Nesta minha primeira coluna do ano, alegro-me em dizer que o Brasil está a se afastar, de vez, da segunda maior recessão de sua história.
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O país mostrará que 2017, por mais turbulento que tenha sido, trouxe-nos de volta a um crescimento de cerca de 2%, indicando que temos fôlego para ultrapassar os 4% de aumento de renda nacional em 2018. Os fundamentos econômicos são saudáveis, e as reformas tributária e da Previdência darão o necessário empuxo à arrancada econômica no ano que ainda engatinha.
A criação de empregos, a renda crescente nos lares com a inflação controlada, os juros estabilizados em patamares reduzidos, o aumento do crédito e a diminuição do endividamento familiar resultam em recordes mensais de produção, de venda de automóveis e de bens de consumo. Os preços dos alimentos, sustentados pelo progresso tecnológico do agronegócio, também estão claramente mostrando estarmos tirando os pés da lama.
Não só do lamaçal econômico em que nos meteram a política bolivariana e sua prima brasileira, mas também do pântano em que nos mergulhou o consórcio espúrio empresarial-político-estatal, denegrindo nossa imagem e destruindo a vontade nacional de nos consolidarmos como um país sério, justo, moderno, inventivo tecnologicamente e respeitado internacionalmente.
Tenho a convicção de que as lambanças dos poderes públicos, em todos os seus matizes, não contarão mais com a indiferença e a falta de reação da sociedade. Se a situação chegou aonde chegou, por nossa culpa – ao não fiscalizarmos aqueles em quem votamos e não exigirmos dos partidos o cumprimento de seus programas, ainda que muitos deles desprovidos de bom senso ou desconectados da realidade –, cabe-nos uma palavra de ordem para sairmos de vez deste emaranhado, puxados pelas mãos de um renascimento econômico que, mesmo aos mais céticos, causou surpresa.
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Vigilância pública e cobrança diuturna como empresários, pais de família, trabalhadores, juízes e, acima de tudo, responsabilidade diante da renovação política marcada para 2018. Que nosso voto seja de qualidade e que nossa participação como cidadãos seja intensa.
Vejo o mundo em condições econômicas e políticas mais favoráveis que em 2017. Os Estados Unidos crescerão 3%; a Europa, ao redor de 2%; a China, nos seus 7% usuais e programados; Índia,Turquia, Tailândia e Vietnã despontando para acima de 5%; e, finalmente, a América Latina não bolivariana, inclusive as economias da Bolívia e do Equador, seguindo firme na linha da industrialização e do crescimento.
Em não havendo conflito com a Coreia do Norte, tanto a Ásia quanto os EUA dirigirão suas economias para uma confluência de interesses econômicos, com poder irradiante. E o Reino Unido, com o Brexit bem negociado, será um traço de união importante entre as Américas e a comunidade europeia – e manterá um dinamismo econômico que muitos julgaram extinto.
Ao ver o mundo recriando condições para um desenvolvimento sustentável, será lamentável se o Brasil, novamente, não limpar suas botas da lama ressequida das velhas ideologias que nos levaram à recessão e deixar passar a nova janela de oportunidades.
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Sempre sou positivo a respeito do papel do Brasil no mundo. De meu livro prefaciado pelo ex-secretário de Estado e do Tesouro americano James Baker III, retiro uma citação importante e imparcial sobre nosso país: “Que o segmento empresarial brasileiro e a sociedade em geral não sejam tímidos em relação ao cenário de comércio internacional. E que os líderes brasileiros tenham a percepção do mundo como um palco em que o Brasil tenha presença importante, o povo brasileiro entenda o papel de cada ator e compreenda a obra como um todo. Acima de tudo, que o protecionismo seja evitado, enquanto a inovação, a educação e o comércio livre sejam incentivados. Uma abordagem covarde não será recompensada”.
É uma ode a uma nação livre, justa, pragmática, integrada na estrutura mundial de poder, desvinculada de grupos ideológicos, mas participante do comércio mundial e da criação intelectual e da riqueza; preservando compromissos históricos, mas zelando para que estes não sejam peias para o exercício de seu destino, que, certamente, transborda suas fronteiras físicas.
Se importantes líderes mundiais nos veem dessa maneira tão positiva, por que nós mesmos nos apequenamos diante do papel de relevo que o Brasil deve se acostumar a exercer?
*Mario Garnero é chairman do Grupo Garnero e presidente do Fórum das Américas
Coluna publicada na edição 57, lançada em março de 2018
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