A queda acentuada dos fios é uma queixa frequente no consultório, tanto em homens quanto em mulheres, e merece uma investigação médica criteriosa para se descobrir sua causa. Isso vai influenciar na prescrição do protocolo de tratamento mais adequado para cada paciente. O problema pode ser de origem genética, mas diversos fatores são capazes de desencadear a queda dos fios: estresse, má alimentação, dietas muito restritivas, alterações hormonais bruscas (como no pós-parto e na menopausa), distúrbios da tireoide, uso prolongado de determinados medicamentos, anemia e excesso de química nos cabelos (como alisamentos, tinturas e descolorações frequentes).
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Antes de mais nada, é preciso diferenciar a queda fisiológica da queda disfuncional. O ciclo do cabelo tem três fases: anágena, catágena e telógena. Na primeira, a fase anágena ou de crescimento, com duração de até dez anos, é onde encontram-se 80% dos fios. A catágena, com 10% dos fios, dura de duas a três semanas. A telógena, ou fase de queda, também com 10% dos fios, tem duração de três a quatro meses.
As quedas disfuncionais mais comuns são o eflúvio e a calvície (alopecia androgenética). O eflúvio, dividido em anágeno ou telógeno, corresponde a uma perda capilar de grande volume, em um curto espaço de tempo. O eflúvio anágeno pode ser provocado por quimioterapia e exposição a agentes tóxicos (arsênico, chumbo, radiação ionizante e medicamentos imunossupressores, como ciclosporinas).
O problema pode ser de origem genética, mas diversos fatores são capazes de desencadear a queda dos fios
O eflúvio telógeno é mais frequente em mulheres. Pode ser agudo ou crônico. A queda de cabelo no eflúvio telógeno se dá de dois a quatro meses após um evento pontual, como estresse agudo, dietas rígidas, puerpério, infecções graves, febre alta, alterações hormonais e anemias agudas. Geralmente, é autolimitado. A queda é difusa e dura até quatro meses. Quando persiste após esse tempo, é chamado de eflúvio telógeno crônico.
Já a calvície é considerada a principal causa de diminuição e afinamento dos fios. Ocorre devido à ação da testosterona no folículo piloso, associada à hereditariedade. O problema é mais frequente no homem, acometendo até 80% da população masculina. Mas também atinge 40% das mulheres. Ela se manifesta causando a miniaturização dos fios, que corresponde à diminuição do folículo piloso pela ação da dehidrotestosterona (DHT), ou seja, por ação hormonal geneticamente determinada, existe uma atrofia dos fios.
No homem, o processo de calvície se inicia pelas regiões temporais e vértice do couro cabeludo. Na mulher, a diminuição costuma ser mais difusa e revela-se através de uma rarefação dos fios na frente e no topo da cabeça. Os hormônios femininos ajudam a proteger os fios da ação da DHT, mas, após a menopausa, o quadro pode se manifestar de forma mais intensa, devido à ausência desses hormônios.
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Em qualquer dos casos, é fundamental o acompanhamento médico, pois é comum as patologias aparecerem associadas. Diante dos primeiros sintomas, procure um dermatologista. Pelo histórico do paciente e o resultado de exames específicos – como tricograma ou dermatoscopia do couro cabeludo –, ele é capaz de identificar a causa do problema. A abordagem precoce evitará o afinamento e a atrofia do folículo piloso, prevenindo a perda definitiva dos fios.
Os tratamentos disponíveis em consultório visam à reposição de alguns nutrientes e a consequente recuperação do diâmetro e da quantidade de fios, estimulando a primeira fase de crescimento capilar, a anágena. Um dos protocolos mais eficazes é a mesoterapia capilar, que consiste na aplicação de medicamentos, substâncias e vitaminas diretamente no couro cabeludo, bem próximo aos folículos, por injeções ou microponturas. Ela pode ser feita também imediatamente após o laser fracionado, que cria microcanais na pele do couro cabeludo, pelos quais o medicamento é absorvido mais rapidamente.
O laser fracionado de infravermelho médio, uma novidade nos consultórios, age fazendo bioestimulação, ou seja, uma reação inflamatória que acontece pós-procedimento e é suficiente para restabelecer o folículo miniaturizado, transformando-o em um fio mais grosso e saudável. São tratamentos com intervalos semanais ou mensais, dependendo da gravidade. O resultado, na maioria das vezes, é excelente para homens e mulheres. Em geral, dispensam o uso oral da temida (pelos homens) finasterida.
*Dra. Letícia Nanci é médica do Hospital Sírio-Libanês; médica-responsável pela Clínica Dermatológica Letícia Nanci; membro-efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD); da American Academy of Dermatology (AAD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD)
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