Não sei quantas vezes ouvi alguém lamentar por estar ocupado demais para ler um livro. No começo, eu evitava essas pessoas. Quem está ocupado demais para ler um livro? Mas, o triste fato é que todos pensam que estão ocupados demais para fazer a maioria das coisas hoje em dia. E por que eles não deveriam estar? Nossa atenção é constantemente dividida entre dezenas de dispositivos, todos com diferentes distrações.
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A desculpa mais comum que as pessoas me dão por não ler é que simplesmente não têm tempo para se sentar e fazer uma coisa de cada vez. Mas quero que as pessoas leiam mais livros, continuem a consumir boas histórias e se deixem perder na imaginação dos autores.
É por isso que estou intrigada com uma nova startup que tenta unir o melhor dos livros com o melhor dos podcasts para dar aos leitores a capacidade de consumir histórias em diferentes formatos.
A Serial Box, que arrecadou US$ 1,65 milhão em financiamento em 2017, faz exatamente o que o nome sugere. Ela transforma livros em uma série de episódios, porções pequenas que são relativamente fáceis de digerir.
A empresa atua como um híbrido entre um estúdio de produção e uma editora, ao contratar autores talentosos para escrever novas ficções, além de equipes de escritores que podem transformar esses livros em episódios facilmente consumíveis, lançados semanalmente, assim como os podcasts.
Geralmente, uma série será executada por cerca de 10 a 16 semanas. O público-alvo pode tanto ouvir um episódio quanto lê-lo em um dispositivo como o kindle. Não tem tempo para sentar e ler um livro? Ouça o próximo capítulo enquanto dirige para o trabalho. Tem meia hora livre em um domingo à tarde? Por que não ler o próximo capítulo impresso? Os dois formatos pretendem ser perfeitamente intercambiáveis. Isso é o que eu acho tão interessante: a capacidade de desfrutar de uma história em vários formatos, da maneira que for mais conveniente.
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“Nos últimos 20 anos, nossas vidas mudaram, mas, ao contrário de outras formas de entretenimento, como televisão e podcasting, a literatura continuou a mesma”, explica Molly Barton, cofundadora da Serial Box. Molly conhece a indústria muito bem, ela trabalhou anteriormente na editora Penguin Random House US como diretora digital global. Ela me diz que entende que livros podem ser assustadores para as pessoas. “A experiência de ler um livro inteiro parece difícil”, afirma. “A troca entre ler e ouvir, realmente, atrai as pessoas.”
Hoje, a Serial Box tem nove funcionários em tempo integral, e Molly diz que a empresa trabalha com um grupo de 60 escritores para criar novas narrativas. O gênero mais popular até agora, como esperado, é fantasia; mas a startup tem experimentado diferentes tipos de histórias, de “Belgravia”, ficção histórica do criador de “Downton Abbey”, Julian Fellowes, a “Geek Actually”, uma série de ficção feminina contemporânea, que é tão atraente para as fãs de “Sex and the City” quanto de “Star Wars”.
Os usuários pagam pelo conteúdo à medida que os consomem: US$ 1,59/episódio. O formato também permite que a Serial Box seja ágil na criação de conteúdo sob demanda.
Como autora, sou aficionada por livros impressos e não gosto muito de ler em uma tela. Embora adore ouvir conteúdo, provavelmente, não vou migrar para um dispositivo e-reader. A solução da Serial Box para isso é começar a imprimir livros para acompanhar seus episódios de áudio. A empresa fez um acordo, válido somente nos EUA, com a editora Simon & Schuster para as primeiras temporadas de seus livros “Bookburners” (“Queimadores de Livro”, em tradução livre), “Tremontaine”, e “The Witch Who Came In From The Cold” (“A Bruxa que Veio do Frio”, em tradução livre).
Seria isso o futuro dos livros impressos? Uma evolução das obras, em vez da extinção dos exemplares físicos? Primeiro, é necessário que mais pessoas leiam para saber a resposta.