Planejar a extração madeireira e, ao mesmo tempo, garantir a conservação e a plena recuperação da floresta é o maior desafio do manejo florestal sustentável na Amazônia. Para apoiar essa missão, a Embrapa criou o software BOManejo, uma ferramenta de apoio à elaboração e execução de planos de manejo que será oficialmente apresentada hoje (5), na seda da Embrapa Amazônia Oriental, em Belém (PA).
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A ferramenta é gratuita (disponível em https://www.embrapa.br/bom-manejo) e direcionada a técnicos de empreendimentos florestais, comunidades e, futuramente, a técnicos de órgãos de fiscalização. O chefe-geral da Embrapa Amazônia Oriental, Adriano Venturieri, ressalta que o software é um exemplo de como a pesquisa gera produtos que atendem ao setor produtivo e ao governo. “Seu uso contribui para que a atividade madeireira na Amazônia tenha cada vez mais planejamento e controle, causando o mínimo impacto à floresta”, completa.
Segundo o pesquisador José Francisco Pereira, da Embrapa Amapá, as vantagens do uso do software são inúmeras. Para o segmento madeireiro, por exemplo, ela apoia a elaboração do Plano Operacional Anual, desde o planejamento da colheita florestal, os dados no inventário, a seleção e indicação da quantidade de árvores a serem extraídas até o monitoramento do corte. Já para os técnicos de órgãos de controle e fiscalização será lançado, em breve, um módulo específico, que irá ajudar na avaliação dos planos operacionais, uma vez que deve padronizar os projetos de manejo, evitando diferenças nas avaliações.
Para o chefe-geral da Embrapa Amapá, Nagib Jorge Melém Júnior, o controle dos dados da extração madeireira permite a redução do tempo e uma maior eficiência na execução do manejo. “Nossa intenção é contribuir para que o setor madeireiro possa ser cada vez mais fortalecido de maneira que a gente consiga ter uma produção madeireira e, ao mesmo tempo, possa preservar a floresta para as gerações futuras”, destaca o dirigente.
CONSERVAÇÃO
O software é resultado da primeira fase do projeto Bom Manejo, desenvolvido pela Embrapa e financiado pelo ITTO (Organização Internacional de Madeira Tropical), cujo objetivo é aplicar boas práticas de utilização e conservação das florestas. Para isso, o projeto desenvolveu, em sua primeira fase, ferramentas computacionais que auxiliam técnicos e produtores no planejamento do manejo e monitoramento da floresta. “Um manejo bem feito pressupõe retirar a madeira e promover condições para que as populações de árvores continuem em um processo de crescimento, de forma que, em um ciclo de 35 anos, seja possível uma nova retirada”, explica o pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Milton Kanashiro, e coordenador da iniciativa.
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O especialista diz que o monitoramento da floresta amazônica tem avançado bastante em vários segmentos. Atualmente, técnicas de sensoriamento remoto e radares conferem precisão ao volume a ser explorado em uma área de floresta, por exemplo. “Mas é preciso ainda avançar na questão dos planos de manejo e na difusão das tecnologias disponíveis pela pesquisa”, continua.
TECNOLOGIAS
O projeto Bom Manejo desenvolveu quatro ferramentas computacionais para controle e execução dos Planos de Manejo Florestal Sustentável, que estão disponíveis no portal da Embrapa. Além do software BOManejo, o projeto desenvolveu também o MFT, de monitoramento das florestas tropicais, o MEOF, de monitoramento econômico das operações florestais, e o MOP, de monitoramento da performance das operações florestais.
A segunda fase compreende a capacitação de técnicos do setor madeireiro, de órgãos governamentais de fiscalização e de professores da área florestal para o uso e melhoria dessas ferramentas.
O Bom Manejo é executado pela Embrapa Amazônia Oriental e Embrapa Amapá e conta com a parceria da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Instituto Florestal Tropical (IFT), Serviço Florestal Brasileiro e Fidesa.