Em uma entrevista ao programa de televisão norte-americano “60 Minutes”, Mohammed bin Salman, o príncipe herdeiro e governante da Arábia Saudita disse que, até o momento, arrecadou muito dinheiro com sua campanha anticorrupção. “O valor ultrapassa US$ 100 bilhões”, disse ele com a ajuda de um intérprete. Não foram divulgados detalhes sobre a ação, mas existem relatos de que o príncipe Alwaleed bin Talal al Saud teve que pagar US$ 6 bilhões para sair de sua prisão no Ritz-Carlton Riyadh. Outros, como Mohammed al-Amoudi, continuam no limbo.
LEIA MAIS: Por que a Arábia Saudita está ausente na nova lista de bilionários FORBES
Não é possível saber o que foi cortado na edição, mas, na entrevista, MbS (como ele é conhecido) aparentou ser amigável e educado, embora arrogante. Ele não se manifestou sobre o fato de alguns integrantes da família real terem roubado bilhões do governo e também não comentou a compra de um iate de US$ 500 milhões e de um castelo francês de US$ 300 milhões. O dinheiro usado para isso é, provavelmente, do governo saudita. “Minha vida pessoal é algo que gostaria de manter privado”, disse ele. “E sobre meus gastos pessoais: eu sou uma pessoa rica, não uma pessoa pobre.”
Ele disse que aprendeu muito com seu pai, o rei Salman bin Abdulaziz al Saud, ao longo do tempo e mencionou que tinha que ler um livro por semana e, em seguida, fazer um teste sobre ele. “O rei sempre diz que se você ler sobre a história de mil anos, você terá a experiência de mil anos”.
A entrevistadora foi a jornalista Norah O’Donnell, que não usou hijab para cobrir a cabeça. “As mulheres são iguais aos homens?”, perguntou ela. “Com certeza. Todos nós somos seres humanos. Não existe diferença”, respondeu o príncipe.
O programa destacou o fato de as mulheres terem, finalmente, permissão para dirigir no reino, mostrando, em seguida, uma cena em que as autoridades ordenaram que a produtora do talk show cobrisse o cabelo. “Nós acreditamos em muitos dos princípios dos Direitos Humanos, mas as normas sauditas não são iguais às normas norte-americanas. Estamos trabalhando para corrigir essas deficiências”, disse o príncipe.
Vários dias antes de exibir a entrevista, a CBS veiculou prévias do momento em que MbS comparou o líder do Irã Ayatollah Ali Khameni com Adolf Hitler. Ele culpou as milícias iranianas pelo grande sofrimento das pessoas no Iêmen, onde os ataques aéreos sauditas mataram milhares de civis. Declarou, ainda, que se o Irã adquirisse armas nucleares, a Arábia Saudita faria o mesmo. “O Irã está longe de ser igual à Arábia Saudita”, afirmou o príncipe.