A PwC divulgou hoje (3) os resultados de sua pesquisa “Global Consumer Insights Survey”, realizada no Brasil desde 2012. O estudo entrevistou cerca de 22.000 consumidores em 27 países.
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Um dos temas abordados pela pesquisa foi o otimismo do brasileiro em relação à economia. Dos entrevistados, 49% esperam melhorias no cenário econômico em relação a 2017 e 28% acreditam que o panorama permanecerá igual – contra índices globais de 32% e 41%, respectivamente. No entanto, o Brasil se destaca por ser o país com maior preocupação sobre a recessão econômica (83% dos entrevistados manifestaram o sentimento). Ainda assim, 71% dos entrevistados esperam aumentar as despesas com compras nos próximos 12 meses: 15% acreditam que vão gastar muito mais, 33% esperam gastar um pouco mais e 23% esperam gastar quase o mesmo valor.
Em pouco tempo, uma amostra significativa da população parou de usar o smartphone apenas como meio de busca e passou, de fato, a fazer compras pelo celular (41%). Há cinco anos, apenas 15% das pessoas compravam via smartphones e 20% via tablets. De 2014 a 2018, o número de consumidores que compram online pelo menos uma vez por mês – por meio de smartphones, tablets, PC e wearables – saltou de 58% para 65%. Uma possível explicação para isso é uma mudança de abordagem por parte das empresas: “A mentalidade mobile first fez com que os varejistas parassem de focar na ideia de aplicativos e apostassem em seus sites”, disse Ricardo Neves, sócio da PwC responsável por varejo e consumo. “A tendência de passar a fazer compras de maneira online é uma constante não só no Brasil, mas no mundo inteiro, independentemente da situação econômica”, completa.
Não por acaso, os meios online (tablet e mobile) são os que mais crescem, enquanto o PC e a loja física permanecem no mesmo patamar, ainda que tenham variações ano a ano. A tendência vale para todas as categorias de produtos. “Isso também é reflexo do amadurecimento da oferta. Um maior número de players e soluções vêm sendo agregados, o que dá mais confiança aos consumidores”, disse Alexandre Horta, diretor de varejo e consumo na PwC. “As empresas estão utilizando soluções de mobile mais intuitivas e fáceis de utilizar do que no passado”, completou.
A categoria de produtos que mais enfrenta dificuldades em relação às compras online é a de alimentos – que, desde 2014, cresceu apenas 5%. “É um segmento difícil de operar e de atrair o consumidor, apesar das tentativas no mundo todo. O maior índice é na Inglaterra e, mesmo assim, ainda é de apenas 8%”, explicou Horta.
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Um dos pontos que se destacam entre os resultados da pesquisa é o aumento também das vendas em lojas físicas – a primeira vez em que isso acontece desde 2013. Uma possível explicação para esse crescimento pode ser uma mudança no perfil das lojas, que dão mais ênfase à experiência do consumidor. “Só o online não se sustenta. O varejo físico é um complemento ao online na questão do omnichannel. O físico é fundamental para a aproximação da relação entre o cliente e a empresa e a consequente fidelização”, explicou Neves.
O consumo dos brasileiros é igualmente dividido entre produtos e experiências. Dos consumidores ouvidos, as prioridades são gastos individuais (37%), tempo gasto com amigos e familiares (35%) e mudanças de prioridades para aproveitar mais a vida (35%). Entre as experiências, as preferidas são viagens (56%), restaurantes (50%), melhorias pessoais/educacionais (37%) e entretenimento (32%).
O futuro do varejo, porém, ainda parece incerto no que diz respeito a assistentes de inteligência artificial, embora os consumidores brasileiros demonstrem muito interesse neles. Dos entrevistados, 14% possuem um assistente de inteligência artificial e 59% não possuem, mas têm interesse – contra 10% e 32% globalmente. Com isso, o Brasil se torna o país em que a população tem mais interesse em possuir esse tipo de tecnologia, seguido pela China (52%) e Malásia (50%).
Outra questão muito discutida, a segurança para compras online, parece ter deixado de ser uma preocupação para os brasileiros como era no passado. Em 2014, 47% dos consumidores alegavam insegurança para fazer esse tipo de transação via smartphone. Hoje, esse número é de 29%.