A Argentina está em dificuldades econômicas – de novo. Mas o país tem a oportunidade de virar o mundo econômico de cabeça para baixo.
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Seu presidente conservador, Mauricio Macri, está buscando um acordo com o FMI para obter uma linha de crédito de US$ 30 bilhões. Desde a sua vitória surpreendente em 2015, Macri tem sido descuidado quanto a enfrentar os gastos descontrolados, os empréstimos volumosos e o capitalismo de compadrio desenfreado. Agora, o peso está sob ataque, enquanto o governo vem pressionando o banco central a comprar mais títulos com dinheiro criado a partir do nada – maneira infalível de atiçar a inflação. A Argentina já destruiu sua moeda muitas vezes e parece estar a caminho de repetir isso: o peso perdeu 20% de seu valor este ano.
Macri tem nas mãos a herança maldita que recebeu de seus dois antecessores corruptos e autoritários, Cristina Kirchner e Néstor Kirchner. Mas não é no FMI que Macri encontrará a salvação. Os argentinos detestam esse órgão porque, durante sua última rodada de medidas de austeridade, impostas há 18 anos, o desemprego subiu para 20%.
Há uma maneira simples de o presidente encurralado interromper imediatamente a deterioração da moeda: comprar pesos nos mercados de câmbio com as reservas externas do governo – cerca de US$ 50 bilhões, na última avaliação – até o peso recuperar todo o terreno que perdeu. Aliás, com esse orçamento de guerra, o governo poderia comprar toda a base monetária da Argentina.
Os críticos zombam dessa medida, dizendo que não funciona. Afinal, a Argentina já gastou quase US$ 8 bilhões em operações de câmbio e não deteve a desvalorização. Mas esses céticos estão se esquecendo de um erro flagrante que a Argentina cometeu: o banco central comprou pesos – reduzindo, assim, a oferta, o que foi bom –, mas depois deu meia-volta e aumentou a oferta ao comprar títulos. Isso é o equivalente a usar um balde para tirar água numa das extremidades de uma piscina e, em seguida, despejá-la de volta na outra extremidade.
Macri deveria enviar aos diretores do banco central um memorando simples: parem com esse absurdo imediatamente e reduzam a base monetária até a taxa de câmbio entre o peso e o dólar cair de 25:1 para 15:1.
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Passada a crise, o que aconteceria rapidamente, ele deveria cogitar uma medida verdadeiramente radical: tornar o dólar a moeda oficial da Argentina. As pessoas trocariam de bom grado seus pesos por dólares à taxa de 15:1. Considerando-se o lamentável histórico de má administração monetária de seu país, os argentinos sabem que é apenas uma questão de tempo para o peso virar fumaça novamente.
Equador, Panamá e El Salvador já usam o dólar. Embora o Equador tenha sido governado recentemente por um esquerdista antiamericano, ele logo desistiu da ideia de tentar reintroduzir uma moeda local – o povo não aceitaria.
William Howard Taft
Que falta de respeito! Nas raras vezes em que se fala do nosso 27º presidente, ele é lembrado como o mais corpulento ocupante do Salão Oval. Sua imagem física também é prejudicada pelo bigode de leão-marinho, que é um atestado de “antiquado, fora de sintonia com a realidade”. Mais concretamente, a presidência de apenas um mandato de Taft foi uma forte decepção após a administração hipervigorosa e inovadora de seu antecessor, o sempre empolgante Theodore Roosevelt. O realizador deslumbrante em contraste com o indolente obtuso!
Não há dúvida de que Taft era inadequado para a presidência, sendo notavelmente inepto no que dizia respeito à prática política. Mas esta biografia curta, bem-pesquisada e bem-escrita eleva substancialmente a reputação de Taft. Ele foi um homem notável que teve grandes êxitos durante sua vida – mesmo durante seu infeliz período na Casa Branca.
O desejo de Taft ao longo de toda a vida foi o de atuar na Suprema Corte dos Estados Unidos ou, quem sabe, até chefiá-la. Ele claramente tinha cérebro e temperamento para tanto (sua ambiciosa esposa, por outro lado, queria que ele fosse presidente). Foi nomeado para uma vara do estado de Ohio antes dos 30 anos. Taft era tão admirável, que foi cogitado para o supremo tribunal aos 30 e poucos anos; em vez disso, foi nomeado procu- rador-geral dos EUA, onde saiu vitorioso em 16 das 18 causas que defendeu perante a Suprema Corte. Os contemporâneos ficaram impressionados com o esmero e a integridade de Taft. Ele ganhou um assento no Tribunal de recursos da Sexta Circunscrição (durante esses anos, Taft tornou-se grande amigo de outra estrela em ascensão, Theodore Roosevelt).
O presidente William McKinley retirou um relutante Taft da magistratura e fez dele governador civil das Filipinas, recém-adquirida ex-colônia espanhola. Era um trabalho repleto de dificuldades, já que os EUA estavam travando uma guerra desagradável contra guerrilhas que combatiam pela independência. Taft teve um desempenho brilhante, granjeando autêntica popularidade entre o povo filipino. Roosevelt, que virou presidente quando McKinley foi assassinado, fez de Taft seu ministro da guerra, cargo em que ele novamente se destacou. Em 1908, o popularíssimo Roosevelt ungiu Taft como seu sucessor, algo que Taft na verdade não queria.
No fim, porém, TR quis seu antigo emprego de volta. A inépcia política de Taft como presidente deu muitos pretextos a Roosevelt para uma pausa, e ele desafiou Taft na indicação do Partido republicano em 1912. Taft venceu, mas TR então saiu do partido e concorreu como candidato independente. Essa divisão permitiu uma vitória fácil dos democratas, e Taft terminou num humilhante terceiro lugar.
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Rosen argumenta de forma persuasiva que a postura de Taft com relação à presidência era diametralmente oposta à de Roosevelt.
-TR achava que podia fazer o que quisesse, contanto que não fosse explícita e absolutamente proibido pela Constituição; Taft não fazia nada, a menos que fosse claramente permitido pelo mesmo documento.
-TR não hesitava em atropelar o Congresso; Taft tinha a profunda crença de que isso prejudicava a separação dos poderes.
Apesar da linha aparentemente sonolenta que Taft seguiu no governo, algumas coisas importantes foram realizadas. De fato, lá, como em outros lugares, Taft foi um executivo eficaz. Henry Stimson, que atuou nas presidências de Taft, Franklin Roosevelt e Harry Truman como ministro da guerra e na de Herbert Hoover como secretário de Estado, achava que Taft era, de longe, o melhor administrador.
-Taft foi caracterizado como alguém que traiu os esforços de conservação de seu antecessor. Na verdade, em quatro anos, Taft destinou mais terras à proteção federal do que Roosevelt em dois mandatos.
-Taft foi muito mais enérgico como eliminador de cartéis, rejeitando a definição peculiar que TR usava, de monopólios “bons” e “ruins”.
-Roosevelt não mexeu num assunto polêmico: as tarifas. Taft mexeu e foi ridicularizado pelos resultados, embora tenha sido o primeiro presidente republicano a conseguir uma redução nas tarifas, baixando o imposto médio de 24% para 21%.
-Com relação ao comércio, Taft promoveu tratados com outros países para reduzir barreiras. Negociou um acordo de livre comércio com o Canadá, que nosso vizinho do norte se recusou a ratificar (isso só se concretizaria em 1987).
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Taft sofreu um revés político ao se recusar a invadir o México – sem expressa aprovação do Congresso – durante a revolução Mexicana, a fim de estar preparado para proteger vidas e propriedades americanas lá (o sucessor de Taft, Woodrow Wilson, fez isso, e os resultados passaram longe de ser bons).
Algumas realizações menores, mas divertidas, incluem o fato de ter sido o primeiro presidente a fazer o lançamento no dia de abertura do beisebol e o de ter iniciado a tradição do descanso na sétima entrada da partida.
Taft finalmente realizou seu sonho relacionado à Suprema Corte quando Warren Harding nomeou-o presidente desse tribunal em 1921, sendo ele o único ex-presidente a exercer esse cargo. Lá, Taft foi extremamente dinâmico. Empreendeu reformas que eram necessárias havia muito tempo no judiciário federal, tornando-o, segundo Rosen, um poder realmente em pé de igualdade com os outros. Também conseguiu para o tribunal supremo o magnífico edifício que ele ocupa hoje. O veredicto de Rosen: Taft foi o mais importante presidente da Suprema Corte desde seu herói, John Marshall.
*Steve Forbes é editor-chefe de FORBES