A consultoria de gestão de negócios A.T. Kearny entrevistou, juntamente com o Global Business Political Council (GBPC), 400 CEOs de empresas globais sobre as principais oportunidades e ameaças aos modelos de negócios nos próximos 12 meses. A pesquisa perguntou aos executivos sobre 10 eventos potenciais na economia, nos negócios, na política e nas relações internacionais que poderiam afetar a operação dos seus negócios.
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Diferentemente do ano passado, quando os executivos estavam divididos sobre o desdobramento das principais questões e houve uma predominância da incerteza, o resultado deste ano mostrou um maior consenso sobre o impacto dos eventos vindouros. As vitórias de Donald Trump nos Estados Unidos e a saída do Reino Unido da União Europeia em um referendo clarearam o cenário.
Os CEOs estão entusiasmados com a inteligência artificial, que pode reduzir o número de pessoas necessárias para atividades financeiras e legais, e a robótica, que vai redesenhar a produção industrialUm contexto prospectivo mais claro não significa, no entanto, que haverá apenas fatores positivos impactando os negócios globais. Pelo contrário: a pesquisa aponta que a ascensão da retórica populista e o aumento da volatilidade econômica e financeira trarão desafios nos próximos meses. Os executivos estão preocupados com a escalada do populismo, que pode impactar o comércio internacional, devido à retórica nacionalista e protecionista. No plano interno, a preocupação é com a mudança da política regulatória e com o sistema tributário.
De acordo com o estudo, 69% dos executivos acreditam que as decisões governamentais têm maior influência em suas próprias decisões do que em anos anteriores. Além disso, 40% apontam que as restrições ao comércio internacional podem ocorrer com a ascensão de políticos populistas como chefes de governo. Devido a essas transformações, cada vez mais executivos estão utilizando técnicas de antecipação dos cenários político e econômico para gerar informações estratégicas que têm o objetivo de gerenciar os riscos vindos destes eventos. O planejamento de cenários é a ferramenta mais utilizada, aplicada por 43% dos CEOs entrevistados.
Já a tecnologia é vista, ao mesmo tempo, como oportunidade e ameaça. Ela pode ser um catalisador da produtividade, mas também representa um fator de vulnerabilidade com os crescentes ataques cibernéticos aos servidores de empresas e serviços públicos, o que leva muitas delas a melhorarem o sistema de defesa cibernética e os protocolos de segurança.
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Veja, na galeria de fotos a seguir, as respostas dos CEOs sobre 10 eventos futuros que podem impactar as suas empresas, do menor para o maior consenso. O levantamento foi realizado em abril deste ano, quando a disputa eleitoral na França estava no primeiro turno e havia chances de uma vitória da candidata nacionalista Marine Le Pen. O período também presenciou o anúncio da reforma tributária de Donald Trump, os testes de mísseis balísticos da Coreia do Norte, o referendo na Turquia (que aprovou a nova Constituição, concedendo mais poderes ao atual presidente Recep Tayyip Erdoğan), a ultrapassagem da Ford pela Tesla em valor de mercado e o lançamento do primeiro porta-avião da China.
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iStock 1. 66% acreditam que as tensões geopolíticas entre EUA, Rússia e China devem diminuir
Apesar da recente escalada de intimidações da Coreia do Norte com o seu programa nuclear, os executivos se baseiam na abordagem de não-confronto do presidente dos EUA, Donald Trump, em relação à Rússia e à China. Os CEOs apontaram a promessa de Trump de trabalhar em agendas internacionais de interesse mútuo com os russos, como a luta contra o Estado Islâmico na Síria – embora essa visão tenha diminuído devido à possível interferência russa nas eleições norte-americanas. Em relação à China, os executivos analisaram positivamente o encontro bilateral entre Trump e o presidente da China, Xi Jiping, em abril. A Coreia do Norte e a reivindicação chinesa sobre ilhas do Mar do Sul da China são os pontos de atritos com os EUA. Além disso, o aumento da influência na Ásia Central, tradicional zona de influência russa, pode gerar tensões entre chineses e russos.
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iStock 2. 67% dizem que o preço das commodities deve continuar em níveis baixos
Apesar da desaceleração do aumento da oferta e de uma relativa expansão da demanda com a recuperação do dinamismo de algumas economias, ainda há super-oferta de algumas commodities minerais, como alumínio, zinco, cobre, ferro, petróleo e gás natural. Estimativas apontam que o preço do barril do petróleo não deve ultrapassar os US$ 60. A desaceleração dos investimentos em infraestrutura na China é apontada como um dos fatores para que o preço das principais commodities fique em patamar baixo, o que pode impactar negativamente a economia brasileira.
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iStock 3. 67% avaliam que as decisões políticas do presidente Donald Trump terão mais impactos positivos do que negativos na economia norte-americana
A retórica pró-mercado com promessa de desregulamentação, redução de impostos e elevação dos gastos em infraestrutura de Donald Trump animaram os executivos, refletido no aumento dos índices acionários e de confiança empresarial logo após a vitória do republicano à Casa Branca. Além disso, Trump ordenou, no início do mandato, que as agências federais diminuíssem a produção de regulamentações. O otimismo com a agenda de Trump, entretanto, não impede preocupações com o discurso protecionista do republicano, cujo desdobramento pode elevar as barreiras ao livre-comércio. Além disso, a reforma tributária e o incentivo ao investimento em infraestrutura caminham devagar no Congresso.
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iStock 4. 68% acreditam que a taxa de crescimento da Índia será maior que a da China
Os CEOs entrevistados disseram que a expansão da economia indiana será maior que a da chinesa. No fim de 2016, a economia da Índia sofreu com uma crise de liquidez resultante de uma política de desmonetização para aumentar a bancarização da população – que acabou dando certo. Os executivos acreditam, entretanto, no sucesso das reformas comandadas pelo primeiro-ministro Narendra Modi e no foco na política industrial para alavancar o emprego no país, além de incentivos para atrair investimentos estrangeiros. Paralelamente, a economia da China deve continuar diminuindo a velocidade do seu crescimento, mas mantendo o dinamismo e uma expansão robusta.
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iStock 5. 74% projetam uma queda do comércio internacional com a ascensão do protecionismo
A tendência é de queda no ritmo de crescimento do comércio internacional, apontam os CEOs e dados da Organização Mundial do Comércio (OMC). A instituição internacional registrou, em maio de 2016, o maior nível de medidas restritivas às transações internacionais, enquanto em outubro do mesmo ano foi contabilizado 17% a mais de medidas em relação ao ano anterior. No ano passado, o comércio internacional cresceu 1,3%, e a projeção para 2017 é de 2,4%. No período entre 1996-2005, o comércio mundial expandiu a uma média de 6,7% ao ano, enquanto entre 2006-2013 a taxa desacelerou para 4,4%.
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iStock 6. 76% acreditam que haverá uma maior volatilidade econômica e financeira
Diferentemente do ano passado, quando 55% dos entrevistados acreditavam em uma redução da volatilidade, este ano os executivos estão mais preocupados com a turbulência econômica e financeira nos próximos 12 meses. Um dos motivos é a escalada de políticas protecionistas, resultante da ascensão de grupos políticos pautados por discursos contra o livre-comércio, o que deve causar impactos negativos na dinâmica econômica. Além disso, os CEOs estão preocupados com o fim da política monetária que permitiu baixas taxas de juros nas principais economias, que podem impactar nas contas públicas e no balanço de empresas de países emergentes, que aproveitaram o baixo custo de capital e realizaram empréstimos no exterior.
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Getty Images 7. 77% disseram que o populismo deve continuar se fortalecendo nas democracias
Enquanto em 2016 os executivos estavam divididos com a escalada desse fenômeno político, este ano estão mais certos sobre o seu fortalecimento, especialmente depois das vitórias eleitorais de Donald Trump, nos Estados Unidos, e de Rodrigo Duterte, na Filipinas, além do sucesso da saída do Reino Unido da União Europeia em um referendo. Durante a entrevista, havia a possibilidade da ascensão ao poder de Geert Wilders, na Holanda, e de Marine Le Pen, na França. Apesar dos dois últimos terem fracassados, conseguiram trazer o discurso populista e nacionalista para o debate eleitoral.
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iStock 8. 78% projetam que as inovações tecnológicas vão liderar uma expansão da produtividade global
A explosão de notícias sobre as oportunidades e soluções de problemas advindos com a evolução exponencial da inteligência artificial, automação, computação distribuída, robótica e biotecnologia não empolga apenas o público em geral, mas também os CEOs. Os líderes empresariais acreditam que essas novas tecnologias podem reverter o persistente baixo aumento da produtividade, que foi de 0,3% ao ano na última década. Os CEOs estão entusiasmados com a inteligência artificial, que pode reduzir o número de pessoas necessárias para atividades financeiras e legais, e a robótica, que vai redesenhar a produção industrial.
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iStock 9. 79% acreditam que o processo de saída do Reino Unido da União Europeia vai intensificar pressões políticas e socioeconômicas tanto na ilha como no continente
As negociações para desenhar o processo de saída do Reino Unido da União Europeia se iniciaram no meio de 2017, com os dois lados com uma forte retórica. A Comissão Europeia insistiu que o Reino Unido pague suas dívidas com o bloco antes que as negociações começassem.
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iStock 10. 85% disseram que os ciberataques se tornarão mais frequentes
A pesquisa foi realizada em abril, e logo em maio aconteceu o maior ataque hacker coordenado da história, afetando 300 mil dispositivos em mais de 150 países. Já estava no radar dos CEOs o aumento destes ataques em 2016, especialmente com o desenvolvimento de vírus sofisticados. Na avaliação dos executivos, as empresas devem adotar medidas que protejam seus servidores desses ataques.
1. 66% acreditam que as tensões geopolíticas entre EUA, Rússia e China devem diminuir
Apesar da recente escalada de intimidações da Coreia do Norte com o seu programa nuclear, os executivos se baseiam na abordagem de não-confronto do presidente dos EUA, Donald Trump, em relação à Rússia e à China. Os CEOs apontaram a promessa de Trump de trabalhar em agendas internacionais de interesse mútuo com os russos, como a luta contra o Estado Islâmico na Síria – embora essa visão tenha diminuído devido à possível interferência russa nas eleições norte-americanas. Em relação à China, os executivos analisaram positivamente o encontro bilateral entre Trump e o presidente da China, Xi Jiping, em abril. A Coreia do Norte e a reivindicação chinesa sobre ilhas do Mar do Sul da China são os pontos de atritos com os EUA. Além disso, o aumento da influência na Ásia Central, tradicional zona de influência russa, pode gerar tensões entre chineses e russos.