Considerado um dos gurus do RH moderno, o americano David Ulrich pondera que a habilidade de se transformar nunca foi tão importante para o sucesso de um negócio. Empresas que não se transformam não são capazes de sobreviver ao atual cenário volátil e complexo.
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Acredito que esse pensamento vale também para uma nação. Neste momento, o país atravessa uma intensa tempestade de transformação e adaptação. E, como estamos no meio dessa tempestade, a visibilidade está prejudicada, o rumo a seguir nos parece incerto e ambíguo. A impressão é de que nada vai acabar bem. Ainda assim, prefiro me juntar ao coro dos otimistas a dar ouvidos aos “mimimis” políticos e ideológicos, desprovidos de atitude e de coragem para enfrentar a situação.
É bom e saudável que empreendedores de sucesso participem desse momento de transformaçãoÉ uma adesão ponderada, centrada na perspectiva das grandes questões jurídicas que estão em andamento, como a regularização do combate à corrupção, o fim do foro privilegiado, os mecanismos que regulam as reformas econômicas e outros tantos temas importantes que estão no epicentro dessa intensa transformação. E que, por certo, devem nos levar a um novo entendimento de nossa democracia e de nossas instituições. Até a ministra Cármen Lúcia, em seu discurso de posse como presidente do Supremo Tribunal Federal, reconheceu que o Judiciário brasileiro, mais do que uma reforma, precisa passar por uma transformação. “Sem justiça, sobra a força de uma pessoa sobre a outra, a violência pessoal que não respeita o que de humano distingue o homem de outras espécies”, afirmou.
Modestamente, junto-me à ministra. Afinal, as reformas feitas no Judiciário contribuem para mudanças em outras áreas do poder público. Mas, sobretudo, junto-me àqueles que, com comprometimento e contribuição, no final sabem que desse limão pode-se fazer uma boa limonada. “Quando tudo parece estar contra você, lembre-se de que um avião decola com o vento contra, não a favor”, disse certa vez Henry Ford, fundador da Ford Motor Company. Hoje, novos personagens surgem como alento em meio a uma crise que se arrasta há anos, unidos em torno de um objetivo que favoreça a ampliação do poder de ação do grupo social e traga reflexos promissores ao cenário nacional.
No meio da tempestade, vemos empreendedores que se apresentam e se colocam à disposição de um interesse maior em missões fora de suas áreas de atuação, mas com vontade de contribuir e ajudar na tarefa de reorganização social e política. Eles vêm das mais diferentes áreas, mas com igual sede de transformação – justamente porque representam uma alternativa constituída a partir de uma perspectiva ética marcada pela cooperação, pela agregação mútua de forças em prol da concretização do bem comum.
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Em sua passagem pelo Brasil em 2011, a neta do oceanógrafo e documentarista Jacques-Yves Cousteau (pioneiro no registro cinematográfico da vida submarina), Céline Cousteau, ao ser perguntada sobre que mensagem gostaria de deixar, ela se dirigiu aos mais novos, dizendo: “A mais importante das mensagens que quero passar é a de que os jovens têm o poder de mudar o mundo. Mas, para isso, eles precisam se atirar na busca das mudanças. E precisam acreditar que possuem habilidades para fazer essa transformação”.
Como já escrevi outras vezes neste espaço, cada vez mais vemos pessoas com menos de 40 anos ocupando cargos estratégicos dentro de grandes empresas, algo que até pouco tempo atrás era raríssimo. Hoje vemos empresários fortes e preparados, mesmo os ainda muito jovens, com habilidade para fazer essa transformação em outros setores. É bom e saudável que empreendedores de sucesso participem desse momento de transformação. Sem o radicalismo de jogar o passado no lixo ou execrar aqueles que muito têm contribuído. Não precisamos destruir o que já está construído, mas podemos renovar, revitalizar a sociedade e as organizações. Transformar para sobreviver.
*Nelson Wilians é CEO do Nelson Wilians & Advogados Associados