Muito se especula se animais fantásticos como os unicórnios já habitaram a Terra junto com os seres humanos. São muitas teorias a respeito, entretanto existe um tipo de “unicórnio” que realmente posso afirmar que existe e poderá ser arrematado, em maio, por US$ 2,8 milhões.
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Pode até parecer brincadeira, mas na verdade falo de um Rolex muito especial. Intitulado com o nome do animal mitológico devido a sua raridade, o Cosmograph Daytona Ref. 6265 é o único Daytona de ouro branco de que se tem notícia na história da relojoaria. O relógio será a atração principal do leilão “Daytona Ultimatum”, realizado pela Phillips em maio, em Genebra, junto com outras 32 raridades Daytona que serão colocadas para lance.
Antes de sua descoberta, há uns oito anos, acreditava-se que a Rolex teria produzido apenas Daytona de aço inoxidável, de ouro 18 quilates ou alguns raros de 14 quilates desenvolvidos para clientes nos Estados Unidos, mas nunca um de ouro branco. Hoje, o que se sabe da história do Unicórnio é que ele foi produzido em 1970 – acredita-se que tenha sido um pedido de alguém muito influente e especial para a relojoaria. Pois uma coisa é certa: não é nada fácil convencer a Rolex a mudar a forma de produzir suas peças. Ainda mais quando falamos de um Daytona – um modelo esportivo destinado a uso diário – ser fabricado de um material que exige um cuidado maior do que o aço inoxidável, por exemplo. As pistas indicam que o relógio foi entregue a uma loja alemã e seu comprador original nunca foi descoberto.
Com um olhar mais atento à peça, é possível desvendar mais alguns mistérios: a pulseira, também de ouro branco, com escamas, é uma substituição da original de couro e, no fundo do mostrador, constatam-se marcações que datam de 1971 a 2010. Isso sugere que o relógio já teve várias passagens pela relojoaria ao longo dos anos. Seu atual proprietário, o colecionador John Goldberger, havia prometido nunca vender a peça, tamanha a sua raridade. Mas parece que seu lado filantrópico falou mais alto, e ele resolveu colocá-lo em leilão pela primeira vez – sua venda beneficiará a Children Action, uma fundação dedicada a ajudar jovens em todo o mundo.
Porta-tesouros
Muitos mistérios nos levam à Alemanha, e sua maneira de guardar segredos é algo que permeia toda a história do país europeu. Os alemães podem perder o trono para os suíços quando o assunto é a criação de relógios de pulso, mas possuem know-how suficiente para garantir a segurança das peças mais raras. Um dos objetos de desejo de colecionadores de todo o mundo são os móveis projetados pelos amigos Harald Buben e Christian Zörweg. As criações da casa Buben & Zörweg podem ser perfeitamente escondidas dentro de um closet ou até mesmo tornar-se a peça principal de uma sala, sem que ninguém saiba que lá dentro se esconde um tesouro.
As 50 unidades do Grande Infinity cumprem perfeitamente esse papel. À primeira vista, o que chama atenção no móvel é seu relógio de pêndulo com marcador de hora mundial com reserva de marcha de 31 dias. A elegância e sofisticação do design inspirado na art déco do início do século 20 fazem passar despercebido um cofre de 250 kg no centro da peça. O interior desse “armário secreto” todo revestido de couro italiano guarda em suas portas 20 relógios sobrepostos de modo vertical e mais 12 peças em seu compartimento secreto. A certificação alemã de segurança garante a tranquilidade de muitos amantes da relojoaria – e deixa ainda mais prazeroso o ato de colecionar.
Coluna publicada na edição 58, lançada em abril de 2018