Não é nenhum segredo que o mundo corporativo não evoluiu pensando nas mulheres. Faz apenas uma geração que elas estavam lutando para alcançar posições mais altas além de secretárias em uma cultura de perseguição sexual generalizada, na qual poderiam até ser demitidas por ganharem peso ou ficarem grávidas.
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Atualmente, enquanto as mulheres podem e atuam como grandes líderes em diversos mercados, as probabilidades ainda mostram um cenário negativo. A diferença de remuneração continua: a média salarial das mulheres é 79% da dos homens. Nos Estados Unidos, por exemplo, enquanto o Partido Republicano controlar tanto a Câmara quanto o Senado, as mulheres provavelmente vão precisar esperar ainda mais para ter igualdade salarial: os representantes do partido bloquearam a Lei de Equidade de Salários quatro vezes em apenas dois anos.
Em março, a startup captou US$ 2,25 milhões para expandir a equipe e alcançar um público além da área da baía de São FranciscoAs mulheres que querem fazer parte do “clube do Bolinha” do Vale do Silício e de Wall Street também não enfrentam um cenário positivo. Nos últimos dias, engenheiras da Uber e da Tesla descreveram os locais como ambientes de discriminação, assédio e retaliação.
Se o mercado de trabalho não se adaptou até agora às mulheres, no caso das gestantes o problema é ainda maior. Os Estados Unidos, por exemplo, se mantêm como a única nação desenvolvida que não tem uma lei garantindo a licença parental paga.
Enquanto grandes empresas de serviços tecnológicos e financeiros começam a oferecer benefícios cada vez mais generosos aos pais, como forma de atrair os millennials, 25% das novas mães retornam ao trabalho apenas duas semanas após o parto. Não é surpresa, portanto, que 40% delas abandonem o mercado de trabalho menos de um ano depois do nascimento do primeiro filho.
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E é aí que entra a Lucy, uma plataforma capaz de ajudar os pais recentes ou que estão à espera de seus bebês a prover o cuidado necessário para suportar suas mulheres nessa transição da volta ao trabalho.
A companhia, liderada pela veterana de tecnologia Shannon Spanhake e pela ginecologista e obstetra Chitra Akileswaran, conecta as profissionais e seus parceiros a serviços que os planos e políticas tradicionais de cuidados com a saúde não cobrem, como doulas, coaching para pais, lactação, apoio ao sono e planejamento financeiro.
Em março, a startup anunciou a captação de US$ 2,25 milhões em uma rodada de financiamento liderada pelas empresas de capital de risco Forerunner Ventures e Felicis Ventures. O aporte servirá para expandir a equipe e alcançar um público além da área da baía de São Francisco, nos Estados Unidos.
O empregador é quem paga pelos serviços da Lucy. Shannon e Chitra já inscreveram na plataforma grandes companhias do Vale do Silício, com o objetivo de reter as melhores funcionárias. Empresas de outros setores, como finanças e varejo – que normalmente competem para encontrar talentos na área de tecnologia -, também já manifestaram interesse.
As fundadoras da Lucy esperam que sua oferta, adaptada e coordenada, ajude as mulheres millennials, que agora esperam mais do que nunca ter filhos, consigam se dedicar à carreira sem interrupções. “É muito exclusão”, diz Shannon. “As mulheres da nossa geração não estão cercadas por grandes famílias. Seus colegas não estão tendo bebês no mesmo período.”
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Um dos pilares do programa da plataforma é o apoio à amamentação. Como ginecologista e obstetra, Chitra conhece bem o quão mal-equipado é o sistema de saúde para ajudar as mães nesta tarefa. “Se você não consegue alimentar o seu bebê, não pode voltar ao trabalho”, diz.
Enquanto não podem dar início ao seu programa de cuidados usando a Lucy por meio do aplicativo mobile, os pais podem participar das sessões individuais, pessoalmente ou virtualmente. “Nós vamos na casa dos funcionários. Nossa proposta é algo que exige um alto nível de suporte.”
Além de, no longo prazo, economizar o dinheiro dos empregadores por contribuir para a retenção de talentos, a Lucy espera ajudar as mulheres a seguirem com suas carreiras após os 30 anos. “Queremos vê-las chegando às posições de liderança e mantendo-se nelas”, finaliza Shannon.