Steve Wynn, fundador da rede Wynn Resorts, foi assunto de uma matéria do “Wall Street Journal” que o coloca no centro de uma série de assédios e abusos sexuais que ocorreram ao longo de duas décadas.
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Investidor de longa data em Las Vegas, Steve tem dois hotéis com seu nome na cidade. Logo que as alegações surgiram, os valores das ações do negócio despencaram em dois dígitos. Amigo há anos do presidente Donald Trump – e também seu concorrente no ramo dos cassinos -, era também chefe financeiro do Comitê Nacional Republicano até o dia seguinte à publicação da reportagem, quando perdeu a posição.
Steve Wynn nega as acusações – a exemplo do que fez o produtor de cinema Harvey Weinstein, cujas queixas de assédio começaram em outubro do ano passado. Apesar de as acusações de Harvey serem mais graves, como forçar uma mulher a ter relações sexuais, uma manicure alega ter recebido US$ 7,5 milhões para fazer sexo com o empresário.
“A ideia de que eu assediei qualquer mulher é absurda”, diz Steve. A matéria do “Wall Street Journal” também menciona que ele sempre pagou pelos seus serviços privados, de manicure ou massagem, em dinheiro. Assume-se que o sexo seria “grátis”. Essa negação está na raiz de homens poderosos que se aproveitam de mulheres, simplesmente porque eles acham que podem.
Esse tipo de homem se engana ao pedir uma gratificação sexual para uma funcionária achando que isso faz parte do trabalho dela porque ele é o chefe. Na maioria dos casos, estamos falando de homens que construíram suas próprias empresas e que se iludem com o fato de que estão acima dos outros. Eles acham que podem fazer qualquer coisa, com quem quiserem, a qualquer momento. Ficam tão isolados em seus mundos que conseguem dizer, sem hesitação, e acreditando de fato nisso, que não são predadores, apenas aventureiros sexuais.
Esse tipo de comportamento é uma doença que movimentos como Me Too e Time’s Up estão enfrentando. Impropriedade sexual não é a única coisa que homens de poder dominam. Muitos líderes corporativos vivem de forma isolada e se cercam de pessoas que atendem a todos os seus desejos, sem nunca discordar. Seu erro fatal é a arrogância.
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“A arrogância é uma doença progressiva. Quanto mais a pessoa demora a tratá-la, pior ela se torna”, escreve Jonathan Mackey e Sharon Toye em um artigo de estratégia e negócio. “É muito difícil mudar líderes que sofrem desse mal, já que uma de suas principais características é a cegueira, a incapacidade de enxergar que está sendo acometido por ele e admitir fazer algo sobre isso.”
Os autores, Mackey e Sharon, ambos parceiros na empresa Heidrick & Struggles, oferecem algumas sugestões para quem trabalha com esse tipo de chefe. Em primeiro lugar, o comportamento deve ser reconhecido. Como descrito anteriormente, a falta de autoconsciência só irá perpetuar a conduta. Eles aconselham seguir alguns passos para isolar os efeitos ao estabelecer regras que cessem essas atitudes.
O efeito desse comportamento não afeta apenas as pessoas, mas os negócios também. Segundo um estudo com 500 companhias citado pelos autores, o excesso de confiança pode levar a decisões arriscadas relacionadas a fusões e aquisições. Eles escrevem que CEOs extremamente confiantes “muitas vezes miram em empresas fora da linha de negócios da própria companhia, uma estratégia com um histórico muito fraco”. Por essa razão, muitos planos não atingem o resultado esperado.
As soluções propostas pelos especialistas são tanto institucionais quanto individuais. As empresas precisam criar sistemas que impeçam o exagero de executivos e esses indivíduos precisam aprender a virtude e o valor da humildade.
Os predadores sexuais são egocêntricos, mas nem todos os executivos que demonstram arrogância são criminosos. No entanto, a essência do comportamento é o auto-engrandecimento. Quando os executivos começam a se comportar como imperadores, as barreiras começam a cair.
Denunciar o mau comportamento é um ótimo primeiro passo. É necessário certificar-se de que as violações nunca ocorram ao garantir que executivos – homens e mulheres – aprendam a respeitar uns aos outros como respeitam a si mesmos.
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