A Terra, aprendemos na escola, gira em torno do Sol e também de si mesma, em movimentos conhecidos como translação e rotação. O giro é feito em torno de um eixo, que não é estático: desde 1899, ele se moveu cerca de 10,5 metros. O movimento se dá junto com o do planeta, que oscila — ou balança — enquanto gira. Agora, um aprofundado estuda da Nasa, a agência espacial americana, traz as razões para esse balançar. Grosso modo, a oscilação da Terra à medida que ela gira se deve a três fatores principais: derretimento de gelo, rebote glacial e convecção do manto.
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Comecemos pelo começo — ou pelo primeiro fator mencionado, que nos leva a ver que o ser humano é um dos grandes responsáveis pela mudança no eixo do planeta. Quando se pensa na Terra, é comum visualizar uma bola, uma esfera perfeita. Mas a verdade é que o planeta está mais para um esferoide, isto é, algo com formato similar — não idêntico — a uma esfera. Seus polos são um tanto achatados, conferindo uma forma oblata ao mundo. Isso ajuda a explicar a distribuição desigual de peso pela superfície, e consequentemente a oscilação. O peso que o mundo carrega sobre ele, composto por montanhas e trincheiras oceânicas profundas, vem sendo alterado pelo derretimento do gelo a taxas sem precedentes — devido ao aquecimento causado pelo desmatamento e pela liberação de gases de efeito estufa — e pelo aumento do nível do mar, em especial na Groenlândia. Ou seja, pela mudança climática.
A Nasa estima que 7.500 gigatoneladas de gelo da Groenlândia tenham derretido no oceano no século 20. Isso equivale ao peso de 20 milhões de Empire State Buildings. A transferência de peso da Groenlândia para a redistribuição em todo o mundo fez a Terra balançar mais do que se esperaria dela.
À medida que as geleiras recuam, as massas de terra se expandem para aliviar a carga, um conjunto de movimentos que também impacta o giro do planeta. O contrário também já aconteceu: durante a última Idade do Gelo, cerca de 26,5 mil anos atrás, grandes extensões de terra foram cobertas por geleiras pesadas. Com o derretimento, a terra é coberta e pressionada, mesmo deprimida, por geleiras liquefeitas. Mas, aos poucos, o mundo recupera sua forma original, no que é chamado de rebote glacial, outro fator para a mudança no eixo, que antes os cientistas pensavam ser a única causa da mudança. O processo é tão lento que os cientistas acreditam que a Terra ainda está se recuperando da última era glacial. Isto é o que os cientistas pensavam anteriormente responsável por toda a oscilação da Terra.
Por fim, a lenta rotação do manto, camada intermediária do mundo, contribui para o balancê. O manto sofre uma convecção: uma transferência de calor através de um fluido, que ocorre devido ao movimento do próprio fluido. Este é um processo contínuo no interior da Terra, onde a rocha derretida é aquecida, sobe no manto, esfria e se precipita perto do núcleo da Terra. A convecção do manto é o mecanismo de condução das placas tectônicas, terremotos, vulcões, cordilheiras e trincheiras do fundo do mar.
“Nós fornecemos evidências de mais de fator do processo capaz de alterar o eixo da Terra”, disse Surendra Adhikari, cientista do sistema Terra no Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa em Pasadena, Califórnia, e um dos principais pesquisadores do novo estudo.
Como o gelo continua a derreter das massas continentais como a Groenlândia, continuaremos a ver um aumento na oscilação à medida que a Terra gira. Felizmente, a oscilação não é grande o suficiente para afetar os ecossistemas ou a nossa vida diária. O que surpreende é o quanto os humanos estão mudando a natureza. Monitorar a oscilação da Terra daqui em diante deve servir de barômetro da atuação humana no mundo.