada funcionou. Na época, a inflação oficial atingia, em média, 1.000% ao ano.
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Getty Images 11. 2007-08: Greve dos roteiristas em Hollywood
Greves não são ações apenas de operários, mas também já serviram como pressão por trabalhadores dos chamados “bens imateriais”, caso dos roteiristas de filmes, séries e programas de TV de Hollywood entre novembro de 2007 e fevereiro de 2008. Reivindicando um aumento de cerca de 3,5% nos honorários e divisão dos lucros obtidos por meio de novas mídias, a greve afetou o andamento de séries como “The Big Bang Theory”, “How I Met Your Mother”, “Two and a Half Men” e “House”.
1. 1824: Greve das Operárias de Pawtucket, em Rhode Island (Estados Unidos)
Considerada a primeira greve fabril da história, um grupo de 102 trabalhadoras deixaram seus teares depois que os proprietários da indústria têxtil de Pawtucket, nos Estados Unidos, anunciaram a redução de seus salários e o aumento de uma hora por dia na jornada. As trabalhadoras votaram pelo retorno ao trabalho após os antigos valores salariais serem reestabelecidos. O movimento se espalhou pela cidade e contou com a participação de homens e crianças operárias, fazendeiros e artesãos.