Hugh Hefner, fundador da revista “Playboy”, morreu na noite desta quarta-feira (27) de causas naturais, aos 91 anos, em sua casa, a famosa Playboy Mansion, em Beverly Hills, de acordo com uma declaração da Playboy Enterprises.
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Por mais de seis décadas, Hefner foi o icônico líder da revista que fundou em 1953, quando tinha 27 anos. Conhecida por sua mistura de conteúdos de lifestyle, entrevistas reveladoras com personalidades importantes (como as de Jimmy Carter, Malcolm X e Miles Davis) e, claro, mulheres nuas (a primeira edição exibia uma Marilyn Monroe parcialmente vestida), a revista liberal rapidamente se tornou um grande sucesso. Seu primeiro número esgotou e ela passou a ser leitura obrigatória de homens adultos e adolescentes. Seu timing também foi fundamental: a era de ouro da Playboy coincidiu com a revolução sexual, e, no início da década de 1970, a circulação atingiu seu pico, com cerca de 7 milhões de cópias vendidas por mês.
“A ‘Playboy’ é uma imagem pessoal. O que importa para mim são os nossos produtos”, disse Hefner a FORBES em 1971. “A parte que me interessa mais são as ideias, não os dólares.”
Mas os dólares entravam. A revista se tornou um império dos negócios, com casas noturnas, acordos de licenciamento (o coelhinho emprestou seu nome a tudo, de roupas a carros de brinquedo) e uma rede de televisão. Apesar de a publicação ter entrado em declínio nos últimos anos – principalmente por causa do aumento da concorrência de pornografia online grátis e da circulação minguante -, o negócio permanece vivo e bem, avaliado recentemente em US$ 500 milhões.
No centro disso tudo estava Hefner, uma grande personalidade – e um verdadeiro playboy. Criticado por feministas mas adorado por seus amigos, reuniu opiniões fortes. Conhecido por oferecer festas extravagantes e namorar mulheres lindas e mais jovens, Hefner, frequentemente vestido em pijamas de seda, promoveu a revolução sexual.
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“Nós gostamos do nosso apartamento”, Hefner escreveu no editorial do primeiro número da revista. “Nós gostamos de servir drinques e um aperitivo ou dois, colocar um pouco de música ambiente na vitrola e convidar uma mulher para uma discussão tranquila sobre Picasso, Nietzsche, jazz, sexo.”
Essa decadência é melhor refletida na Playboy Mansion, um imóvel de 29 cômodos com um zoológico, a infame caverna, a enorme cama redonda de Hefner e, ao que parece, um sempre presente grupo de mulheres seminuas. Ainda que ele tenha continuado a viver lá até a sua morte, a mansão foi, na verdade, vendida em 2016 por US$ 100 milhões, tornando-a a casa mais cara já comercializada em Los Angeles até então.
A Playboy Enterprises se tornou uma empresa pública em 1971, mas foi comprada em 2011 em um acordo que a avaliou em US$ 207 milhões. Ainda que Hefner fosse um sócio júnior no negócio que adquiriu a Playboy em 2011 e não fosse mais CEO da empresa na época, seu acordo permitiu que ele exercesse o controle exclusivo da revista, assim como “o direito de aprovar a imagem geral, as fantasias e as roupas promocionais utilizadas pelas coelhinhas”. Hefner foi diretor criativo até o ano passado, quando seu filho Cooper assumiu (e rapidamente trouxe de volta fotos de nudez à revista que passou um breve período sem elas).
Ainda que Hefner tenha sido mais reconhecido por seu estilo de vida hedonista, ele foi também um campeão da liberdade de expressão e do liberalismo social. Falava em suporte dos direitos ao aborto e da descriminalização da maconha e apoiava essas causas por meio da Playboy Foundation.
Hefner deixa como herdeiros sua esposa, Crystal Harris, sua filha, Christie, e seus filhos, David, Marston e Cooper. “Meu pai viveu uma vida excepcional e impactante como pioneiro da mídia e da cultura e uma voz de liderança por trás de alguns dos mais significativos movimentos sociais e culturais da atualidade, defendendo a liberdade de expressão, os direitos civis e a liberdade sexual”, escreveu Cooper em uma declaração. “Ele definiu um estilo de vida e de caráter que estão no coração da marca Playboy, uma das mais reconhecidas e duradouras da história.”
Veja, na galeria de fotos, 7 fatos sobre Hugh Hefner:
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GettyImages Hefner fundou a revista “Playboy” em 1953, usando uma imagem de Marilyn Monroe nua, um empréstimo de US$ 600 e investimentos de membros da família para lançar a revista com um total de US$ 8 mil. Ela se tornou um dos impérios editoriais mais famosos da história.
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GettyImages Hefner usava as páginas de sua revista para escrever longos artigos contra a censura e promover várias outras causas libertárias.
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Reprodução/Facebook O empresário abriu seu primeiro Playboy Club em Chicago, em 1960. De repente, haviam dezenas desses estabelecimentos em lugares como Japão e Jamaica, com apresentações dos mais famosos artistas da época, como Sammy Davis Jr. e Sonny & Cher. Os clubes começaram a fechar no final da década de 1980 em função dos altos custos de operação.
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GettyImages Em 1985, Hefner sofreu um derrame que o deixou parcialmente paralisado por um tempo e incapaz de falar. Ele se recuperou totalmente.
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Reprodução/Facebook De seu imóvel Holmby Hills de 2,5 hectares em Los Angeles, Hefner acompanhou de perto a revista. Ele tinha a última palavra na direção editorial.
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Reprodução Hefner pediu para ser enterrado em uma cripta perto do túmulo de Marilyn Monroe em um cemitério em Los Angeles.
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iStock Hefner bebia – supostamente – cerca de 36 garrafas de Pepsi por dia.
Hefner fundou a revista “Playboy” em 1953, usando uma imagem de Marilyn Monroe nua, um empréstimo de US$ 600 e investimentos de membros da família para lançar a revista com um total de US$ 8 mil. Ela se tornou um dos impérios editoriais mais famosos da história.
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