Considerado o arremate do ano, a venda do legítimo exemplar do Rolex Daytona Paul Newman deu o que falar na comunidade relojoeira. O evento Winning Icons – Legendary Watches of the 20th Century, realizado pela Phillips, que consagrou o título para o relógio, foi um acontecimento à parte. Quem presenciou ficou espantado com a forma como tudo aconteceu naquela noite de domingo, 26 de outubro, na cidade de Nova York.
LEIA MAIS: Rolex atravessa o século pautada pela busca da perfeição e da inovação
Tudo porque o lance de abertura para o relógio foi de apenas US$ 1 milhão, mas, logo em seguida, o pretendente a adquirir a peça teve todas as suas expectativas frustradas – o lance subiu para US$ 10 milhões em segundos. Com as apostas acirradas subindo em escalas de US$ 500 mil, logo se chegou ao patamar dos US$ 14 milhões e, como se não bastasse, em vias de se bater o martelo, algum grande apostador fez a oferta irrecusável, levando a emblemática peça, em menos de 15 minutos, pela cifra acumulada no título desta coluna.
O LEGADO DE PAUL NEWMAN
Todo esse furor pode parecer um tanto exagerado para aqueles que não dedicam uma paixão aos relógios. No entanto, a história por trás dessa pequena peça de 37 mm de diâmetro de aço inoxidável produzida em 1968 é que fez seu valor chegar a esse patamar. Para se ter uma ideia, é justamente por causa desse relógio que todos os relógios Daytona com mostradores exóticos são conhecidos por “Paul Newman”. E essa peça, em específico, estava desaparecida por mais de três décadas. Muitas histórias haviam sido inventadas e replicadas na tentativa de explicar a falta de conhecimento do seu paradeiro, até que no início deste ano o relógio reapareceu inesperadamente.
O primeiro modelo Daytona produzido pela relojoaria suíça, em 1963, não foi o primeiro cronógrafo da Rolex, mas seu diferencial está no contraste de cores entre o mostrador e o subdial, o que torna cada referência um relógio único. O modelo não era um sucesso de vendas na época, por isso a Rolex o manteve por apenas sete dos 25 anos de produção com marcha manual. Mas tudo mudaria após Paul Newman colocar o relógio de referência 6239 no pulso. Na época, o astro de cinema americano estava gravando o filme Winning (500 Milhas, de 1969) quando foi fotografado usando o modelo exclusivo. A repercussão foi tamanha que as vendas aumentaram exponencialmente. Todos queriam um “Paul Newman”!
A HISTÓRIA POR TRÁS DO ÍCONE
O que poucos sabiam − quase ninguém − é que o relógio, na verdade, não foi uma escolha sua: foi um presente, dado por sua esposa, a atriz americana Joanne Woodward, durante as gravações do filme de corrida. O presente era um lembrete ao marido amante das velocidades. Em seu verso, leem-se ainda as palavras “drive carefully”, e é assinado “Me”, uma maneira um tanto feliz de dar um conselho.
VEJA TAMBÉM: Conheça o Rolex dos presidentes
Com a “aparição” do relógio, outro enigma foi revelado; após disputar muitas corridas nas 24 Horas de Le Mans, Paul começou a aparecer com outro modelo Daytona, de referência 6263, com mostrador negro. Hoje, sabe-se que o simbólico relógio havia sido dado como presente novamente. Dessa vez, o próprio Newman havia presenteado seu genro com o modelo. Depois daquele evento, não se sabe o que aconteceu com a peça, até o verdadeiro “Paul Newman” reaparecer, naquela inesquecível noite de domingo.
*Jairo Waisman é diretor executivo da Joalheria Frattina
Copyright Forbes Brasil. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, total ou parcial, do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, impresso ou digital, sem prévia autorização, por escrito, da Forbes Brasil ([email protected]).